
Qual é a origem do mundo, segundo a mitologia grega?
Uma ilustração mostra a estátua de Zeus entronizada por Fídias em seu templo, em Olímpia, feita pelo arqueólogo, teórico da arquitetura, filósofo, crítico de arte e político francês Antoine-Chrysostome Quatremère de Quincy (1755 - 1849). A arte integra a capa de um livro pioneiro, publicado em Paris em 1814, sobre a escultura crislefantina (ou seja, uma obra de arte feita com ouro e marfim) da Grécia antiga e que já foi considerada uma das Sete Maravilhas do Mundo antes de ser destruída.
As civilizações humanas vêm tentando explicar a origem do mundo desde seus primórdios. Nesse sentido, uma das cosmogonias mais complexas e cuja influência no Ocidente alcança até os dias de hoje é a mitologia grega, algo que é definido como “um conjunto de histórias sobre os deuses, heróis e rituais dos gregos antigos e da antiguidade clássica", como explica a Encyclopedia Britannica (plataforma de conhecimentos gerais do Reino Unido).
“Os mitos gregos também estavam intrinsecamente ligados à religião e explicavam a origem e a vida dos deuses, de onde a humanidade tinha vindo e para onde iria após a morte”, completa a World History Encyclopedia – site referência que busca difundir o aprendizado de história.
Mas dentre tantas criaturas imaginadas e contos envolvendo acontecimentos épicos, como a mitologia grega explicava o surgimento do universo e do mundo no qual os antigos o viam? A seguir, leia o que National Geographic reuniu sobre o tema.
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A representação da pintura histórica "A mutilação de Urano por Saturno", do pintor e arquiteto italiano Giorgio Vasari. O desenho retrata a histórica mitológica na qual Cronus (Saturno) castra seu pai Urano, o deus grego do céu (antes de Zeus).
“No princípio, tudo era caos”: o surgimento do mundo na mitologia grega
Segundo um artigo dedicado ao tema e publicado no site da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), resumidamente pode-se dizer que a cosmogonia grega começa com o Caos, considerado “o início de tudo” ou um lugar onde “não havia nada”, explica.
“Quando o Caos tomou consciência de sua existência, ele vibrou de forma diferente no vazio, e dele surgiu Nix, a Noite”. O artigo da UFMG continua contando que, ao mesmo tempo em que a Noite apareceu, também nasceu Érebo, seu irmão.
“Nix consistia nas trevas superiores e Érebo era as trevas inferiores. De Nix e, por consequência, do Caos, surgiram muitas coisas. Uma delas foi o Amor, e a sua forma foi Eros. Também nasceram Gaia – a Terra – e Urano, a abóbada celeste”, indica a fonte.
“Os mitos de origem representam uma tentativa de tornar o mundo compreensível em termos humanos”, complementa a Britannica. A fonte indica que os mitos de criação gregos (cosmogonias) e suas visões do universo (cosmologias) eram mais “sistemáticos e específicos do que os de outros povos antigos”.
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A pintura “Chronos e seu filho”, do pintor italiano Giovanni Francesco Romanelli, em exibição no Museu Nacional de Varsóvia, na Polônia. O quadro é uma representação do século 17 para o Titã Cronus tido como o “Pai do Tempo”, e empunhando uma foice de colheita.
A guerra entre os titãs e o aparecimento de Zeus, um dos deuses primeiros gregos
Ainda seguindo a narrativa mitológica, Gaia e Urano seriam duas divindades que possuíam “corpos astrais”, diz o artigo da UFMG. “Dessa forma, puderam ser um casal, de cuja união nasceram seus herdeiros, os Titãs e as Titânides”. Da união entre Gaia e Urano (ou seja, a Terra e o Céu) nasceram 12 filhos e filhas.
“Os Titãs eram Oceano, Crio, Ceos, Hiperião, Jápeto e Cronos e as Titânides, Téia, Réia, Têmis, Mnemosina, Febe e Tétis”, continua o artigo da universidade mineira. “Cada um deles deu forma a um elemento de nosso planeta, sendo todos muito antigos e poderosos”.
Nas lendas gregas, Cronos tenta ocupar o lugar de seu pai, Urano, para se tornar o “pai do mundo”, algo que mais tarde se repete no confronto de Zeus que faz o mesmo com Cronos.
“Em termos gerais, os gregos criaram mitos para explicar praticamente todos os elementos da condição humana”, indica a World History Encyclopedia. “A criação do mundo é contada por meio de duas histórias em que um filho usurpa o lugar de seu pai”, afirma a fonte, em uma alusão “à eterna luta que existe entre diferentes gerações e membros da família”, algo bastante conhecido da realidade humana.
