Quanto se desmatou da Floresta Amazônica até agora?

Brasil, Peru e Colômbia foram onde mais se perdeu vegetação original entre os nove países que formam parte da maior mata tropical do planeta. O levantamento traz dados até o ano de 2021.

Agricultores desmataram uma parcela da Floresta Amazônica para cultivar milho no Mato Grosso.

Foto de George Steinmetz
Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 24 de fev. de 2023, 13:39 BRT

Antes da chegada de colonizadores europeus nas Américas, estima-se que a Floresta Amazônica ocupava 647 milhões de hectares do norte da América do Sul. Mas, durante os séculos, a ocupação e as demais atividades humanas causaram a perda de grande parte da maior floresta tropical do mundo

A estimativa foi feita pela pelo Projeto de Monitoramento da Amazônia Andina (Maap, na sigla em inglês), desenvolvido pela associação internacional Amazon Conservation Association (ACA), e divulgado no relatório Ponto de Inflexão na Amazônia – Onde estamos?, de setembro de 2022. 

Também segundo o projeto – que usou dados sobre uso e cobertura da terra até 2021 – a floresta perdeu 85 milhões de hectares (850 bilhões de km²) desde as primeiras ocupações europeias na América do Sul. De acordo com o relatório, isso equivaleria ao desaparecimento de 13% da cobertura vegetal original.  

Entre os nove países que abrigam o bioma amazônico, o Brasil foi o que mais registrou perda de floresta, com 69,5 milhões de hectares desmatados até 2021, o equivalente a cerca de 30% do total perdido. 

Em seguida aparecem o Peru, com a perda de 4,7 milhões de hectares, Colômbia (4 milhões de hectares), Bolívia (3,8 milhões de hectares) e Venezuela (1,4 milhões de hectares). Os quatro países restantes – Equador, Guiana, Suriname e Guiana Francesa – são responsáveis por 1,9 milhão de hectares.

desmatamento é a principal causa da perda de vegetação, de acordo com o Maap. Desmatar a floresta pode ter como finalidade uma variedade de atividades humanas, como o uso da terra para agropecuária, a mineração, a exploração de madeira, a construção de cidades e rodovias, entre outros. 

Amazônia: cada vez mais próxima do ponto de inflexão

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    Ao longo da Rodovia Transamazônica, a floresta tropical é desmatada para a criação de gado.

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    Foto de Richard Barnes

    Esse cenário, em que mais de 10% da floresta original foi devastada, coloca o bioma amazônico mais próximo do seu ponto de inflexão, de acordo com o projeto Maap. 

    Chegar a esse ponto significa, segundo o relatório, que partes da floresta se transformam em ecossistemas mais secos pela mudança dos padrões de chuva. 

    A literatura científica revisada pelo projeto Maap indica que o ponto de inflexão pode ser desencadeado por uma perda de 25% da floresta e potencializado pelos efeitos das mudanças climáticas. 

    A Amazônia gera sua própria precipitação, reciclando a água dos rios e do Oceano Atlântico em forma de chuva por meio da respiração das plantas e animais. Portanto, diz o relatório, o elevado desmatamento contribui para estações secas mais intensas, afetando todo o ciclo da água na região. 

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