Cidades-esponja na China e no resto do mundo: saiba onde essas metrópoles inteligentes já existem
As cidades-esponja já se espalham pelo mundo e elementos que fazem essa união dos centros urbanos com construções arquitetônicas mais amigáveis ao meio ambiente pode ser encontrada em China, Estados Unidos, Tailândia, Alemanha e Dinamarca, só para citar alguns países.
Em um mundo que passa por constante transformação em decorrência das mudanças climáticas, as Cidades-esponja podem ser a saída para enfrentar climas extremos, com chuvas intensas e secas duradouras.
“Cidade-esponja é um conceito de cidade sensível à água, remetendo à situação na qual a mesma possui a capacidade de deter, limpar e infiltrar águas usando soluções baseadas na natureza” como explica um artigo sobre o tema publicado pelo Observatório de Inovação para Cidades Sustentáveis (da sigla OICS, uma plataforma virtual de mapeamento e divulgação de conteúdos e soluções urbanas inovadoras em sustentabilidade apoiada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, o PNUMA).
Mas um futuro repleto de cidades-esponja não está tão distante quanto se possa imaginar. Isso porque diversas metrópoles do mundo já estão aplicando esses conceitos e se tornando referência no assunto. A seguir, descubra quais centros urbanos estão se tornando mais inteligentes e preparados para um planeta de extremos.
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Vista do Qunli Stormwater Wetland Park (ou Parque Manancial de Águas Pluviais), na cidade de Harbin, capital da província de Heilongjiang, na China. O lugar preserva o pântano, ambiente natural que existia na região, e que já era um espaço alagado acumulador de águas vindas das chuvas (em excesso ou não).
As Cidades-esponja da China
A China se tornou um dos países que mais investe em cidades-esponja desde 2012, quando uma grave enchente matou cerca de 80 pessoas em Pequim. Atualmente, a capital chinesa possui uma área de 150 hectares criada para absorver a água pluvial e evitar que tragédias como aquelas se repitam.
Outras cidades no país também passaram por intervenções urbanísticas desde então, entre elas Xangai, Zhoushan, Suzhou Xi’an, como informa um estudo da revista científica Elsevier. Já Jinhua (a cerca de 350 km de Xangai) apresenta algumas das mais belas construções seguindo esses conceitos, e é uma das vitrines chinesas com seus enormes parques com passarelas suspensas e solo alagável.
O conceito urbanístico relacionado ao meio ambiente também está ligado à China por causa do trabalho do arquiteto, urbanista e paisagista chinês Kongjian Yu, creditado mundialmente a maior referência e “criador” das “cidades-esponja” e vencedor do prêmio Sir Geoffrey Jellicoe, da Federação Internacional de Arquitetos Paisagistas, em 2020. Em entrevista para o Fórum Econômico Mundial, Yu disse que “as enchentes não são inimigas e podemos ser amigos das inundações e das águas usando sabedoria ancestral”.
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Vista do The Mangrove Eco-Park, na cidade de Sania, na China. Enormes áreas verdes nas cidades ajudam na captura do excesso de água das chuvas.
Mais Cidades-esponja pelo mundo
Fora das fronteiras chinesas, pode-se encontrar cidades-esponja também nos Estados Unidos, outro país que colocou áreas urbanas populosas para receber intervenções nesse estilo. Uma delas é Nova York, que ganhou um parque alagável de frente para o mar. O Hunters Point South Park, em Long Island, surgiu em uma área onde antes havia indústrias e estava abandonada.
Já cruzando o país, o estado da Califórnia, que constantemente sofre com incêndios e secas, começou a construir espaços verdes para receber a água das chuvas, como conta um artigo do jornal francês “Le monde diplomatique Brasil”.
Mundo afora, capitais como Berlim, na Alemanha, e Copenhague, na Dinamarca, também adotaram intervenções que seguem os preceitos da drenagem passiva de água, bem como Bangcoc, na Tailândia (que tem o parque Chulalongkorn destinado a isso). A Austrália, por sua vez, tem um dos melhores programas de gerenciamento de águas do mundo, como detalha o artigo da Elsevier publicado no site da revista Science. Lá, os projetos têm o nome de “cidades sensíveis à água”.
Vale ressaltar que as cidades-esponja não ajudam somente no caso de enchentes. Elas também funcionam combatendo as ondas de calor, graças às suas áreas verdes. No Brasil, nenhuma cidade adotou ainda os pilares que fazem uma cidade ser “esponja”. Metrópoles como a capital São Paulo ou Belo Horizonte, em Minas Gerais, por exemplo, têm bolsões para conter o excesso de água das chuvas (os piscinões) ou áreas permeáveis, mas nenhuma delas segue os critérios completos que unem o urbano ao meio ambiente de forma sustentável.