O que é enchente e qual a diferença para uma inundação?
Volumes gigantescos de água podem tomar cidades e campos, gerando verdadeiros desastres naturais, como ocorrido no Rio Grande do Sul. As causas são diversas e não incluem apenas questões meteorológicas.

Mais de 300 cidades do Rio Grande do Sul foram afetadas por chuvas intensas e sofrem com enchentes e inundações. Esse tipo de evento extremo deve ser cada vez mais recorrente no mundo por causa da mudança climática.
As mudanças climáticas vêm aumentando a incidência de eventos extremos como secas e inundações, como alertam especialistas do mundo todo, em especial do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (o IPCC) – entidade científico-política criada em 1988 pela ONU pela iniciativa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. No Brasil, o exemplo mais recente desse tipo de evento extremo foi a inundação resultante dos temporais que atingiram o estado do Rio Grande do Sul a partir de 26 de abril e durante a primeira semana de maio.
As tempestades e chuvas excessivas na região sul do Brasil (com precipitações acima de 100 milímetros) foram resultado da combinação de “baixas pressões, calor e a alta umidade, juntamente com os efeitos do fenômeno El Niño”, detalha o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), órgão do governo federal de previsão do clima.
A cheia do lago Guaíba atingiu Porto Alegre, a capital do estado, mas centenas de outras cidades foram afetadas pelas chuvas – entre elas Canoas, Lajeado, Esteio – que estão praticamente submersas. Segundo informações da Agência Brasil (órgão oficial de comunicação do governo federal brasileiro) e da Defesa Civil do Rio Grande dos Sul, mais de 300 cidades foram afetadas pelas inundações e 100 pessoas morreram. Outras 1 milhão de pessoas foram afetadas até o momento no estado e mais de 3 mil animais foram resgatados por voluntários.
Mas por que as enchentes e inundações podem alcançar níveis tão destrutivos? A resposta envolve a crise climática e o desmatamento, entre outros fatores.
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Uma das imagens do aeroporto Salgado Filho, o principal de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, que ficou inundado pelas chuvas e deve permanecer fechado durante todo o mês de maio de 2024.
O que é uma enchente e qual a diferença para uma inundação?
Como explica um artigo sobre controle de enchentes do IPEA (Centro de Pesquisa em Ciência, Tecnologia e Sociedade), as enchentes são “acúmulo de água em zonas não desejadas”, especialmente dentro de uma cidade. “Precipitações de magnitude elevada contribuem para a ocorrência de enchentes”, continua.
O documento do IPEA ressalta ainda que os fenômenos mais associados às enchentes são:
- Os alagamentos, que ocorrem quando “a água pluvial fica temporalmente acumulada em terrenos com baixa declividade e não consegue fluir por causa da planície do solo ou de deficiência da rede de drenagem, e tampouco infiltra devido à saturação ou impermeabilização do terreno”;
- As inundações, que ocorrem quando há o “extravasamento das águas do leito principal do rio para a planície ribeirinha, o que ocorre devido às cheias”;
- As enxurradas, resultado do “escoamento pluvial em regiões com grande declividade”. Elas têm “alto poder destrutivo” pela “capacidade de arrastre comum em encostas e morros”, diz a fonte.
“As enchentes possuem impactos ambientais, mas também socioeconômicos e perdas humanas”, finaliza a fonte. Como resultado, além da destruição material de infraestrutura e de vidas, as enchentes e inundações potencializam o surgimento de doenças como a leptospirose, e a proliferação de vetores como baratas e ratos, por exemplo.
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As tempestades e chuvas excessivas na região sul do Brasil tiveram precipitações acima de 100 milímetros e foram resultado da combinação de “baixas pressões, calor e a alta umidade, juntamente com os efeitos do fenômeno El Niño”, detalha o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).
Quais são as causas das enchentes?
Várias podem ser as causas para as enchentes em áreas urbanas, como detalha um artigo sobre o tema da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Entre eles, “o tipo de piso, o lixo nos bueiros, erros de projeto (drenagem insuficiente) e a ocupação irregular do solo”.
Além disso, a fonte cita a impermeabilização do solo como uma das razões para as enxurradas e inundações. “O trajeto da água da chuva, depois que atinge o solo, segue três direções”, explica do artigo. “Ela pode ir para cima (com a evaporação), para o lado (escorrimento superficial) ou para baixo (infiltração). Entretanto, só haverá infiltração se o piso for permeável ou semipermeável, o que não acontece com o concreto, o asfalto, a piçarra e os paralelepípedos das ruas brasileiras”, como detalha a fonte.
Além do problema de impermeabilidade e de volume de vazão da água, a ocupação irregular do solo é mais um “agravante”: “Nas cidades e seus arredores existem áreas que não deveriam ser ocupadas, como margens de rios, áreas de dunas e com matas nativas, encostas, mangues entre outras”, reforça o documento sobre enchentes.
