O que é enchente e qual a diferença para uma inundação?

Volumes gigantescos de água podem tomar cidades e campos, gerando verdadeiros desastres naturais, como ocorrido no Rio Grande do Sul. As causas são diversas e não incluem apenas questões meteorológicas.

Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 7 de mai. de 2024, 13:59 BRT, Atualizado 8 de mai. de 2024, 14:59 BRT
Mais de 300 cidades do Rio Grande do Sul foram afetadas por chuvas intensas e sofrem ...

Mais de 300 cidades do Rio Grande do Sul foram afetadas por chuvas intensas e sofrem com enchentes e inundações. Esse tipo de evento extremo deve ser cada vez mais recorrente no mundo por causa da mudança climática. 

Foto de Divulgação Agência Brasil

As mudanças climáticas vêm aumentando a incidência de eventos extremos como secas e inundações, como alertam especialistas do mundo todo, em especial do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (o IPCC) – entidade científico-política criada em 1988 pela ONU pela iniciativa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. No Brasil, o exemplo mais recente desse tipo de evento extremo foi a inundação resultante dos temporais que atingiram estado do Rio Grande do Sul a partir de 26 de abril e durante a primeira semana de maio. 

As tempestades e chuvas excessivas na região sul do Brasil (com precipitações acima de 100 milímetros) foram resultado da combinação de “baixas pressõescalor e a alta umidade, juntamente com os efeitos do fenômeno El Niño”, detalha o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), órgão do governo federal de previsão do clima. 
 

cheia do lago Guaíba atingiu Porto Alegre, a capital do estado, mas centenas de outras cidades foram afetadas pelas chuvas – entre elas CanoasLajeadoEsteio – que estão praticamente submersas. Segundo informações da Agência Brasil (órgão oficial de comunicação do governo federal brasileiro) e da Defesa Civil do Rio Grande dos Sul, mais de 300 cidades foram afetadas pelas inundações e 100 pessoas morreram. Outras 1 milhão de pessoas foram afetadas até o momento no estado e mais de 3 mil animais foram resgatados por voluntários. 
 

Mas por que as enchentes e inundações podem alcançar níveis tão destrutivos? A resposta envolve a crise climática e o desmatamento, entre outros fatores.
 

Uma das imagens do aeroporto Salgado Filho, o principal de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, que ficou inundado pelas chuvas e deve permanecer fechado durante todo o mês de maio de 2024. 

Foto de Divulgação FRAPORT (Aeroporto Salgado Filho)

O que é uma enchente e qual a diferença para uma inundação? 


Como explica um artigo sobre controle de enchentes do IPEA (Centro de Pesquisa em Ciência, Tecnologia e Sociedade), as enchentes são acúmulo de água em zonas não desejadas”, especialmente dentro de uma cidade. “Precipitações de magnitude elevada contribuem para a ocorrência de enchentes”, continua. 

O documento do IPEA ressalta ainda que os fenômenos mais associados às enchentes são:

  • Os alagamentos, que ocorrem quando “a água pluvial fica temporalmente acumulada em terrenos com baixa declividade e não consegue fluir por causa da planície do solo ou de deficiência da rede de drenagem, e tampouco infiltra devido à saturação ou impermeabilização do terreno”;
     
  • As inundações, que ocorrem quando há o “extravasamento das águas do leito principal do rio para a planície ribeirinha, o que ocorre devido às cheias”;
     
  • As enxurradas, resultado do “escoamento pluvial em regiões com grande declividade”. Elas têm “alto poder destrutivo” pela “capacidade de arrastre comum em encostas e morros”, diz a fonte.

“As enchentes possuem impactos ambientais, mas também socioeconômicos e perdas humanas”, finaliza a fonte. Como resultado, além da destruição material de infraestrutura e de vidas, as enchentes e inundações potencializam o surgimento de doenças como a leptospirose, e a proliferação de vetores como baratas e ratos, por exemplo.

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    As tempestades e chuvas excessivas na região sul do Brasil tiveram precipitações acima de 100 milímetros e foram resultado da combinação de “baixas pressões, calor e a alta umidade, juntamente com os efeitos do fenômeno El Niño”, detalha o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).

    Foto de Reprodução INMET

    Quais são as causas das enchentes?


    Várias podem ser as causas para as enchentes em áreas urbanas, como detalha um artigo sobre o tema da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Entre eles, “o tipo de pisolixo nos bueiros, erros de projeto (drenagem insuficiente) e a ocupação irregular do solo”.
     

    Além disso, a fonte cita a impermeabilização do solo como uma das razões para as enxurradas e inundações. “O trajeto da água da chuva, depois que atinge o solo, segue três direções”, explica do artigo. “Ela pode ir para cima (com a evaporação), para o lado (escorrimento superficial) ou para baixo (infiltração). Entretanto, só haverá infiltração se o piso for permeável ou semipermeávelo que não acontece com o concreto, o asfalto, a piçarra e os paralelepípedos das ruas brasileiras”, como detalha a fonte. 
     

    Além do problema de impermeabilidade e de volume de vazão da águaa ocupação irregular do solo é mais um “agravante”: “Nas cidades e seus arredores existem áreas que não deveriam ser ocupadas, como margens de rios, áreas de dunas e com matas nativas, encostas, mangues entre outras”, reforça o documento sobre enchentes.

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