O ano de 2024 foi o mais quente da história e o primeiro a exceder 1,5°C de aquecimento acima do nível pré-industrial

Temperaturas recordes e condições propícias ao aumento do estresse por calor marcaram 2024. Os dados são de novo relatório da agência Copernicus, que alerta para a situação crítica do planeta.

Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 10 de jan. de 2025, 14:34 BRT
Em 2024, a temperatura média global foi de 15,10 °C. Isso é 0,12 °C acima de ...

Em 2024, a temperatura média global foi de 15,10 °C. Isso é 0,12 °C acima de 2023 e configura um recorde histórico entre as medições já feitas. 

Foto de Elliot Ross

Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S), da União Europeia, já havia previsto, mas a confirmação dos dados veio neste 10 de janeiro: 2024 foi o ano mais quente em escala global já registrado. E também “o primeiro ano em que a temperatura média excedeu o nível pré-industrial em 1,5°C”.

“Embora isso não signifique que o limite estabelecido pelo Acordo de Paris tenha sido ultrapassado, a informação destaca que as temperaturas globais estão além de tudo o que os humanos modernos já experimentaram até hoje”, alerta o relatório.

Especificamente, a temperatura média global foi de 15,10°C, ou 0,72 °C acima da média de 1991-2020. O número também foi 0,12 °C acima do nível de 2023 (o ano mais quente registrado anteriormente), de acordo com dados do ERA5, que é a quinta geração da reanálise atmosférica do clima global do Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo (ECMWF), instituição de pesquisa independente apoiada por países da Europa.

Estamos prestes a ultrapassar o nível de 1,5°C definido no Acordo de Paris, e a média dos últimos dois anos já está acima desse nível”, disse Samantha Burgess, diretora do Serviço de Mudanças Climáticas do Copernicus.

O mapa da agência Copernicus mostra a anomalia da temperatura do ar na superfície, em 2024, ...

O mapa da agência Copernicus mostra a anomalia da temperatura do ar na superfície, em 2024, em relação à média do período de referência 1991-2020.

Foto de C3S / CEPMPM

Qual foi o dia mais quente da história? 

Também derivado dos dados do ERA5, os especialistas confirmaram que 22 de julho foi o dia mais quente que se tem registro.

Os meses de janeiro a junho foram mais quentes do que o mesmo mês de qualquer ano anterior documentado. Ainda de acordo com o relatório C3S, todos os anos da última década (2015-2024) foram um dos dez mais quentes já registrados.

Dados coletados por especialistas mostram que algumas áreas registraram mais dias de “estresse por calor extremo” do que a média. As temperaturas extremas e a alta umidade são dois fatores que têm impacto direto sobre esse desconforto.

Em um documento de 2019, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) define o estresse por calor como “excesso de calor no corpo acima dos níveis que ele pode tolerar sem prejudicar suas capacidades fisiológicas”.

O que aconteceu na Antártida em 2024?

De acordo com a análise de especialistas, Antártida sofreu as consequências das temperaturas mais altas, com a extensão do gelo marinho em torno do “continente mais gelado do mundo” atingindo níveis recordes de baixa em grande parte de 2024.

De junho a outubro, a extensão mensal foi a segunda mais baixa, atrás apenas de 2023, com a mais baixa em novembro, observa um comunicado à imprensa do C3S. Além disso, “durante o período em que registrou seu mínimo anual, em fevereiro, foi a terceira menor extensão mensal desde que os registros de satélite foram mantidos”.

Com relação à extensão do gelo marinho do Ártico, a análise mostra que ela permaneceu relativamente próxima da média de 1991-2020 até julho. No entanto, o gelo ficou bem abaixo da média nos meses seguintes.

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    Foto de Karla Gachet

    Quais são as causas do aumento da temperatura global?

    De acordo com o relatório do C3S, o principal fator das temperaturas extremas da superfície do ar e do mar é mudança climática induzida pelo homem. Outros fatores também contribuíram para as temperaturas incomuns em 2024, como o El Niño/Oscilação do Sul (ENSO), um fenômeno climático natural que envolve flutuações na temperatura do oceano no Oceano Pacífico equatorial central e oriental, além das mudanças na atmosfera sobrejacente.

    Outros fatores ainda citados pelo organismo de pesquisa que afetaram a prevalência de altas temperaturas globais em 2023 e 2024 foram as temperaturas elevadas da superfície do mar. E “um dos fatores responsáveis por essa temperatura elevada foi a evolução do El Niño/Oscilação Sul, que atingiu o pico em dezembro de 2023 influenciou as temperaturas globais na primeira metade de 2024”.

    O aumento da temperatura global está amplamente associado ao aumento da concentração de gases de efeito ...

    O aumento da temperatura global está amplamente associado ao aumento da concentração de gases de efeito estufa (GEEs) na atmosfera, alerta o C3S. Os principais GEEs são o dióxido de carbono (CO2), o metano e o óxido nitroso, reconhece o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Em 2024, o CO2 teve uma taxa de aumento maior do que a observada nos anos anteriores. Na foto, emissões de gases em um complexo industrial em Toronto (Canadá).

    Foto de Kibae Park/UN Photo (CC BY-NC-ND 2.0)

    Mais calor na Terra é igual a mais eventos climáticos extremos

    As temperaturas globais mais altas do ar e do mar e os níveis recordes de vapor de água na atmosfera levam a eventos climáticos extremos, como chuvas torrenciais, grandes tempestades e ciclones tropicais. Todos esses fenômenos foram observados em 2024.

    O ano de 2024 também registrou longos períodos de seca, como na América Latina, onde vários países foram afetados por incêndios florestais. O relatório do Copernicus destaca que, como resultado do fogo, a Bolívia e a Venezuela tiveram os maiores níveis de emissões de carbono já registrados.

    “A humanidade é dona de seu destino, mas nossa resposta ao desafio climático deve ser baseada em evidências. O futuro está em nossas mãos; ações rápidas e decisivas ainda podem mudar a trajetória de nosso clima futuro”, encerrou Carlo Buontempo, diretor do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus.

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