Esta imagem da Nasa que mostra parte do globo terrestre em cores distintas mostra a média ...

Realmente é verdade que a camada de ozônio da Terra está se recuperando?

Se medidas concretas não tivessem sido tomadas nos últimos anos, todos os seres vivos que habitam a Terra estariam expostos à radiação solar de forma bastante perigosa.

Esta imagem da Nasa que mostra parte do globo terrestre em cores distintas mostra a média mensal do ozônio total sobre a região do polo antártico em setembro de 2025. As cores em diferentes tons de azul indicam as zonas com menos ozônio na estratosfera, enquanto as cores amarelo e vermelho se referem aquelas que mantém maior quantidade deste elemento na camada protetora da Terra. 

Foto de NASA Ozone Watch
Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 15 de set. de 2025, 16:57 BRT

Em meados da década de 1970, os cientistas detectaram que a camada de ozônio (uma região de alta concentração de ozônio na estratosfera, a uma altitude de 15 a 35 quilômetros acima da superfície terrestre), estava ameaçada de desaparecer

Já na década de 1980 ficou provado que havia esgotamento severo sobre a Antártida (ou seja, o que popularmente se chamou de “buraco”), como explica a Secretaria do Ozônio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Vale lembrar que a camada de ozônio atua como um escudo invisível” e protege a Terra da radiação ultravioleta (UV) prejudicial do Sol

Pela importância do tema, foi criado o Dia Internacional da Preservação da Camada de Ozônio, comemorado anualmente em 16 de setembro em referência à data na qual foi assinado o Protocolo de Montreal, em 1987. Em 2025, as celebrações em torno da efeméride reconhecem como a adoção do que foi pedido nos tratados mostram ser possível passar “da ciência à ação global” na hora de proteger o meio ambiente.

Em uma mensagem por ocasião ao dia, o Secretário-Geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, foi enfático sobre o sucesso das iniciativas que enfrentaram o problema: “Esta conquista nos lembra que, quando as nações dão ouvidos aos alertas da ciência, o progresso é possível”.

Uma sonda de ozônio lançada na Antártida

Registro do lançamento de uma sonda de ozônio, um instrumento transportado por balão que mede o perfil vertical da camada de ozônio. A foto foi feita na estação Amundsen-Scott, no Polo Sul, na Antártida.

Foto de NOAA Photo Library (CC BY 2.0)

O que causou o buraco na camada de ozônio

Os pesquisadores alertaram que o enfraquecimento da camada de ozônio, que causou um buraco” sobre a Antártida, se devia principalmente ao uso de substâncias químicas artificiais com halogênios, conhecidas como substâncias que destroem a camada de ozônio (da sigla SDO em português) e que estavam presentes em milhares de produtos de uso cotidiano.

“Os halogênios mais importantes eram os clorofluorcarbonetos (conhecidos pela sigla CFC) os quais, na época, eram amplamente utilizados em aparelhos de ar condicionadogeladeiras, aerossóis inaladores para pacientes com asma”, detalha a fonte. Eles também alertaram sobre outras substâncias químicas nocivas, como os hidroclorofluorcarbonetos (HCFC), os halons e o brometo de metilo.

(Você pode se interessar: Quais são os principais poluentes do ar e como contribuir para reduzi-los?)

O Protocolo de Montreal e outros acordos globais para preservar a camada de ozônio

“Diante da crescente evidência de que os CFCs danificavam a camada de ozônio e da compreensão das múltiplas consequências de seu esgotamento descontrolado, cientistas e legisladores instaram as nações a controlar seu uso”, lembra o órgão das Nações Unidas.

Em resposta, os países estabeleceram um quadro político global para enfrentar o problema. Em 1985, foi adotada a Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio, que entrou em vigor em 1988 e pela qual os países concordaram em “investigar e monitorar os efeitos das atividades humanas sobre a camada de ozônio e adotar medidas concretas de controle”.

Posteriormente, as nações adotaram o Protocolo de Montreal relativo às Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio. Assinado em 1987, este tratado entrou em vigor dois anos depois, em 1989, e cumpriu seus objetivos: estabelecer um conjunto de “medidas práticas e viáveis para a eliminação gradual das substâncias destrutivas para a camada de ozônio”.

em 2016 foi assinada a Emenda de Kigali – mais uma emenda relacionada ao tema – que estabeleceu um calendário para a diminuição gradual do uso dos gases nocivos à camada de ozônio, bem como incluiu medidas de controle para reduzir os hidrofluorcarbonetos (HFC), substitutos dos químicos que também se mostraram potentes gases de Efeito Estufa.

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    Líderes da ONU em um fórum sobre cuidados com a camada de ozônio

    Esta fotografia tirada em 1987 e mostra Noel J. Brown (terceiro da esquerda), diretor do Escritório de Ligação de Nova York do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), falando em um fórum chamado "Questões ambientais críticas: o esgotamento da camada de ozônio" e organizado pelo Pnuma. Na imagem também aparecem, da esquerda para a direita, Michael Oppenheimer, cientista sênior do Fundo de Defesa Ambiental; Stephen R. Seidel, analista sênior da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos; e Russell M. Sasnet, executivo sênior da General Electric Co.

    Foto de UN Photo/Yutaka Nagata

    Quais ações foram tomadas para a proteção da camada de ozônio? 

    Em virtude do Protocolo de Montrealos CFCs foram completamente eliminados, indica a Secretaria do Ozônio. Inicialmente, foram substituídos por HCFC e, posteriormente, por HFC. Após a emenda de Kigali, está sendo promovida uma maior transição para HFC de baixo impacto ambiental.

    Conforme indica a fonte, os CFCs eram encontrados em sistemas de refrigeração e ar condicionado, e também eram usados para insuflar espumas isolantes em edifícios e em inaladores utilizados para asma e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).

    Por outro lado, “a produção de halons foi gradualmente eliminada desde 2010. No entanto, um desafio pendente é que os halons produzidos antes desse ano ainda são usados para proteção contra incêndios na aviação civil”.

    Enquanto isso, o brometo de metilo (que até 2024 era comumente usado na agricultura para controlar pragas e doenças) foi substituído por novos métodos de controle.

    Em suma, 99% das SDOs controladas pelo Protocolo de Montreal foram gradualmente eliminadas. Embora os danos causados ainda não tenham sido completamente reparados, há evidências científicas que demonstram que a camada de ozônio está se recuperando e os pesquisadores monitoram periodicamente o progresso. Estima-se que a recuperação possa ocorrer em meados deste século

    Homens pulverizam herbicidas em um campo

    Homens pulverizam herbicidas para eliminar espécies invasoras de plantas em projetos de reflorestamento da Mata Atlântica em Itatinga, no interior de São Paulo. Antes do Protocolo de Montreal, era comum usar brometo de metilo (uma substância potente que destrói a camada de ozônio) para controlar pragas e doenças durante a produção agrícola.

    Foto de VICTOR MORIYAMA

    O que teria acontecido se não tivessem sido tomadas medidas para proteger a camada de ozônio?

    Se não fosse controlada, a destruição da camada de ozônio teria gerado diversas consequências perigosas. Estima-se que, como efeito da superexposição à radiação UV-B vinda do Sol, o risco de câncer de pele teria aumentado substancialmente em todo o mundo, assim como a ocorrência de doenças oculares como a catarata, por exemplo.

    Além disso, um esgarçamento da proteção causada por esta camada da estratosfera terrestre teria prejudicado o equilíbrio dos ecossistemas e danificado plantas, animais e micróbios. 

    produção de alimentos também já teria sido afetada; bem como a troca de dióxido de carbono entre a atmosfera e a biosfera; e haveria maior dano a materiais (naturais ou sintéticos) presentes no planeta, completa a Secretaria do Ozônio do PNUMA.

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