Por que a camada de ozônio está sendo destruída?
A atividade humana danificou esta capa protetora na estratosfera, e embora a saúde da camada de ozônio tenha melhorado, ainda há muito a ser feito.
O ano de 2020 viu uma destruição recorde da camada de ozônio no Ártico devido às mudanças nos padrões climáticos e na circulação atmosférica. Esta imagem foi capturada pelo instrumento Tropomi a bordo do satélite Sentinel 5P.
Uma primeira versão deste artigo foi publicada em 5 de setembro de 2010 e foi atualizada em 30 de maio de 2022 a partir de uma versão em inglês publicada na nationalgeographic.com.
Durante os últimos 30 anos, os seres humanos fizeram progressos para diminuir os danos à camada de ozônio, restringindo o uso de certos produtos químicos. Mas ainda há muito a ser feito para proteger e restaurar o escudo atmosférico na estratosfera, 15 a 30 quilômetros acima da superfície da Terra.
O ozônio atmosférico absorve a radiação ultravioleta (UV) do Sol, especialmente os raios UVB nocivos. A exposição à radiação UVB está ligada a um risco maior de câncer de pele e cataratas, assim como danos às plantas e ecossistemas marinhos. O ozônio atmosférico é, às vezes, referido como "bom" ozônio, devido a sua função protetora, e não deve ser confundido com o "mau" ozônio troposférico, ou o ozônio terrestre, um componente chave da poluição do ar que está ligado a doenças respiratórias.
O ozônio (O3) é um gás altamente reativo cujas moléculas consistem em três átomos de oxigênio. Sua concentração na atmosfera flutua naturalmente com a estação e a latitude, mas era geralmente estável quando as medições globais começaram, em 1957. As pesquisas pioneiras dos anos 1970 e 1980 revelaram sinais de problemas.
Preocupação internacional com a destruição da camada de ozônio
A Organização das Nações Unidas (ONU) escolheu o dia 16 de setembro como data para a luta pela proteção da camada de ozônio, em homenagem à assinatura deste pacto global de sucesso, que se tornou um dos mais importantes acordos ambientais internacionais.
"Graças ao Protocolo de Montreal, a camada de ozônio está se recuperando e espera-se que volte aos níveis pré-1980 até meados do século", diz a ONU. "Em apoio ao Protocolo, a Emenda Kigali, que entrou em vigor em 2019, trabalhará para reduzir os hidrofluorocarbonos (HFC), gases de efeito estufa com alto potencial de aquecimento global e nocivos ao meio ambiente".
A ameaça do ozônio e o buraco na camada
Em 1974, Mario Molina e Sherwood Rowland, dois químicos da Universidade da Califórnia, em Irvine (EUA), publicaram um artigo na Nature detalhando as ameaças à camada de ozônio pelos gases clorofluorocarbonos (CFCs). Na época, os CFCs eram comumente utilizados em aerossóis e em muitos refrigeradores. Ao alcançar a estratosfera, os raios UV do Sol decompõem os CFCs em substâncias, incluindo o cloro.
A pesquisa pioneira, pela qual receberam o Prêmio Nobel de Química em 1995, concluiu que a atmosfera tinha uma "capacidade finita de absorver átomos de cloro" na estratosfera.
Um átomo de cloro pode destruir mais de 100 000 moléculas de ozônio, de acordo com a Agência de Proteção Ambiental dos EUA, erradicando o ozônio muito mais rapidamente do que ele pode ser substituído.
O trabalho de Molina e Rowland recebeu uma confirmação surpreendente em 1985, quando uma equipe de cientistas britânicos descobriu um buraco na camada de ozônio sobre a Antártica que mais tarde foi ligado aos CFCs. O "buraco" é na verdade uma área na estratosfera com concentrações extremamente baixas de ozônio, que se repetem a cada ano no início da primavera do Hemisfério Sul (agosto a outubro). A primavera traz a luz solar, que libera cloro para as nuvens estratosféricas.
O aerossol pode, às vezes, conter substâncias destruidoras da camada de ozônio, os chamados clorofluorocarbonos, ou CFCs.
O estado atual da camada de ozônio
O reconhecimento dos efeitos nocivos dos CFCs e outras substâncias que empobrecem a camada de ozônio levou à assinatura do Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Esgotam a Camada de Ozônio, em 1987, um acordo histórico para a eliminação progressiva dessas substâncias que foi ratificado por todos os 197 países membros da ONU. Sem o pacto, os Estados Unidos teriam visto mais de 280 milhões de casos de câncer de pele, 1,5 milhão de mortes por câncer de pele e 45 milhões de diagnósticos de cataratas. O mundo estaria pelo menos 25% mais quente.
Mais de 30 anos após o Protocolo de Montreal, os cientistas da Nasa documentaram a primeira evidência direta de que o ozônio antártico está se recuperando graças à eliminação progressiva dos CFCs: em 2019, os danos à camada de ozônio na região havia diminuído 20%, desde 2005. E no final de 2018, as Nações Unidas confirmaram em uma avaliação científica que a camada de ozônio está se recuperando, e previram que estaria totalmente sobreposta no Hemisfério Norte (não polar) até os anos 2030, seguida pelo Hemisfério Sul nos anos 2050 e as regiões polares até 2060.
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O monitoramento do ozônio continua, e foi descoberto que a recuperação pode não estar prosseguindo tão bem quanto se esperava. Um estudo realizado no início de 2018 constatou que o ozônio na estratosfera inferior diminuiu inesperada e inexplicavelmente desde 1998, enquanto outro apontou possíveis violações contínuas do pacto de Montreal.
O mundo ainda não chegou a um acordo sobre os gases refrigerantes nocivos. Alguns hidroclorofluorocarbonos (HCFC) menos nocivos, mas ainda substitutos transitórios que esgotam a camada de ozônio, ainda estão em uso.
Os países em desenvolvimento precisam de financiamento do Fundo Multilateral do Protocolo de Montreal para eliminar gradualmente o mais amplamente utilizado destes, o refrigerante R-22. A próxima geração de gases refrigerantes, os hidrofluorcarbonos (HFC), não esgotam o ozônio, mas são gases potentes de efeito estufa que retêm o calor, contribuindo para a mudança climática.
Embora os HFCs representem uma pequena fração das emissões em comparação com o dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa, seu efeito de aquecimento global provocou um acréscimo ao Protocolo de Montreal, a Emenda Kigali, em 2016. A emenda, que entrou em vigor em janeiro de 2019, visa reduzir o uso dos HFCs em mais de 80% durante as próximas três décadas. Enquanto isso, empresas e cientistas estão trabalhando em alternativas favoráveis ao clima, tais como novos gases refrigerantes e tecnologias que reduzam ou eliminem a dependência dos produtos químicos.