
Um banco para guardar milho: por que um dos cereais mais populares do mundo está protegido?
Espigas e sementes de milho da variedade crioula mexicana chamada de “cónico norteño” em espanhol. Este tipo de apresenta uma grande variabilidade, com colorações brancas, amarelas, vermelhas e variegadas. As espigas são dentadas e de forma cônica, daí seu nome.
Popularizado em praticamente no mundo todo, o milho é um dos cereais mais importantes para o consumo humano e animal, como já indica a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Ele também é considerado bastante nutritivo e energético, já que é rico em carboidratos, como completa um artigo da Agência Brasil (plataforma de notícias oficiais do governo brasileiro) sobre o tema.
Originário da região andina da América Central, o milho – cujo nome científico é Zea mays – já era usado há milênios pelas populações antigas. O surgimento do cereal remonta a cerca de 10 mil anos, sendo o exemplar de milho mais antigo descoberto até agora possui 9 mil anos e foi encontrado em Guerrero, no México, como informa um estudo do Centro Internacional de Melhoramento de Milho e Trigo (da sigla em espanhol CIMMYT), uma organização de pesquisa sem fins lucrativos baseada no México e que se dedica e estudar a planta).
Como conta o artigo da fonte brasileira, “os povos maias, astecas, incas e olmecas tinham esse cereal como a principal fonte de alimento”. Já se sabe também que o milho foi usado em rituais sagrados.
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O agricultor Carlos Aparecido Ferrari mostra exemplares de espigas de milho do tipo asteca que possuem uma palha roxa de proteção na 4ª Feira Nacional da Reforma Agrária em São Paulo.
Com o tempo, continua a fonte, o milho foi se transformando e, nos últimos 500 anos, evoluiu principalmente por meio do cruzamento entre grupos com características comuns. Existem também métodos “em que agricultores e cientistas identificam variáveis desejadas (por sua resistência a pragas ou tolerância à seca, por exemplo) e fazem cruzamentos para escolher as melhores plantas com essas características”.
Apesar de não ter surgido no Brasil, o milho também está entre os cereais mais importantes do país. E isso se dá não só por sua presença no dia a dia alimentar de famílias de muitos estados brasileiros, como também por ser a estrela de pratos típicos das festas juninas (como canjica, pamonha ou fubá, por exemplo), e ser uma das matérias-primas importantes da balança comercial brasileira e o terceiro maior produtor mundial (atrás apenas de Estados Unidos e China), como informa a Agência Brasil.
A relevância deste cereal é tanta que o cereal possui até uma efemérides em solo brasileiro – o Dia Nacional do Milho, celebrado em 24 de maio, como detalha a mesma fonte.
Mas aquele milho amarelinho, que todos conhecem, está longe de ser o único tipo que existe. National Geographic oferece mais informações sobre o assunto e responde quantas variedades de milho existem atualmente.
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Um homem colhe milho em uma fazenda da região de Chiapas, no México.
Quantas variedades de milho existem no mundo?
O continente americano é o lugar onde existe a maior quantidade de tipos de milho: são cerca de 300 variedades, como indica o centro de pesquisas mexicano. Somente na América Latina foram descritos 220 tipos, completa o site Biodiversidade Mexicana, dependente da Comissão Nacional para o Conhecimento e Uso da Biodiversidade (Conabio), também do México.
Já em nível mundial, o Banco de Germoplasma do CIMMYT (onde se encontra a maior coleção de milho do mundo) protege o material genético de 413 variedades de milho identificadas até o momento. No entanto, esclarece a fonte, muitas delas já não são plantadas no campo e “estima-se que mais de 50% dessas variedades tenham sido perdidas em seus territórios”.
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Além disso, acrescenta o organismo, a diversidade do milho poderia ser maior do que o estimado pois, por ser uma planta em constante evolução, novos tipos poderiam ser geradas no futuro e muitas outras podem ter sido perdidas.
Vale lembrar, no entanto, que nem todo milho produzido no mundo se torna alimento e pode virar “pipoca”. Segundo dados da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), há outros usos que mostram a versatilidade deste produto “in natura”, como para fazer o bioetanol de amido, que é um combustível, e para a suplementação de pastagens.
Informações do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (da sigla em inglês USDA), 75% da produção mundial de milho durante o ciclo comercial 2024/2025 concentrou-se nos cinco principais produtores: Estados Unidos (31%), China (24%), Brasil (11%), União Europeia (5%) e Argentina (4%).
