"Sinto-me na obrigação de defender e cuidar do Pantanal", diz Luan Santana
Em entrevista exclusiva, o cantor sul-mato-grossense declara seu amor pelo bioma. Ele planeja arrecadar R$ 8 milhões para a região com a live #OPantanalChama, que será exibida pelo National Geographic em 22 de novembro.
Astro engajado: com 70 milhões de seguidores em suas redes sociais, Luan Santana que trazer ao público as graves questões socioambientais que o Pantanal vive.
Após lançar o clipe da canção Um grito entre as cinzas, o cantor sul-mato-grossense Luan Santana dá um passo adiante na missão de trazer visibilidade para a dramática situação do Pantanal, onde o artista nasceu e cresceu, e que sofre com uma das piores temporadas de queimada de sua história recente. Após ver o fogo consumir 29% da área do bioma, Luan Santana promove neste domingo, 22 de novembro, uma apresentação musical diretamente do rio Paraguai para arrecadar fundos para a conservação da região. A live #OPantanalChama será transmitida pelo canal National Geographic às 17h.
“Ver o nosso Pantanal assim deixa o peito em chama de desespero. Dá vontade de transbordar em água e ir lá apagar”, diz o artista de 29 anos em entrevista exclusiva à National Geographic Brasil. O bioma permeia as melhores lembranças de Luan Santana, nascido em Campo Grande (MS). “É um contato tão forte com a natureza que você se sente em conexão direta com Deus”, observa ele.
Mas o que Luan viu em sua última visita à região fez com que ele resolvesse usar sua influência e agir. “Fiquei impactado em me deparar com aquele paraíso assim, todo cinza, como uma cena de filme de guerra”, conta ele. Com #OPantanalChama, o artista pretende arrecadar cerca de R$ 8 milhões e repassar o valor para o Instituto SOS Pantanal, cuja missão é recuperar e preservar a paisagem pantaneira.
As cifras parecem altas, mas, para Luan, que contabiliza mais de 70 milhões de seguidores em suas redes sociais, nada parece impossível. “Não é tempo de medir esforços para salvar tantos animas da morte e tanta gente que sobrevive da riqueza ribeirinha produzida pela fauna e a flora locais”, defende o cantor. Confira abaixo trechos da entrevista.
Arquivo pessoal: foi nas águas do Pantanal que Luan Santana aprendeu a pescar. Mas o cantor (na foto, ainda adolescente, em 2005) conta que devolvia os animais à natureza.
National Geographic: Luan, você se considera um artista engajado?
Luan Santana: O meu ofício me ajuda como formador de opinião a abraçar causas em que acredito como pessoa. Sendo assim, me considero um homem sensível aos problemas pelos quais passam a humanidade.
Quais são suas primeiras memórias do Pantanal?
Tenho muitas lembranças. Meus melhores momentos em família quando criança, minhas melhores férias... O descanso perfeito e de paz. Foi no Pantanal que aprendi a pescar – devolvendo à natureza o que pegamos, claro. São muitas lembranças e eu tive a chance e a honra de conhecer e desfrutar do Pantanal por várias vezes. É um contato tão forte com a natureza que você se sente em conexão direta com Deus.
E quando você tomou consciência de que sua vida estava totalmente atrelada a esse bioma?
Além de ser sul-mato-grossense, sou brasileiro. Me sinto no dever e na obrigação de defender e cuidar de algo que é tão nosso.
O que você sentiu quando soube da situação das queimadas no Pantanal?
Ver o nosso Pantanal assim deixa o peito em chama de desespero. Dá vontade de transbordar em água e ir lá apagar. Tenho vontade de me juntar aos brigadistas e cuidar, de perto, de cada detalhe. Queria tirar todo esse sofrimento dos animais, das pessoas que vivem da região, do nosso país.
“Tenho vontade de me juntar aos brigadistas e cuidar de cada detalhe. Queria tirar todo esse sofrimento dos animais e das pessoas que vivem na região.”
"Minhas melhores lembranças": o menino Luan Santana posa com o pai, Amarildo, tendo a paisagem pantaneira como plano de fundo.
Que mensagem você pretende passar para seu público com essa live?
Quero que todos possam ajudar. Em qualquer lugar que você more, de norte a sul, olhe para o Pantanal, cuide, comece agora a cuidar da natureza de sua cidade, dos animais, da fauna e da flora. Quero deixar a mensagem de que o nosso planeta, nosso país, e nosso Pantanal pedem socorro.
Muitas de suas músicas falam de amor. Você acredita que a música pode ser também um canal para levantar debates importantes, como causas ambientais?
Sim, somos formadores de opinião e se, graças a Deus, estamos em uma posição em que podemos ajudar nossa sociedade, precisamos nos unir e dar voz a outras pessoas e causas importantes.
Você compôs uma canção para a sua região, chamada Um grito entre as cinzas.
Essa música vem como um pedido de socorro e a importância de preservar a biodiversidade da região, suas comunidades tradicionais e suas atividades econômicas – a pecuária e o turismo –, e fala exatamente como me sinto: “Queria ser chuva, mas estou em chamas, não tem flor em meu quintal. Deus Salve o Pantanal". Fiz em parceria com o Matheus Marcolino.
De que forma a live #OPantanalChama pode impactar positivamente a situação dramática em que a região se encontra?
Vamos dar voz à causa e fazer com que outras pessoas se sensibilizem e se juntem a nós. Na semana passada, fui lá pessoalmente, quis ver com os meus próprios olhos como está a situação. Fiquei tão impactado em me deparar com aquele paraíso assim, todo cinza, como uma cena de filme de guerra. Eu até entendo que a gente mora longe e se sinta pouco afetado por tudo isso que está acontecendo. Sabemos que bichos morreram, que uma área gigantesca foi devastada, mas, às vezes, a gente não entende como isso pode afetar a vida da gente. A minha visita foi para descobrir essas respostas. E lutar para que muitos possam me ajudar.
Como tem sido o processo de tornar essa live uma realidade?
Por ser natural de Campo Grande e padrinho do Instituto Arara Azul há seis anos, tive o desejo de amplificar o abraço de que a minha região tanto carece neste momento de queimadas recordes, com risco de desaparecimento desse bioma da maior relevância para o planeta. Não é tempo de medir esforços para salvar tantos animas da morte e tanta gente que sobrevive da riqueza ribeirinha produzida pela fauna e a flora locais.
Vamos andar 12 horas rio a cima até o local. Sem internet, com um sistema inédito para conseguir transmitir do meio do rio Paraguai não apenas uma live histórica, mas uma forma de transformar o canto num grito para engrossar esse pedido de socorro entre as cinzas.
A live #OPantanalChama será exibida no domingo, 22 de novembro, a partir das 17h, no National Geographic. Não recomendado para menores de 12 anos.
E tem mais: as ações relacionadas ao Pantanal dão início à nova campanha da National Geographic, “O que você faz importa”, que tem como objetivo incentivar as pessoas a se engajarem na luta contra as mudanças climáticas e ajudarem a reverter a situação em que o meio ambiente se encontra. O planeta Terra tem apenas até 2030 para parar as mudanças climáticas catastróficas que estão em curso. Depois disso, a situação será irreversível. Em breve, a National Geographic divulgará os próximos passos de #OQueVocêFazImporta.