Em comunidades isoladas da Amazônia, a atenção médica chega de barco
Barco hospital do SUS sai de Manaus e atende ribeirinhos que vivem ao longo do rio Negro.
Publicado 21 de jun. de 2020, 01:11 BRT, Atualizado 21 de jun. de 2020, 12:12 BRT
Ao fim da tarde, a tripulação desatraca e parte para a comunidade seguinte. A embarcação tem quatro andares (incluindo uma casa de máquinas) e pesa 35 toneladas. Cada 240 km percorridos consomem 4 mil litros de óleo diesel, gasto tanto no deslocamento quanto na geração de eletricidade. Confira reportagem completa.
Foto de Gustavo BassoApesar do serviço existir desde 1989, somente em 2018 as unidades básicas de saúde fluviais dos rios Amazonas e Negro ganharam barcos próprios, projetados exclusivamente para a função. Ao longo de três décadas foram usadas embarcações alugadas ou cedidas por outros órgãos, como o Tribunal de Justiça do Amazonas.
Foto de Gustavo BassoO diretor-geral da UBS Assis Cavalcante, à esquerda, auxilia o comandante do posto flutuante a desatracar a embarcação na comunidade de Apuaú, no Rio Negro.
Foto de Gustavo BassoAlacide dos Santos é responsável pela farmácia, que leva a bordo remédios para o tratamento de diversas doenças, até mesmo a covid-19, para a qual foram prescritos azitromicina e prednisolona. Entre as medicações para malária, estão a primaquina e a quinina. Esta última, mesmo antiga, ainda é o remédio mais eficiente contra o Plasmodio falciforme, espécie mais rara no Brasil, porém o mais mortífero dos quatro protozoários causadores da malária.
Foto de Gustavo BassoHigiene é um dos principais cuidados para evitar contaminação por coronavírus. A retirada do lixo e a desinfecção da embarcação são feitos duas vezes ao dia, ao fim de cada turno de quatro horas de trabalho – um no período da manhã, e o outro, à tarde.
Foto de Gustavo BassoDurante dez dias por mês o barco é casa e local de trabalho da médica Ludmila Mendonça. Criada próximo à divisa com Rondônia e Acre, Mendonça está acostumada a passar, em alguns meses, até 20 dias longe de casa.
Foto de Gustavo BassoA bioquímica e técnica de laboratório Antônia Josefa Ozório é responsável pelo controle dos exames, como diagnósticos para malária e covid-19, realizados a bordo.
Foto de Gustavo BassoA enfermeira Socorro Dutra examina a grávida Teresa Vieira de Souza, 36, que espera o décimo filho. Como muitas outras gestantes na região, Teresa foi diagnosticada com anemia e recebeu doses de sulfato ferroso.
Foto de Gustavo BassoLudmila Mendonça examina um morador da comunidade Lindo Amanhecer, no rio Negro. Antes, a maioria dos atendimentos eram feitos dentro da embarcação. Agora, para evitar aglomerações em ambientes fechados e reduzir o risco de contágio por coronavírus, parte da tripulação desembarca e utiliza locais cedidos pelas comunidades, como escolas, galpões e igrejas.
Foto de Gustavo BassoA chegada da UBS fluvial na comunidade Lindo Amanhecer atraiu famílias de outras comunidades da região; a maioria se deslocou em pequenas canoas conhecidas localmente como rabetas. Com a suspensão das viagens da UBS para evitar a transmissão do coronavírus, ribeirinhos ficaram dois meses sem atendimento médico.
Foto de Gustavo BassoMães e crianças aguardam para serem atendidas pela tripulação da UBS fluvial na comunidade ribeirinha Mipindiaú, a cerca de 90 km de Manaus.
Foto de Gustavo BassoA agente comunitária de saúde Suleni da Costa (à esquerda) viaja de canoa entre diversos vilarejos do entorno de Mipindiaú, cerca de 90 km do centro de Manaus. Ela é responsável por monitorar a saúde dos ribeirinhos.
Foto de Gustavo BassoEdilamar Queiroz, encarregada geral da UBS, está em sua primeira viagem pelo rio Negro como tripulante e se diz encantada com a experiência.
Foto de Gustavo BassoDurante dez dias por mês o barco de 22 m de comprimento por 7 m de largura é casa e local de trabalho de 24 tripulantes – número que foi reduzido à metade por precaução contra a contaminação pelo novo coronavírus.
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