As presidentas de rua de Paraisópolis, em São Paulo
Na segunda maior favela de São Paulo, onde a assistência do Estado é rara, moradores se organizaram para monitorar a saúde e o bem-estar dos mais vulneráveis e elegeram 655 monitores – 90% eram mulheres.

Bruna Neves da Silva tem 23 anos, três filhos e estava desempregada quando este retrato foi tirado, em maio de 2020. Ela é presidenta da viela Canita. Confira a reportagem completa.
Além dos três filhos, Bruna também cuida de outras duas crianças que moram na mesma rua. “Para mim, é gratificante poder ajudar minha comunidade. [...] Eu não vejo o presidente Bolsonaro trabalhando por isso.”
Cláudia Regina de Silvério, 48 anos, tem quatro filhos e é presidenta da viela Canita e da rua Itamutinga. Cláudia administrava uma creche em sua casa antes da pandemia, mas com os clientes sendo demitidos e a demanda rareando, a venda de salgados, antes um bico, virou a ocupação principal.
Cláudia em sua casa com os filhos e o marido, demitido do emprego na construção civil depois do início da pandemia. “Depois de tantos meses da pandemia, as coisas estão ficando pior. Menos trabalho, menos emprego. Com o auxílio emergencial as pessoas estavam comprando mais, agora não sabem mais o que vão receber ou deixar de receber.”
Claudia Amaral, 33 anos, é presidenta da rua Gerônimo de Campos Freire, endereço deste condomínio de moradia popular da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do estado de São Paulo.
Casada com outra mulher da comunidade, Claudia é mãe de três filhos, madrasta de outro e jogadora de futebol de várzea. “A gente tá fazendo praticamente o papel que o presidente do Brasil deveria estar fazendo: dar assistência para as famílias que necessitam.”
Dilmara Pinheiros dos Santos, 28 anos, trabalhava como empregada doméstica e foi despedida no meio da pandemia. Dilmara tem um filho e está construindo sua casa em uma laje em Paraisópolis.
Dilmara é amiga da presidenta de rua Laryssa da Conceição e a auxilia para aprender o ofício e ajudar mais famílias na comunidade.
Por causa da dificuldade em promover o distanciamento social em uma comunidade tão densamente povoada, a associação de moradores de Paraisópolis transformou algumas escolas em centros de acolhidas de pacientes suspeitos de covid-19. Depois de atender 520 pessoas, os alojamentos fecharam em agosto, em preparação à volta às aulas.
Voluntários da Associação de Moradores de Paraisópolis trabalham em ações para conter o avanço do coronavírus na comunidade.
Além de contratar ambulâncias e profissionais de saúde e converter escolas em centros de acolhida, moradores de Paraisópolis também se organizaram para fabricar e distribuir máscaras à população.
Moradores de Paraisópolis pediam uma atuação mais assertiva contra a pandemia por parte do Estado, praticamente ausente na comunidade.
Em protesto que contou com distanciamento social, moradores de Paraisópolis exigem políticas efetivas do governo contra o coronavírus.