Em busca do Jesus real
Os fiéis o veneram como o Filho de Deus. Para os céticos, ele é apenas uma lenda. Artistas o retratam em imagens que refletem o tempo e o lugar em que vivem. Agora, arqueólogos separam fatos de ficção com escavações na Terra Santa.
Esta reportagem é da edição de Dezembro de 2017 da Revista National Geographic, publicada por ContentStuff. Garanta já o seu exemplar, que está ainda mais especial, com o pôster da igreja do Santo Sepulcro!
A sala de Eugenio Alliata em Jerusalém parece o escritório de qualquer arqueólogo que prefere estar em campo com as mãos na terra a ficar organizando as coisas entre quatro paredes. Equipamentos de computador fora de uso amontoam-se num canto, e relatórios de escavações dividem prateleiras abarrotadas com trenas outras ferramentas de trabalho. É como a sala de todos os arqueólogos que encontro no Oriente Médio, com a diferença de que Alliata veste o hábito marrom chocolate dos frades franciscanos e o seu escritório fica no Mosteiro da Flagelação. A tradição da Igreja diz que esse mosteiro marca o local em que Jesus Cristo, condenado à morte, foi flagelado por soldados romanos e coroado com espinhos.
“Tradição” é palavra muito ouvida nessa parte do mundo, onde multidões de turistas e peregrinos visitam às dezenas os locais que a tradição aponta como grandes marcos da vida de Cristo: do seu lugar de nascimento, em Belém, até o local em que foi sepultado, em Jerusalém.
Para uma arqueóloga que virou jornalista como eu, sempre consciente de que culturas inteiras definharam deixando poucos vestígios da sua passagem pela Terra, vasculhar uma paisagem milenar à procura de cacos de uma única vida parece uma missão impossível. É como caçar um fantasma. E, quando esse fantasma é ninguém menos que Jesus Cristo, que mais de 2 bilhões de pessoas no mundo acreditam ser o Filho de Deus, a missão me faz até pensar em pedir orientação divina.
E é por isso que, nas minhas repetidas viagens a Jerusalém, venho sempre ao Mosteiro da Flagelação, onde o padre Alliata tem uma santa paciência comigo e com minhas perguntas. Ele é professor de arqueologia cristã, dirige o museu Studium Biblicum Franciscanum e participa de uma missão franciscana que, há 700 anos, zela por sítios religiosos antigos da Terra Santa — desde o século 19, empenha-se em escavações baseadas em princípios científicos.
Sendo um homem de fé, o padre Alliata parece em paz com o que a arqueologia pode – e não pode – revelar sobre a principal figura do cristianismo. “Seria uma coisa rara, estranha mesmo, encontrar provas arqueológicas [de uma pessoa específica] de 2 mil anos atrás”, diz ele. “Mas ninguém pode dizer que Jesus não deixou vestígios.”
Os mais importantes e mais debatidos desses vestígios são os textos do Novo Testamento, sobretudo os quatro primeiros livros: os Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João. Mas de que modo esses textos antigos, escritos na segunda metade do primeiro século, junto com as tradições que eles inspiraram, são usados no trabalho de um arqueólogo? “A tradição dá mais vida à arqueologia, e a arqueologia dá vida à tradição”, explica o padre Alliata. “Às vezes, elas condizem, às vezes não.” Ele faz uma pausa, insinua um sorriso e acrescenta: “E isso é o mais interessante”.
Confira a reportagem completa na edição de dezembro da revista National Geographic, publicada pela ContentStuff. Garanta já o seu exemplar!
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