Nova espécie de perereca ‘pinóquio’ possui nariz estranho e pontudo

“Pode-se dizer que ela nos encontrou e não o contrário,” diz o cientista sobre a perereca indonésia de olhar curioso.

Por Jason Bittel
Publicado 11 de jun. de 2019, 10:36 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
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Perereca-pinóquio-do-norte, Litoria pinocchio, sobre uma folha nas Montanhas Foja, na Indonésia.
Foto de Tim Lamán, Nat Geo Image Collection

Nas florestas montanhosas de Nova Guiné, cientistas descreveram um novo tipo de perereca cujos machos possuem uma haste carnosa peculiar no nariz.

Senhoras e senhores, conheçam a perereca-pinóquio-do-norte.

Paul Oliver, herpetólogo do Museu de Queensland e da Universidade Griffith na Austrália, descobriu esses anfíbios de olhar curioso em uma expedição de campo em 2008 no momento em que ele e sua equipe tentavam escapar da chuva nas Montanhas Foja na Indonésia.

Ele passou os olhos e avistou a perereca de manchas verdes, marrons e amarelas sentada sobre um saco de arroz.

“Pode-se dizer que ela nos encontrou e não o contrário,” diz Oliver, que descreveu oficialmente a nova espécie, Litoria pinocchio,  na última edição da revista científica Zootaxa.

[Veja também: Sapo, perereca e rã: ameaçados de extinção, anfíbios brasileiros ganham banco de dados digital]

A perereca-pinóquio é apenas uma das diversas pererecas de Nova Guiné que pertencem ao mesmo gênero e que apresentam narizes pontudos ou rostros. Oliver e sua equipe descreveram outras duas novas espécies em um outro artigo recentemente publicado também na Zootaxa.

Oliver e seu colegas agora estão trabalhando arduamente para descobrir a função desses adoráveis narizinhos.

“O mais surpreendente é que ele é erétil”, conta Oliver por e-mail. “Ora ele se projeta e fica bastante reto, ora ele pende para baixo. Portanto, essas estruturas bem elaboradas devem ter algum propósito.”

Nariz intrometido

Uma das teorias é a de que o nariz atrai as fêmeas – mas essa afirmação é problemática, diz ele.

“Quando outros biólogos analisaram cantos de acasalamento de pererecas de nariz pontudos, foi constatado que não há um padrão no tamanho das hastes dos machos com os quais as fêmeas acasalam”, ele conta.

Oliver também suspeita que as hastes ajudem os sapos a diferenciar espécies em florestas que apresentam uma grande quantidade de espécies. Com mais de 450 espécies de anfíbios anuros (sapos, pererecas e rãs) já descritas, e ainda mais a serem descobertas, Nova Guiné – a segunda maior ilha do mundo – possui mais espécies de anuros do que qualquer outra ilha do mundo.

“Estou propenso a apoiar a segunda teoria”, diz Oliver. “Mas a verdade é que, assim como muitos outros fatos da biologia, nós não temos certeza.”

Ilha das oportunidades

Embora não consideremos a ilha ao sul do Pacífico – dividida entre a Indonésia e Papua Nova Guiné – como um paraíso dos anfíbios, Nova Guiné possui um número de anuros por área semelhante à floresta tropical amazônica, observa Debbie Bower, bióloga conservacionista da Universidade da Nova Inglaterra na Austrália.

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    “Sucessivas descobertas de espécies singulares antes desconhecidas pela ciência demonstram que sabemos muito pouco sobre a biodiversidade de lugares remotos como Nova Guiné”, diz Bower.

    “A perereca-pinóquio é um desses exemplos e ela mostra o quanto é importante adotar estratégias de conservação para impedir e se preparar para as principais ameaças como o fungo quitrídio que afeta os anfíbios.”

    Na verdade, Bower descreve Nova Guiné – que está longe de ter o fungo quítridio – como uma “ilha das oportunidades”, porque pode se tornar um paraíso seguro para os anfíbios de todo o mundo. Ela publicou um trabalho recente na revista científica  Frontiers in Ecology and the Environment alertando Nova Guiné para que se planeje para a chegada do fungo e contenha sua disseminação caso ele chegue.

    “Se não direcionarmos as pesquisas e a conservação para refúgios como Nova Guiné”, ela explica, “arriscamos perder essa espécie cuja existência era desconhecida”.

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