Macacos infectados pela febre amarela não contagiam os seres humanos

Diminuição na população de primatas na Mata Atlântica brasileira preocupa especialistas que alertam sobre a inutilidade de matar os animais como medida de precaução.

Por Redação National Geographic
Publicado 19 de jan. de 2018, 17:21 BRST, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
macaco bugio
Por possuir menos imunidade que outras espécies de macaco, os bugios foram os mais afetados pela febre amarela. No Parque Horto Florestal de São Paulo, por exemplo, todos os 85 representantes da espécie morreram.
Foto de Casa da Photo

Não se escutam mais os gritos dos macacos bugios que viviam no Horto Florestal da cidade de São Paulo desde o final de 2017. Os 85 representantes da espécie estão mortos devido a uma epidemia de febre amarela silvestre que se iniciou em Minas Gerais no início de 2016 e já se alastrou por todo o sudeste do país, incluindo Rio de Janeiro e Espírito Santo. Neste último, aproximadamente 1,3 mil primatas foram encontrados sem vida com características da doença.

“Os bugios foram os mais afetados porque possuem uma imunidade bem mais baixa em relação as outras espécies de macacos”, afirma Sérgio Lucena, professor de ecologia da Universidade Federal do Espírito Santo (Unifes) e diretor do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA). “Além deles, mais cinco espécies de primatas foram afetadas pela epidemia. ”

O especialista conta que os macacos são extremamente importantes para a preservação da biodiversidade e equilíbrio ecológico da Mata Atlântica e sua perda é amplamente sentida nos locais em que ocorre. Mas infelizmente não é possível fazer muito para evitar a epidemia entre os animais.

A febre amarela não é culpa dos macacos
A doença é transmitida pela picada de alguns mosquitos. Assim como os seres humanos, os macacos adoecem quando contaminados. Proteja-se e proteja-os.

“Não temos como aplicar uma vacina de humanos em primatas. Então, ficamos sem opção”, diz Juliana Summa, diretora da Divisão de Fauna Silvestre, da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo. “Além disso, capturar e prender os animais que estão soltos na natureza poderia fazer mais mal do que bem a todos eles. ”

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    “Os macacos são nossas sentinelas. Só conseguimos saber que a doença está próxima porque começamos a perceber que eles estavam morrendo”

    por Juliana Summa
    Diretora da Divisão de Fauna Silvestre, da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo

    Summa alerta que matar os primatas com o objetivo de prevenir um alastramento da doença além de inútil e prejudicial ao ecossistema, acabam por prejudicar os próprios seres humanos. “Os macacos são nossas sentinelas. Só conseguimos saber que a doença está próxima porque começamos a perceber que eles estavam morrendo”, afirma ela. Caso os animais fossem mortos, o vírus ainda continuaria presente no ambiente sem ser possível identificar uma aproximação da doença.

    A diretora também explica que o fechamento de parques naturais e a vacinação de habitantes ao redor deles são ações preventivas para evitar que a doença comece a circular nas cidades. Quando passa ao seu ciclo urbano, os vetores da febre amarela passam a ser os mosquitos do gênero Aedes.

    Para Lucena, uma maior preservação de áreas naturais da Mata Atlântica poderia diminuir o impacto negativo de casos epidêmicos como o de agora. “Com mais espaço para habitação, mais macacos surgem e mais chances de a espécie sobreviver”, conta. Com mais espaços verdes, tanto humanos como macacos teriam a vida mais garantida: os primatas ainda atuariam como termômetros para uma possível epidemia, sem muitas mortes como as que estamos presenciando hoje.

     

     

    Confira abaixo retratos da relação entre macacos e humanos.

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