Pássaros que deixam o ninho tarde demais podem colocar suas famílias em risco

A capacidade de um filhote se deslocar e suas chances de sobrevivência estão intimamente ligadas, segundo novo estudo.

Por Elaina Zachos
Publicado 27 de jun. de 2018, 12:46 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Um filhote de junco no topo de um monte de lama.
Um filhote de junco no topo de um monte de lama.
Foto de Vickie Anderson, National Geographic Creative

Humanos e pássaros têm uma quantidade surpreendente de coisas em comum. Ambos podem realizar tarefas aparentemente complexas, como distinguir entre rostos e expressões e fazer instrumentos musicais. E, quando se trata de criar os filhos, decidir quando botar as crianças para fora de casa é outra coisa que os bípedes e os aviários têm em comum.

Tanto no cenário humano quanto no aviário, os pais muitas vezes incentivam os filhotes a deixarem o ninho: antes cedo do que tarde. Para os humanos, a decisão tem algumas nuances, mas, no caso dos pássaros, suas vidas podem depender disso.

Em um estudo recente publicado na revista Science Advances, pesquisadores da Universidade de Montana observaram como a idade em que as aves deixam o ninho afeta sua sobrevivência. Ficou aparente que a sobrevivência das aves está intimamente ligada ao quão preparadas elas estão para o voo. As aves mais jovens são mais vulneráveis ​​e menos propensas a sobreviver na natureza que as mais velhas, mas a permanência das aves mais velhas pode lotar o ninho e atrair predadores. (Relacionado: “Conheça os pássaros que fazem a própria colônia com aroma cítrico”.)

Hora de voar

Tom Martin, autor do artigo em questão, é o líder da unidade assistente e pesquisador da Unidade Cooperativa de Pesquisa em Vida Selvagem de Montana. Suas pesquisas anteriores sobre aves, nacionais e internacionais, desencadearam o presente estudo.

O jornal analisou cerca de uma dúzia de espécies de pássaros canoros, incluindo o tordo americano, a mariquita-de-cara-vermelha e outras espécies arbóreas, assim como aves terrestres, como a corruíra e a trepadeira-do-peito-branco. Martin diz que os pesquisadores escolheram essas aves porque elas têm uma grande variedade de envergaduras e abandonam o ninho em diferentes momentos de suas vidas. (Relacionado: “Este pássaro canta a mesma canção há mil anos”)

“Não fiquei surpreso com os resultados gerais”, diz Martin. “O experimento foi a confirmação. Você está sempre um pouco incerto até fazer um experimento”.

Como esperado, as aves mais jovens têm asas pouco desenvolvidas e não são voadoras exímias. Isso as torna mais vulneráveis ​​a predadores, logo, se elas deixam o ninho antes de se desenvolverem completamente, sua taxa de sobrevivência diminui. O número de mortos entre os pássaros precoces pode chegar a 70%. (Relacionado: “A maior ave que já existiu e outros 5 pássaros superpoderosos”)

Mas o número de mortos gira em torno de 12% para os tardios. Os pássaros que deixam o ninho mais tarde estão mais desenvolvidos e são melhores voadores, aumentando sua probabilidade de sobreviver na natureza. Quando os pesquisadores mantiveram alguns pássaros no ninho por mais alguns dias – como o junco –, suas chances de sobrevivência aumentaram.

Embora mais tempo no ninho possa salvar a vida de um jovem pintinho, pode também ser um desastre para o resto da família. A maioria dos papais e mamães aves encoraja seus filhotes a deixar o ninho mais cedo, porque mais filhotes significa mais barulho, o que pode atrair predadores famintos. (Relacionado: “Se pássaros deixassem pegadas no céu, elas seriam assim”)

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    Os papais e mamães aves têm que negociar com os filhotes quando é hora de deixar o ninho. Aves que nidificam no solo ou perto dele, como a corruíra, forçam seus filhotes a partirem mais cedo. Mover-se no solo é mais perigoso do que se mover nas árvores, de modo que as corruíras têm maiores chances de morte.

    Pesquisa a longo prazo

    Estudos no passado analisaram o desempenho motor dos animais, ou sua capacidade de se movimentar, e suas taxas de sobrevivência. Mas poucos analisaram esses dois fatores juntos em espécies específicas, e nenhum examinou a combinação em aves em geral.

    “As consequências para a sobrevivência dos jovens não foram estudadas na natureza”, diz Martin.

    Embora os resultados deste estudo não tenham sido surpreendentes, eles são úteis para futuras pesquisas. Martin estuda aves nos trópicos, então ele diz que outro projeto poderia analisar as taxas de deslocamento e sobrevivência nessas espécies.

    “Estávamos procurando os efeitos de curto prazo”, acrescenta Martin. “As consequências para os filhotes durante um período de tempo mais longo precisam ser examinadas”.

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