Por que o pré-histórico brontotério era tão grande?

Estes animais foram um dos primeiros mamíferos a desenvolver corpos grandes depois que os dinossauros foram extintos. Agora finalmente sabemos o segredo de seu tamanho impressionante.

Por Riley Black
Publicado 15 de mai. de 2023, 10:31 BRT
Esqueleto de uma das maiores espécies de brontotérios, um mamífero extinto semelhante a um rinoceronte, parente ...

Esqueleto de uma das maiores espécies de brontotérios, um mamífero extinto semelhante a um rinoceronte, parente dos cavalos, no Museu de Geologia da Escola de Minas de Dakota do Sul, em Rapid City, Dakota do Sul, EUA. Essa espécie, Megacerops coloradensis, tinha o tamanho aproximado de um elefante da floresta africana.

Foto de MILLARD H. SHARP SCIENCE PHOTO LIBRARY

As bestas-trovão estavam entre os primeiros mamíferos a realmente viver em grande escala. A maior dessas criaturas parecidas com rinocerontes, chamada pelos especialistas de brontotherium, tinha mais de um metro e oitenta de altura no ombro e pesava mais de três toneladas. Os cientistas descobriram que o segredo para o tamanho impressionante dessas criaturas é, em parte, a competição por alimento na era pré-histórica.

Os mamíferos começaram a se tornar grandes somente depois que a era dos dinossauros chegou ao fim, há 66 milhões de anos. Os que sobreviveram à extinção não eram muito maiores do que os cães terriers, mas 20 milhões de anos depois os mamíferos que pesavam mais de uma tonelada se tornaram comuns. Um novo estudo publicado na revista Science lança luz sobre esse surto de crescimento pré-histórico, revelando a história dos gigantes animais.

Os primeiros brontotérios eram relativamente pequenos, pesando apenas cerca de 18 quilos, e evoluíram há cerca de 54 milhões de anos no que hoje é a América do Norte. No entanto, com o passar do tempo, as espécies de brontotérios continuaram produzindo descendentes maiores. Das 57 espécies de brontotério conhecidas, mais da metade pesava mais de uma tonelada.

"Esse grupo estava alcançando aumentos de tamanho notáveis em um período de tempo relativamente curto", diz o paleontólogo Oscar Sanisidro, da Universidade de Alcalá (Espanha), que liderou a nova pesquisa.

Ao acompanhar o tamanho do corpo dos brontotérios e o surgimento de novas espécies ao longo do tempo, Sanisidro e seus colegas procuraram padrões no registro fóssil. Eles estavam tentando determinar se os mamíferos passaram por aumentos constantes de tamanho ao longo do tempo, se desenvolveram tamanhos maiores em um pequeno conjunto de nichos ecológicos ou se diversificaram de várias maneiras sem direção aparente. O padrão evolutivo poderia revelar possíveis causas, como o aumento do tamanho para afastar predadores ou o acesso a fontes de alimentos inexploradas.

A equipe descobriu que os brontotérios não estavam simplesmente ficando maiores com o tempo. Em vez disso, tanto os membros grandes quanto os pequenos desse grupo continuaram a evoluir ao longo de sua história. "Diferentes linhagens de brontotérios produziram descendentes de tamanho pequeno e grande", diz Sanisidro. Mas, embora os brontotérios não estivessem evoluindo apenas em uma direção, cada vez maior, as espécies maiores tendiam a se sair melhor.

Os grandes brontotérios conseguiam alcançar os alimentos acima da cabeça de seus concorrentes, com isso evitavam ser presas de carnívoros que atacavam espécies menores e viajavam mais facilmente para áreas mais verdes da floresta do que os pequenos herbívoros. Em um mundo onde a maioria dos mamíferos tentava ganhar a vida na vegetação rasteira, os brontotérios driblavam a concorrência.

Os primeiros a ficarem grandes

Os cientistas têm refletido sobre os padrões evolutivos dos brontotérios há mais de um século, diz a paleontóloga Gemma Benevento, que não participou da nova pesquisa.

"Entre os mamíferos como um todo", diz Benevento, "alguns grupos evoluíram para tamanhos maiores, alguns mantiveram uma variedade de tamanhos corporais e outros eram quase que exclusivamente de corpo pequeno". Os mamíferos estavam preenchendo o mundo de diferentes maneiras após a dizimação dos dinossauros, e os brontotérios responderam com uma ampla variedade de tamanhos – mas os maiores parecem ter evoluído com mais frequência e permanecido por mais tempo do que seus equivalentes menores.

Parte da razão para isso pode ser encontrada na forma como os ecossistemas da Terra foram abalados após a extinção em massa induzida por asteroides no final do Cretáceo. O mundo não tinha nenhum animal terrestre realmente grande logo após esse evento.

"Uma das principais razões pelas quais os brontotérios e alguns outros mamíferos parecem ter se saído bem em tamanhos maiores foi simplesmente a disponibilidade de alimento", explica Benevento. As plantas que só podiam ser alcançadas por animais maiores, ou que tinham folhas que somente bocas maiores podiam mastigar, por exemplo, estavam à disposição durante esse período. Os mamíferos que desenvolveram corpos maiores puderam ter acesso a mais recursos com menos concorrência.

A história dos brontotérios menores ressalta esse ponto. Quando Sanisidro e seus colegas analisaram por quanto tempo diferentes espécies desses mamíferos com chifres sobreviveram e as comunidades em que viviam, a equipe descobriu que os brontotérios de tamanho menor lutavam para sobreviver ao lado de herbívoros que comiam os mesmos tipos de vegetação.

"Os maiores sobreviveram por mais tempo e foram melhores em evitar a competição por alimentos em um mundo cheio de pequenos herbívoros com hábitos de alimentação semelhantes", diz Sanisidro.

A nova pesquisa também descreve o que pode ter levado os brontotérios à extinção. As bestas-trovão geralmente se alimentavam de vegetação espessa e frondosa em florestas úmidas, em vez de pastar em vegetação mais resistente próxima ao nível do solo.

"Quando o clima ficou mais seco", diz Sanisidro, "mais tarde os brontotérios ficaram restritos a habitats úmidos e ribeirinhos". À medida que o clima global mudou e as pastagens se espalharam onde antes havia florestas exuberantes, as bestas-trovão foram deixadas de lado no cenário evolutivo. O ambiente mudou mais rápido do que elas conseguiam acompanhar, abrindo o mundo para que novos gigantes mamíferos assumissem o protagonismo.

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