Uma cacatua com crista de enxofre movendo-se ao ritmo da música.

Seu animal de estimação pode sorrir? Darwin criou uma teoria sobre isso

Estudos científicos recentes apóiam a teoria darwiniana de que os animais também são capazes de expressar emoções, como felicidade ou medo.

Uma cacatua com crista de enxofre movendo-se ao ritmo da música.

Foto de Vincent J. Musi
Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 6 de out. de 2023, 12:48 BRT

expressão nos animais, assim como nos seres humanos, tem sido objeto de estudo há centenas de anos. Por volta de novembro de 1872, o biólogo e naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882) concluiu uma série de livros sobre a evolução das espécies e, em particular, das pessoas. 

De acordo com a Universidade de Glasgow, na Escócia, um dos primeiros trabalhos científicos a usar ilustrações fotográficas foi o texto “A expressão das emoções no homem e nos animais”, de Darwin, que se tornou um best-seller quando foi publicado. 

O documento, no entanto, foi polêmico para a época, assim como A Origem das Espécies (que veio à público um ano antes), na qual o biólogo compartilhou sua teoria evolutiva. 

A opinião pública no século 19 era bem diferente dos dias atuais e, embora a teoria evolutiva dos animais tivesse sido aceita pela ciência, estender essa tese aos seres humanos era ir longe demais para a época, como explica a universidade britânica. 

Isso porque se tratava de um momento histórico no qual a humanidade era objeto de estudo da teologia, e não da ciência, conclui o artigo de Glasgow. 

A teoria darwiniana dos gestos faciais

Para convencer os céticos, o biólogo e naturalista inglês acumulou o máximo de evidências e as apresentou em seus textos os quais, até hoje, representam um avanço extremamente importante na biologia. 

Em seu trabalho de 1872, Darwin afirma que os sentimentos internos dos seres humanos e dos animais se manifestam externamente de forma semelhante por meio da contração muscular da face. 

Um gorila da montanha nas encostas do Monte Karisimbi, em Ruanda.

Foto de Ronan Donovan

O estudo de Glasgow aponta, por exemplo, que animais e seres humanos franzem os lábios quando estão se concentrando. Já a raiva faz com que os músculos dos olhos se contraiam, um movimento que é acompanhado pela exposição dos dentes. Além disso, quando um ser vivo ouve atentamente um sinal sonoro, sua boca se abre. Essas conjecturas forneceram a Darwin a prova viva da ancestralidade animal dos seres humanos. 

Em 1872, quando “The Expression”, o texto de Darwin, foi publicado, ele se tornou uma das figuras mais respeitadas no mundo da filosofia natural, explica a Universidade de Glasgow. Com esta última obra, a qual vendeu cerca de 9 mil exemplares naquele século, ele concluiu sua viagem de cinco anos pela América a bordo do HMS Beagle, um navio pertencente à Coroa Britânica. 

Os cães são capazes de sorrir e expressar alegria

Quase 150 anos depois, um estudo publicado em fevereiro de 2023 pela revista científica Nature afirma que os cães domésticos não apenas comunicam seu humor por meio de emoções faciais, mas também podem entender os gestos faciais humanos. 

Os animais não escondem suas expressões e podem refletir de forma confiável o que sentem, ao contrário da condição humana, que permite que os sentimentos sejam camuflados e internalizados, afirma o estudo científico intitulado “Reconhecimento de expressões faciais de cães domésticos com base em uma rede neural convolucional e um algoritmo de otimização aprimorado”

Ao registrar um banco de dados de 315 expressões de cães domésticos, o estudo da Nature mostra que eles são capazes de expressar diferentes emoções por meio de seus rostos. Entre eles neutralidade, felicidade, tristeza, raiva ou medo. 

Os animais de estimação sorriem, mas esse sorriso é diferente dos sorrisos humanos

Embora existam mais análises quantitativas que abordem o rosto humano, a detecção de gestos e o reconhecimento de expressões em animais é uma tarefa desafiadora para a ciência devido ao baixo nível de conhecimento. Isso se deve à diversidade de raças, comportamento e personalidade dos cães.

Nesse sentido, um segundo artigo da revista Nature publicado em novembro de 2017 aponta que os cães produzem movimentos faciais diferentes dos humanos em estados comparáveis de excitação emocional. Ou seja, as expressões faciais dos cães não são semelhantes às dos humanos em termos do que podem significar. 

Dado o vínculo único entre cães e humanos, duas espécies altamente sociais, mas evolutivamente distantes, classificar uma expressão facial como "feliz" é "simplista e menos significativa para a comparação entre espécies", explica o estudo científico. Há uma grande variedade de rostos sorridentes com diferentes características visuais e diferentes significados emocionais em humanos. 

Nesse caso, os animais usam seus rostos para produzir uma ampla gama de elementos comunicativos que podem ser usados, em parte, para inferir emoções. Com relação aos cães, o estudo científico afirma que eles são animais emotivos e, assim como os humanos, fazem uso claro e flexível de sua musculatura facial.

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