
Fêmeas de polvos podem ser 40 mil vezes mais pesadas do que os machos – e isso por um bom motivo
Uma fêmea de polvo-cobertor é muito maior do que os machos, que dedicam sua energia para encontrar fêmeas em mar aberto.
Já foram feitos muitos remakes e spinoffs do King Kong, mas nunca ouvimos falar muito do Queen Kong. É verdade que os machos dos gorilas são muito maiores do que as fêmeas. Mas as fêmeas dramaticamente grandes são a norma em algumas espécies de polvos, sapos, tartarugas, lagartos, cobras e aranhas. E há uma razão para seu peso.
"As fêmeas maiores podem produzir um número maior de filhotes", explica Greg Pauly, curador de herpetologia do Museu de História Natural de Los Angeles, nos Estados Unidos.
Por exemplo, as tartarugas de mapa fêmeas, nativas da região central e leste dos Estados Unidos, podem ter o dobro do comprimento e dez vezes a massa dos machos – o que é melhor para carregar mais ovos.

Uma fêmea (à esquerda) e um macho de tartaruga comum se aquecem ao sol.
Nas aranhas-caranguejeiras, "as fêmeas podem ser cem vezes maiores do que os machos", diz Jo-Anne Sewlal, aracnóloga da Universidade das Índias Ocidentais. De fato, os machos da aranha dourada são tão pequenos que muitas vezes são confundidos com filhotes.
Para alguns homens, quanto menor, melhor
Os machos minúsculos podem ser igualmente vantajosos, diz ela.
As aranhas machos menores podem navegar facilmente por árvores derrubadas, pedras e outros aspectos de um habitat complexo para chegar às fêmeas, que permanecem em suas teias.

Um macho e uma fêmea de tecelão de orbe dourado em uma teia no Parque Nacional Kruger, na África do Sul.
Um estudo de 2010 mostrou que as aranhas menores eram mais propensas a fazer "pontes" - andar de cabeça para baixo sob pontes de seda feitas por elas mesmas – permitindo uma rápida dispersão e acesso a mais oportunidades de acasalamento. Já as fêmeas maiores tinham menor probabilidade de fazer a ponte.
Passar por raízes de árvores e outros elementos complexos da paisagem também é mais fácil para as tartarugas machos menores em busca de fêmeas, acrescenta Pauly.

Um par de baleias jubarte nadam juntas. As fêmeas, que são mais compridas que os machos, atingem comprimentos de 60 pés.
Vida marinha e mamíferos
Pequenas criaturas marinhas machos podem ter dificuldade para encontrar uma companheira no oceano aberto – mesmo que ela seja muitas vezes maior.
As fêmeas do polvo-cobertor, que habitam os oceanos subtropicais e tropicais, podem chegar a quase 2 metros de comprimento, em comparação com os machos, que têm cerca de 2,3 cm de comprimento. Elas também são 40 mil vezes mais pesadas do que o macho, cuja energia é mais bem gasta na localização de uma fêmea do que no crescimento.
As fêmeas de vermes ósseos, que ganham a vida comendo os esqueletos de baleias mortas, chegam a medir até sete centímetros de comprimento. Na maioria das espécies, os machos microscópicos vivem dentro das fêmeas e continuam fornecendo esperma.

Um verme marinho fêmea do mar do norte chamado Osedax mucofloris. Os machos vivem dentro do corpo das fêmeas.
Mantendo a paz
Em alguns casos, as diferenças de tamanho entre os sexos realmente facilitam a vida.
As fêmeas de tartarugas marinhas, por exemplo, conseguem esmagar presas maiores, como moluscos, o que os machos não conseguem – portanto, há menos competição dentro da espécie por alimento, explica Pauly. Essa é uma maneira de manter a paz conjugal.
