Os 5 fatos sobre o jacaré-açu: o maior jacaré do mundo vive nos rios da Amazônia brasileira

Endêmico da América do Sul, o jacaré-açú (Melanosuchus niger) é um expert em camuflagem e pode comer de sucuris a onças-pintadas. Aqui, o que os biólogos dizem sobre ele.

Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 10 de fev. de 2025, 14:01 BRT
Um close do jacaré-açu ou black caiman, que também é encontrado na parte amazônica da Guiana ...

Um close do jacaré-açu ou black caiman, que também é encontrado na parte amazônica da Guiana Francesa. O animal foi encontrado na lagoa isolada de Agami.

Foto de STEPHANE CAUT

É bem capaz de uma presa do jacaré-açu (Melanosuchus nigernem se dar conta de sua proximidade até que seja tarde demais. Isso porque o maior jacaré da América do Sul é um mestre em se camuflar em seu habitat natural – as áreas inundáveis das bacias hidrográficas Amazônica e do Tocantins/Araguaia, ao norte do território sul-americano

É o que explica um um documento científico sobre esse animal publicado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (o ICMBio), entidade de proteção, fiscalização e monitoramento ligada ao Ministério do Meio Ambiente brasileiro. “Mais de 70% da área de distribuição do jacaré-açu encontra-se no Brasil, enquanto a parte restante abarca Colômbia, Equador, Bolívia, Guiana Francesa, Guiana e Peru”, informa a fonte.

Também conhecido como jacaré-negro ou preto, lagarto negro e até black caiman, esse réptil vive em áreas alagáveis amazônicas, incluindo os grandes rios e suas lagoasvárzeas e igapós, além de savanas sazonais inundáveis, diz o artigo governamental.

Para saber mais sobre o gigantesco animal – que é um caçador mordaz e oportunista, podendo ingerir tanto outros jacarés, mamíferos como a onça-pintadacobras enormes, como a sucuri – segundo indica ao ICMBio, National Geographic entrevistou o biólogo Gustavo Figueirôa, especialista em Manejo e Conservação da Fauna Silvestre e com passagens pelo Instituto Butantan e a Associação Onçafari, além de integrante do Instituto SOS Pantanal. 

Acompanhe esses cinco dados essenciais sobre o jacaré-açu:

Diferente de outras espécies de jacarés – como aqueles que vivem no Pantanal, por exemplo, que ...

Diferente de outras espécies de jacarés – como aqueles que vivem no Pantanal, por exemplo, que costumam viver e caçar em grupo – o jacaré-açu tem comportamento mais solitário: “Dificilmente você vai ver eles próximos um dos outros”, explica o biólogo consultado por NatGeo.

Foto de Rodrigo Larrabure (CC BY-SA 4.0)

1. Características do jacaré-açu: ele pode passar dos 4 metros de comprimento e se camufla fácil

Considerado o maior crocodiliano da América do Sul – e um dos maiores do mundo, este réptil gigantesco pode passar dos 4 metros de comprimento e dos 400 quilos de peso. Segundo Gustavo, há inclusive relatos de indivíduos que passaram dos 5 metros. 

 Entre as outras características específicas do Melanosuchus niger, uma das que mais chama a atenção é sua coloração escuraquase negra, o que facilita, segundo o biólogo, a camuflagem do jacaré-açu nas águas dos rios mais turvos da Amazônia e em seus igarapés, principalmente durante a noite. “A coloração dele realmente ajuda muito que passe despercebido na água”, diz o especialista. 

2. O que o jacaré-açu come? Basicamente, tudo que se mova

Tal como outras espécies de jacarés, Melanosuchus niger é um predador oportunista, explica Gustavo. “Eles comem o que tiver dando sopa’; o que couber na boca e que consigam engolir, inclusive outros jacarés”. 

Isso faz do jacaré-açu ser um predador bastante temível, já que pode comer também aves, mamíferos (até mesmo a onça-pintada), além de cobras enormes, como a sucuri, ou agressivas como a jibóia

“Ele pode comer onças, principalmente as menores nadando por algum curso d’água. Ele ataca tudo que tiver habilidade para matar, inclusive no caso de bichos maioresque ele não consegue engolir de uma vez. Nesse caso, o jacaré-açu faz o famoso giro da morte’, que é arrancar pedaços da presa de forma a desmembrá-la para ir comendo depois”, explica.

Diferente das espécies de jacarés de outros lugares do Brasil, como o Pantanal, por exemplo, onde eles vivem e caçam em grupo, o jacaré-açu é mais solitário. “Dificilmente você vai ver eles próximos um dos outros”, diz. 

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    O mapa do ICMBio de janeiro de 2021 mostra os lugares onde há a ocorrência do jacaré-açu no Brasil, simbolizados pelos pontinhos vermelhos. Como é possível notar, sua predominância ocorre na região norte, na bacia Amazônica. 

    Foto de Reprodução Sistema de Coordenada Geográficas/ICMBio

    3. O impacto do jacaré-açu na natureza: por que ele é importante?

    jacaré-açu é considerado um animal topo de cadeia alimentar. “Quando a gente fala de um animal desse tipo significa que é aquele que controla as populações de várias outras espécies”, diz Gustavo Figueirôa. 

    “A onça, por exemplo, também é um animal topo de sua cadeia; tal como o jacaré, eles não têm predadores naturais", explica “Um jacaré-açu adulto não tem predadores naturais, nenhuma onça pintada consegue pegá-lo neste ponto da vida”. 

    O especialista reforça que a espécie Melanosuchus niger é “importantíssima para o equilíbrio ecológico e para a manutenção das funções ecológicas de um ambiente”. “Isso porque eles também se tornam alimento quando estão nas fases mais jovens – dos muitos que nascem de uma ninhada de jacarés-açú, apenas alguns chegam à idade adulta”, esclarece. 

    O biólogo explica que esses jacarés jovens servem de alimento para várias outras espécies, inclusive os próprios jacarés-açu adultos. Além disso, eles controlam populações de capivaras, de peixes, de outros mamíferos e de aves, confirma a fonte. 

    O jacaré-açu é considerado um animal topo de cadeia alimentar, o que significa que ele é ...

    O jacaré-açu é considerado um animal topo de cadeia alimentar, o que significa que ele é está no grupo daqueles quem controla as populações de várias outras espécies, como explica o biólogo Gustavo Figueirôa. 

    Foto de Slunky (CC BY 4.0)

    4. O jacaré-açu é agressivo? O que fazer ao encontrá-lo na natureza

    O biólogo alerta que este é um tipo de réptil é territorialista: “Então, existem relatos confirmados de ataques de jacaré-açu e de pessoas que já morreram”, diz o especialista. “É um bicho muito grande, realmente se ele pegar uma presa na água fica muito difícil. Geralmente, comunidades ribeirinhas, que estão mais próximas à água, correm um risco maior”, conta.

    O biólogo explica que o jacaré-açu da região Amazônica pode ser mais reativo que os jacarés do Pantanal, que costuma fugir antes de atacar. “Eu não diria que o Melanosuchus niger é mais agressivo, porém, ele é sim mais territorialista, tem a tendência de atacar, e até pelo seu tamanhoo jacaré-açu se intimida menos com o ser humano”.

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    Filhotes do jacaraé-açu, o Melanosuchus niger: a fêmea deste tipo de crocodiliano pode colocar cerca de 40 ovos em sua ninhada. Mas nem todos os pequenos jacarés sobrevivem até a idade adulta. 

    Foto de Caiman Enthusiast (CC BY-SA 4.0)

    5. O que ameaça o jacaré-açu? Ele corre risco de extinção? 

    Segundo o documento do ICMBio, os principais fatores para a redução da população de jacarés-açu é a perda de seu habitat e a caça ilegal

    A fonte ressalta ainda que as populações desse animal podem sofrer impactos de “ações antrópicas”, tais como “a criação de represas, o desmatamento, a mineração e, claro, a caça para o comércio internacional”. 

    No entanto, segundo a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas de Extinção (IUCN Red List of Threatened Species), um banco de dados mundial sobre o status preservatório da biodiversidade pelo mundo, Melanosuchus niger apresenta baixo risco de extinção no momento.

    Pertencente à família Alligatoridae e à ordem Crocodylia, estes répteis possuem fêmeas que podem se acasalar com vários machos em uma mesma estação reprodutiva, informa o ICMBio. Com isso, há registros da ocorrência de “paternidade múltipla (poliandria)” em certos grupos e já registrada pelos pesquisadores do órgão brasileiro. Uma ninhada média de jacarés-açu tem cerca de 40 ovos

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