Escorpiões são venenosos e bem perigosos à saúde humana, pois sua picada pode ser letal.

Predador de escorpiões: os 5 fatos sobre o animal que é imune ao veneno desse aracnídeo

Os escorpiões são perigosos e sua picada pode até levar à morte. Mas há um pequeno animal que pode ajudar a controlar sua propagação na natureza: um marsupial bem popular no Brasil.

Escorpiões são venenosos e bem perigosos à saúde humana, pois sua picada pode ser letal. 

Foto de Divulgação Comunicação Butantan
Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 5 de fev. de 2025, 14:00 BRT

Especialmente no verão, em que aumenta o número de escorpiões na América do Sul, a quantidade de pessoas que se tornam vítimas desse perigoso aracnídeo peçonhento também cresce. Isso porque a picada de um escorpião pode ser letal, já que todas as suas espécies são venenosas, porém uns são mais perigosos que outros, como afirma o Instituto Butantan (instituição brasileira de pesquisa científica e produção de imunobiológicos desde desde 1901, que pertence ao governo do estado de São Paulo). 

Além dos cuidados para evitar escorpiões em casa e as ações que se deve tomar após uma picada, é importante saber que há um animal que é o seu predador natural, portanto, ajuda no controle da proliferação dos escorpiões. Trata-se do gambá

gambá é um mamífero marsupial e seu nome vem da língua indígena tupi, que significa seio oco – uma referência ao marsúpio, uma bolsa que fica localizada no abdome das fêmeas e serve de proteção para os filhotes. É como explica Iasmin Macedo Gois, Mestre em Biologia Animal e coordenadora do Projeto Marsupiais do Instituto Últimos Refúgios, no Espírito Santo, Brasil.

Conheça mais sobre os gambás, um animal que é imune ao veneno de escorpiões (e também ao veneno de serpentese predador desse artrópode. A National Geographic te explica como ele pode ser um aliado para evitar possíveis problemas com animais peçonhentos. 

Uma família de gambás-de-orelha-branca (Didelphis albiventris), animal que é mais conhecido popularmente como saruê e que ...

Uma família de gambás-de-orelha-branca (Didelphis albiventris), animal que é mais conhecido popularmente como saruê e que é encontrado facilmente em diferentes habitats da América do Sul, mas também em zonas urbanas.

Foto de Alexandre Toda Faitarone CC BY-SA 4.0

1. Esta é a espécie de gambá mais comum na América do Sul


Os gambás são mamíferos marsupiais, sendo estes da família Didelphimorphia, segundo a ADW (Animal Diversity Web), enciclopédia online mantida pelo Museu de Zoologia da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos. Em boa parte da América do Sul, a espécie de gambá mais comum é a Didelphis albiventris, o gambá-de-orelha-branca – conhecido popularmente no Brasil como saruês, ou ainda como mucuracassaco, timbu, entre outros nomes.

Os saruês são encontrados no norte e no leste da América do Sul, da Colômbia à Guiana Francesa, até a região central da Argentina. Eles também aparecem em grande quantidade no Brasil, Bolívia, Paraguai e Uruguai. Entretanto, dentro dessa área de distribuição, eles são excluídos da Bacia Amazônica, segundo a ADW.

Em toda a região onde o gambá é endêmico, ele existe em quatros espécies diferentes, como explica a bióloga Iasmin Gois. São eles o Didelphis auritaD. albiventrisD. imperfecta e D. marsupialis. Ainda existem mais outras duas espécies que habitam as Américas – o D. virginiana e o D. pernigra – porém eles são mais comuns na América do Norte.  

Os gambás são comumente vistos em zonas urbanas, em razão da disponibilidade de alimento e abrigo. Às vezes, procurando comida, eles podem se aproximar de lixo mal acondicionado ou sobras de ração de animais de estimação. Além disso, “os saruês podem entrar em locais considerados por ele como tranquilos e seguros para sua ninhada, como forros dos telhados, encanamentos, caixas d’água e de energia, entre outros locais da malha urbana”, explica o site da Universidade de Brasília (UNB).

2. Os gambás são predadores de escorpiões


Estes marsupiais podem não ser os animais considerados mais “fofinhos”, mas os gambás são grandes aliados para controlar pragas. Isso porque eles são considerados generalistas e oportunistas, comendo o que encontram, de frutasinsetos, passando por ovos, pequenos anfíbios e até outros mamíferos. Eles, inclusive, se alimentam de animais perigosos como escorpiões, serpentes e caramujos africanos, entre outros bichos venenosos ou transmissores de doenças, de acordo com o site UNB. 

Os gambás são imunes a grande parte dos venenos de animais peçonhentos, portanto se alimentam desses bichos e não sofrem as consequências, se tornando predadores que auxiliam no controle da proliferação de pragas. Conforme afirma a bióloga Iasmin Gois, é bem possível que nos lugares em que há gambáso número de escorpiões diminua

“Uma picada de escorpião não tem efeitos nos gambás, mas é compreensível que ele não vá ficar levando picadas e deixando o escorpião vivo. Ele costuma comê-lo e partir para o próximo, já que faz parte de seu comportamento matar um animal, comer e seguir para outro alimento”, explica.

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    Esse é o gambá-de-orelha-preta (Didelphis aurita), também comumente encontrado na América do Sul.

    Esse é o gambá-de-orelha-preta (Didelphis aurita), também comumente encontrado na América do Sul.

    Foto de Leonardo Merçon Instituto Últimos Refúgios

    3. Todas as espécies de gambás são imunes ao veneno dos escorpiões


    Todas as seis espécies de gambás são imunes aos venenos da maioria das serpentes, escorpiões, aranhas e anfíbios. A coordenadora do projeto de marsupiais do Instituto Últimos Refúgios explica como funciona esse mecanismo dos gambás que lhe garante imunidade aos venenos:

    “Para inibir a substância tóxica dos venenos, o organismo do gambá reage (responde) com uma substância neutralizante chamada de LTNF (sigla em inglês para Fator Neutralizante de Toxinas Letais), que nada mais é do que um peptídeo, formado por 11 aminoácidos de uma proteína do gambá”, detalha ela. “Os gambás produzem LTNF suficiente para bloquear os efeitos da peçonha e/ou veneno, e assim não sentem os sintomas comuns quando picados por animais peçonhentos como os escorpiões, o que acarretaria em hemorragiaedemadanos ao sistema nervosolesões muscularesproblemas cardiovasculares, entre outros.”

    (Conteúdo relacionado: Quais são os escorpiões mais perigosos da América do Sul)

    4. Os gambás são prejudiciais à saúde humana?


    Como vimos, os gambás são predadores dos escorpiões e de outros animais peçonhentos e/ou vetores de doenças e, assim, acabam ajudando a controlar a proliferação desses bichos na natureza. Porém, há cuidados necessários que precisam ser tomados em relação aos gambás. Eles são animais de hábitos noturnos e habitam diferentes biomas, mas são cada vez mais encontrados também em zonas urbanas

    Conforme afirma o site da UNB, os gambás podem transmitir doenças como a leptospirose por meio de sua urina, além de algumas verminoses por meio das fezes

    Já sobre a transmissão da raiva, a especialista em gambás comenta que  existem estudos os quais comprovam que os gambás podem ser portadores do vírus da raivamas não têm potencial de transmissão para os humanos. É importante ressaltar também que a doença não se manifesta no gambá

    “Porém, se uma pessoa tentar manusear o gambá, ele pode atacar e uma mordida dele não será agradável, podendo até lesionar de forma permanente a região atingida”, comenta a bióloga. 

    Sendo assim, a melhor recomendação é evitar o contato direto com os gambás, pois eles normalmente não atacam – o fazem somente se forem perturbados. Então, se a pessoa mantiver distância, ela ficará segura

    Acima, um filhote de gambá-de-orelha-preta (Didelphis aurita) sendo cuidado pela equipe do Instituto Últimos Refúgios, no ...

    Acima, um filhote de gambá-de-orelha-preta (Didelphis aurita) sendo cuidado pela equipe do Instituto Últimos Refúgios, no Espírito Santo, Brasil.

    Foto de Leonardo Merçon Instituto Últimos Refúgios

    5. Como lidar com um gambá perto de casa


    De acordo com a bióloga, podemos ter os gambás por perto, mas sem interferir na vida do animal, que deve ser livre. “Nós não devemos alimentar esses animais para não acostumá-los com comida fácil", alerta. 

    “As pessoas pensam: ‘se eu der umas frutinhas vou estar ajudando’, mas na verdade estão restringindo a alimentação natural do animal, ele poderá ficar doente por falta de outras vitaminas e nutrientes, e ainda irá parar de ajudar no equilíbrio do meio ambiente, pois não vai precisar caçar os alimentos, incluindo as pragas”, explica. 

    Iasmin ainda dá algumas dicas no caso de avistar algum gambá perto de sua casa: “se encontrar o animal solto, em cima do muro ou algo parecido, mantenha distância e espere que o gambá siga seu caminho. Se você tiver animais domésticos, o ideal é que mantenha o seu pet longe do gambá até que ele vá embora em segurança.” 

    Em casos em que você observar algum problema com o gambá ou caso ele esteja morto, chame os órgãos competentes para realizarem o resgate. 


     

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