O que são as vacinas bivalentes contra a Covid-19?
Novos imunizantes chegam para conter o aumento de casos da doença gerado por novas variantes do coronavírus.
Dois irmãos recebem suas vacinas contra a COVID-19 em Berlim, Alemanha.
As novas vacinas bivalentes da Covid-19 tem o intuito de melhorar a defesa do organismo contra a doença. De acordo com Max Igor Lopes, médico infectologista consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, os novos medicamentos chegam para conter as variantes mais recentes do Sars-Cov-2.
“Quando a ômicron chegou, vimos um crescimento acelerado nas infecções, mesmo em pessoas vacinadas”, lembra o médico. “Então, as bivalentes chegam para aumentar a eficácia da imunização”, afirma.
Como as vacinas bivalentes funcionam?
Conforme explica Lopes, "bivalente" significa que a vacina faz com que o sistema imunológico crie anticorpos (proteção) contra dois tipos diferentes do vírus da Covid-19.
As disponibilizadas atualmente combinam, na mesma aplicação, um estímulo para a criação de anticorpos tanto contra a proteína Spike, presente nas variantes iniciais de Covid, encontradas em Wuhan, quanto para as mutações da ômicron – especificamente para as subvariantes BA.4 e BA.5.
Por enquanto, as únicas vacinas bivalentes desenvolvidas, estudadas e aprovadas para uso em humanos são as versões adaptadas das vacinas Moderna Spikevax e Pfizer-BioNTech Comirnaty Covid-19.
As vacinas protegem contra a variante BQ.1?
No último mês, altas nos casos de Covid-19 foram observadas em várias partes do mundo, como nos Estados Unidos, na Europa e no Brasil. Dados das secretarias de Saúde brasileiras mostraram um aumento de 131% na média móvel de casos de Covid em novembro, na comparação com outubro.
Isso, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), pode ser atribuído à circulação de uma nova cepa derivada da ômicron, chamada de BQ.1. A dúvida é, as vacinas bivalentes podem proteger contra ela?
Os dados da OMS afirmam que, com base no conhecimento atual, a proteção das vacinas disponíveis atualmente pode ser reduzida. Isso porque, de acordo com a agência internacional de saúde, essa subvariante parece “escapar” com mais facilidade dos anticorpos neutralizantes gerados tanto pelas vacinas quanto por infecções anteriores. No entanto, as vacinas atuais ainda ajudam a reduzir o risco de infecção grave.
Para Lopes, é importante chamar a atenção que mesmo a vacinação de reforço com a vacina “antiga” é capaz de melhorar a imunidade e prevenir infecções. “A diferença é que a vacina bivalente é um pouco melhor, e, na presença das duas opções, ela acaba sendo a recomendada.”
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso emergencial de duas vacinas bivalentes da Pfizer. Em 27 de fevereiro de 2023, o Ministério da Saúde iniciou uma campanha nacional de vacinação com os imunizantes. A expectativa é que toda a população tenha acesso às vacinas até março.