Ozempic: como atua e que efeitos colaterais têm o novo remédio ligado à perda de peso
O fármaco, que contém semaglutida, é indicado para o tratamento de diabetes tipo 2, mas tem ganhado destaque por provocar perda expressiva de peso. Entenda os riscos e como ele funciona.
O Ozempic, assim como outros remédios que têm a semaglutida como princípio ativo, atua de forma semelhante a um hormônio produzido pelo intestino chamado GLP-1
Ozempic é o nome comercial do medicamento que tem a semaglutida como princípio ativo. Trata-se de uma substância indicada para o tratamento de diabetes tipo 2, mas que está nos holofotes por seus resultados ligados à perda de peso.
A popularidade chegou a causar uma escassez do medicamento nos Estados Unidos depois de celebridades o indicarem como uma solução para emagrecer. Profissionais da saúde alertam, no entanto, que o remédio não deve ser usado dessa forma sem acompanhamento médico, pois poderia trazer riscos à saúde.
O que é o Ozempic e como ele funciona
O Ozempic, assim como outros remédios que têm a semaglutida como princípio ativo, atua de forma semelhante a um hormônio produzido pelo intestino chamado GLP-1. Esse hormônio estimula a secreção de insulina e suprime a de glucagon (que aumenta os níveis de glicose no sangue).
“Ele tem várias funções, mas a mais expressiva é a que melhora a sensibilidade do organismo à insulina e diminui a fome, porque ele controla a sensação fome e saciedade no cérebro”, explica Marcos Antonio Tambascia, médico endocrinologista, pesquisador e coordenador do Centro de Pesquisa Clínica em Endocrinologia e Diabetes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Segundo o médico, ele também induz o estômago a esvaziar mais devagar, impede o fígado de produzir e liberar muito açúcar.
Para pessoas em tratamento de diabetes tipo 2, o medicamento deve ser injetado uma vez por semana na coxa, barriga ou antebraço, antes ou depois das refeições a qualquer hora do dia.
Por que o Ozempic também está sendo usado para o tratamento da obesidade
Segundo o médico e pesquisador brasileiro, além de controlar os níveis de açúcar no sangue, fármacos que têm a semaglutida como princípio ativo, como o Ozempic, também demonstram potencial para o tratamento da obesidade.
Em 2021, uma pesquisa com o composto sintético publicada no periódico científico “The New England Journal of Medicine”, levou à perda de, em média, 15% do peso dos voluntários, uma taxa que até o momento não havia sido alcançada por nenhuma outra droga.
O estudo contou com a participação de 1.961 adultos com índice de massa corporal (IMC) acima de 30, o que já se considera como obesidade, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A explicação para o sucesso da droga é que, diferente do GLP-1 natural, a semaglutida sintética não é rapidamente degradada no corpo. “O que mantém a sensação de saciedade por mais tempo, diminuindo o apetite”, afirma Tambascia.
Entretanto, os médicos prescrevem o remédio com essa finalidade usando a prática off-label, ou seja, ainda não há uma aprovação oficial de uma agência reguladora ou indicação em bula para o tratamento. “Mas é uma esperança para um tratamento para a obesidade menos invasivo do que as soluções cirúrgicas, com menos efeitos colaterais e mais eficaz que outros medicamentos”, diz Tamascia.
O “rosto Ozempic” e outros efeitos colaterais do medicamento
Segundo a Agência de Medicina Européia (EMA, na sigla em inglês), os efeitos secundários mais frequentes associados ao Ozempic incluem problemas do sistema digestivo, tais como diarréia, vômitos e náuseas (enjoos). Esses efeitos são de gravidade baixa a moderada e duram pouco tempo.
Outro efeito colateral observado é o que vem sendo chamado de “rosto de Ozempic”, que deixa o rosto da pessoa com aparência envelhecida. Esse resultado, no entanto, não está necessariamente ligado ao uso do remédio, mas sim a rápida perda de peso, segundo o médico endocrinologista.
Além disso, Tambascia alerta que recorrer ao medicamento com fim de emagrecimento sem critério e acompanhamento médico pode provocar efeitos colaterais indesejados e até uma piora no quadro da obesidade.
“A obesidade é uma condição crônica que deve ser constantemente controlada. Sem um tratamento multidisciplinar, com auxílio de dieta e exercícios, a pessoa pode entrar no efeito sanfona e desenvolver outros problemas de saúde”, afirma. O uso incorreto do fármaco também aumenta o risco de desidratação, o que pode prejudicar a função renal, informa o especialista.