Como lidar com a tristeza? Especialista em saúde mental explica como passar por ela
Bloquear o ato de sentir-se triste pode trazer maleficios para a saúde, como por exemplo, o surgimento de doenças psicossomáticas, detalha a especialista entrevista por National Geographic.
Ficar triste é algo que nenhuma pessoa poderá evitar em sua jornada pela vida. A tristeza é definida por um sentimento de perda, que pode estar relacionado a uma pessoa, objeto ou algo valioso para o indivíduo, explica Karen Vogel, psicóloga e psicoterapeuta, mestre em ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), especialista em mindfulness, autora de livros sobre saúde mental e professora da The School of Life paulistana.
Segundo ela, rejeição, despedidas e separações, doenças e morte podem desencadear essa emoção – que é considerada uma das mais duradouras, afirma a especialista.
Mas, afinal, como é possível lidar com a tristeza? Veja o que a psicologia explica sobre sua ação na mente do indivíduo e a melhor forma de passar por ela.
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Na foto, um menino chora, em luto no memorial feito onde George Floyd foi morto sob custódia policial, em Minneapolis, estado de Minnesota, nos Estados Unidos. Segundo a psicóloga, homens e meninos culturalmente não são estimulados a sentirem tristeza e podem acabar bloqueando essa emoção.
O que é possível fazer ao passar por momentos de tristeza?
“A tristeza pode desencadear períodos de protesto, resignação e desamparo por parte do indivíduo”, explica Vogel. A especialista detalha que essa emoção também afeta o corpo, inclusive fisicamente, gerando mais vontade de isolar-se, falta de energia devido o enfraquecimento emocional, “além de choro, angústia e pensamentos de baixa estima”, comenta a terapeuta.
Por isso, na hora de lidar com períodos assim, “o ideal seria acolher e entrar em contato com a tristeza até ela passar”, diz a expert. “Os estudos mostram que uma emoção demora segundos ou alguns minutos para atingir o seu auge e diminuir gradativamente. Mas a maioria das pessoas sente tanto desconforto que, geralmente, busca algum tipo de comportamento de esquiva para se afastar da tristeza”, explica.
“Exemplos desses comportamentos podem ser comer, fumar, beber, comprar, entre outros”, detalha a psicóloga. Essas atitudes interrompem a emoção, mas podem trazer prejuízos ao corpo. “É o caso, por exemplo, das chamadas doenças psicossomáticas. O ideal seria permitirmos o livre fluxo da manifestação emocional mas, pelo desconforto que elas causam, buscamos fugir ou evitar. Brigamos com elas”, explica.
No entanto, a especialista destaca a importância de sentir a tristeza, porque sua existência está ligada ao amadurecimento emocional, tão importante para cada pessoa. “A tristeza nos ajuda a entender sobre nossos valores, aquilo que é importante para nós, o que faz sentido em nossa vida. Quando estou triste, esta é uma oportunidade de podermos entender que algo importante ali está faltando”, detalha a expert.
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Não se deve evitar a tristeza, diz a psicologia
“É ruim sentir tristeza, é desconfortável. Mas as emoções são muito importantes, são a nossa bússola interna, não devem ser bloquedas”, ensina a psicóloga.
“No caso dos meninos, por exemplo, a cultura ensina que ‘homem não chora’, e que não devem expressar emoções que demonstram fragilidade. Acredito que a cultura tem um papel fundamental neste aprendizado de que emoções são ruins e não devem ser sentidas. Mas isso precisa ser mudado”, diz. “A tristeza pode ajudar em uma compreensão mais expandida do que é significativo para cada um: ver que se perdeu algo realmente importante”, conclui Vogel.