O que é a nomofobia e como ela se relaciona com a ansiedade digital?
A nomofobia pode afetar a qualidade do sono e causar dores na cabeça, no pescoço e nas mãos.
A lista de fobias ligadas à saúde mental aumentou com a chegada de uma condição ligada à alta conectividade da vida moderna e ao excessivo consumo de redes sociais. Trata–se da nomofobia, que por definição lembra um pouco o FOMO (Fear of missing out). O FOMO se refere à ansiedade gerada por perder acontecimentos e eventos e que faz com que o indivíduo fique ultra conectado para saber o que os outros estão fazendo, como detalha um artigo do Ministério da Saúde do Brasil sobre o tema.
Já a nomofobia atinge quem não consegue se separar do aparelho celular sem sentir ansiedade por não tê-lo por perto e ficar conectado à internet e aos acontecimentos. É o que explica Guilherme Spadini, médico psiquiatra e Mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP), psicoterapeuta de adultos e adolescentes e professor da The School of Life, em São Paulo.
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De onde surgiu o conceito de Nomofobia?
Segundo Spadini, o nome nomofobia refere-se a uma expressão em inglês: “ele foi proposto a partir da expressão ‘no-mobile-phone-phobia’, originalmente usado para se referir à ansiedade de ficar sem acesso a um telefone para se manter conectado”.
O psiquiatra explica que o termo se expandiu e atualmente é usado para tudo que abrange a ansiedade digital, mas ainda é uma definição que vem sendo estudada.
“Nós não temos ainda uma definição precisa, nem evidências, de que se trate de uma nova manifestação de ansiedade que justifique a criação de uma nova categoria diagnóstica. Portanto, os efeitos físicos e mentais da nomofobia são os mesmos de outras formas de ansiedade, como a ansiedade generalizada e a ansiedade social”, afirma o especialista.
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A nomofobia afeta as pessoas que não conseguem largar o celular sem se sentirem ansiosas por não tê-lo por perto e por se manterem conectadas. Na imagem um jovem casal se concentra em seus telefones.
Como a nomofobia se manifesta no corpo?
O médico alerta que os sinais de manifestação da nomofobia na saúde mental podem ser vistos, especialmente, na qualidade do sono. “O que há de mais específico é que ela atrapalha o sono tanto pelo estímulo excessivo quanto pela luz azul”, diz. “As dores são comuns na ansiedade generalizada, mas na nomofobia são típicas as cefaléias e as dores no pescoço e nas mãos”, completa.
Já na parte cognitiva, o especialista alerta que existem duas características bem típicas desse transtorno: “são elas o déficit de atenção ou concentração, e a chamada sobrecarga cognitiva, quando o excesso de estímulo dificulta o processamento de informações levando à sensação de estresse ou até a sintomas depressivos.
Vale ressaltar que o Brasil é o terceiro país que mais usa redes sociais no mundo – perdendo para Índia e Indonésia, mas ficando à frente dos Estados Unidos, México e Argentina – de acordo com uma pesquisa de 2023 da Comscore, empresa de análise de internet norte-americana.