Veja 6 perguntas importantes sobre o submarino desaparecido em expedição ao Titanic
Vários fatores influenciam os esforços de resgate em andamento do Titan, o submarino para cinco passageiros.
O submersível Titan próximo à superfície do oceano antes de descer até o fundo do mar. A embarcação, feita de titânio e fibra de carbono, é um exemplo de engenharia atípica em comparação com os submersíveis de aço ou titânio usados pela maioria dos cientistas
O submarino Titan, da Oceangate, está desaparecido próximo ao local do naufrágio do Titanic, no Atlântico Norte, desde a manhã do último domingo. Há uma série de fatores que dificultam qualquer resgate ou recuperação do submersível – incluindo o afastamento da área, a profundidade extrema do local e o fato de que a tripulação de cinco pessoas tinha no máximo 96 horas de ar de emergência quando desceu pela primeira vez. Sua última comunicação foi cerca de 100 minutos após a descida.
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Ao contrário de um submarino tradicional, que pode entrar e sair dos portos com sua própria energia, o submersível de 6 metros de comprimento e 9 toneladas depende de um navio de apoio de superfície, que o transporta para um local. Ele é baixado cerca de 9 metros, ou abaixo da ação das ondas na superfície, amarrado em uma plataforma e, em seguida, usa um lastro para descer os 3800 metros restantes.
Quatro propulsores elétricos ajudam o Titan, que flutua de forma neutra, a navegar no fundo do mar. Quando estiver pronto para retornar, o navio solta o lastro e flutua para atracar novamente na plataforma, que é então elevada até o navio de apoio.
1. Por que não tivemos notícias da tripulação? Eles não podem simplesmente usar um telefone via satélite?
A física específica da água e a profundidade extrema da área significam que as tecnologias que usamos em terra e até mesmo no espaço, como comunicações via satélite e GPS, não funcionam. O Titan se comunica com sua embarcação de apoio usando sistemas acústicos que enviam pings para frente e para trás para fornecer sua localização. Um número muito limitado de mensagens de texto do Titan para a embarcação de apoio está disponível por meio de uma espécie de "modem acústico" se o submersível estiver no alcance certo. Essa comunicação pode ser interrompida se o Titan não estiver mais em uma posição vertical ou se estiver enredado no fundo.
2. Quais são as condições ao redor do local do naufrágio do Titanic?
O local do naufrágio do Titanic fica a cerca de 3800 metros de profundidade, um ambiente escuro (a luz do Sol na água do oceano geralmente desaparece completamente a 915 metros); incrivelmente frio (as temperaturas no fundo do mar nessa época do ano podem ficar em torno de 2 °C, o que exige uma cabine aquecida); e sob extrema pressão, quase 400 vezes a pressão que as pessoas sentem no nível do mar.
3. Se Titan está no fundo do oceano, como eles tirariam as pessoas de lá?
Primeiro, é necessário uma embarcação que também possa viajar para as profundidades extremas ao redor do Titanic – e há muito poucas delas no planeta.
Mesmo que houvesse um submarino capaz de viajar até a área, não haveria como transferir os passageiros do Titan para o submarino de resgate, pois o submersível não tem escotilha. A nova estrutura de titânio e composto de fibra de carbono da embarcação foi projetada para suportar a pressão extrema do ambiente do Titanic, mas o projeto exige que os passageiros sejam colocados na embarcação ou retirados dela na superfície.
Portanto, outra possibilidade é que um submersível sem tripulação, como um ROV (sigla em inglês para veículo operado remotamente), possa de alguma forma prender o Titan no fundo do mar para que ele seja puxado à superfície.
Titã inicia sua descida a 4000 metros de profundidade. Stockton Rush, CEO da OceanGate, optou por renunciar à certificação tradicional esperada pelo setor ao lançar o submersível.
4. Existe uma chance do submersível ter chegado à superfície e ainda não sabermos disso?
Isso é possível. O Titan tem uma série de medidas de segurança que permitiriam que ele se desprendesse de seu lastro e retornasse à superfície automaticamente se houvesse uma falha no sistema ou se o piloto estivesse incapacitado. Mas chegar à superfície não é suficiente. Como não há escotilha, os passageiros ainda dependeriam das 96 horas de ar que o navio tinha quando se dirigiu ao local, até que uma equipe de resgate pudesse destravar a embarcação e tirá-los de lá.
A equipe aérea de busca e resgate está patrulhando as águas ao redor do local, mas está procurando um objeto do tamanho de uma minivan em uma extensão de oceano, e a detecção pode ser prejudicada pelas condições climáticas.
5. O submarino é realmente dirigido por um controle de videogame?
Sim, o Titan é pilotado com um controle de Playstation. Mas isso é bom o suficiente para o exército dos EUA, que usa controles do Xbox 360 para disparar canhões a laser, controlar drones e até mesmo operar periscópios nos submarinos de ataque movidos a energia nuclear da Marinha.
6. Alguém já foi resgatado de um submarino ou submersível antes?
Muitos se lembram do desastre do Kursk em 2000, no qual um torpedo explodiu no submarino da marinha russa, matando muitos tripulantes instantaneamente. O submarino estava a mais de 100 metros abaixo do Círculo Polar Ártico. Quando o resgate chegou nove dias depois – na forma de mergulhadores britânicos e noruegueses – todos os 118 tripulantes a bordo estavam mortos.
Mas há um exemplo anterior com um final feliz. Em 1973, a tripulação de duas pessoas do Pisces 3º ficou presa no fundo do mar próximo à Irlanda por 76 horas e foi resgatada por submarinos com apenas 12 minutos de oxigênio restantes. Porém, esse resgate foi feito a uma profundidade de apenas 480 metros. O Titanic está a 3800.
