
Nobel da Paz 2025: quem é María Corina Machado, a líder venezuelana que levou o prêmio
A política María Corina Machado, à esquerda, com a bandeira da Venezuela no ombro, foi anunciada a vencedora do Nobel da Paz 2025 pelo Comitê Norueguês nesta sexta-feira (10).
O Comitê Norueguês do Nobel divulgou, nesta sexta-feira 10, às 11 horas da manhã (horário local), em Oslo, a personalidade mundial eleita para receber o Nobel da Paz em 2025. Trata-se da líder política María Corina Machado, que foi escolhida “por seu trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos do povo da Venezuela e por sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia”, como informa o site oficial da premiação.
Em seu comunicado oficial sobre a escolha, o Instituto do Nobel afirma que María Corina “foi forçada a viver na clandestinidade” desde o ano passado, e que “apesar das graves ameaças contra sua vida, ela permaneceu no país, uma escolha que inspirou milhões de pessoas”.
O Nobel destacou seu papel em unir as forças de oposição na Venezuela, país que desde 2012 está sob comando de Nicolás Maduro: “Ela nunca vacilou em resistir à militarização da sociedade venezuelana e tem sido firme em seu apoio a uma transição pacífica para a democracia”, afirma.
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A política María Corina Machado, líder da oposição na Venezuela, é a segunda mulher da América Latina a receber um Prêmio Nobel da Paz.
“Estou em choque!", diz María Corina Machado sobre o prêmio. Quem é a vencedora do Nobel 2025?
A líder venezuelana de 58 anos ganhou destaque em 2024 por ocasião das eleições presidenciais no país. María Corina se tornou o nome forte de oposição ao governo de Nicolás Maduro, e a primeira pessoa em muitos anos com real chance de vencer na eleição no voto popular, explica um artigo da National Geographic Espanha sobre o tema.
“No entanto, sua candidatura foi invalidada pelo regime de Nicolás Maduro antes da realização das eleições”, continua a fonte. “Apesar disso, Machado impulsionou uma estratégia inédita: unir a oposição sob uma mesma voz, articulando um movimento cívico que transcendeu partidos e fronteiras”, continua.
Segundo informa a BBC britânica, a equipe de imprensa da política enviou um vídeo à agência de notícias AFP nesta sexta, por ocasião da notícia, no qual María Corina se diz bastante surpresa com o reconhecimento: “Estou em choque”, disse na mensagem.
Atualmente, Corina vive escondida e “trabalha clandestinamente há aproximadamente um ano, devido à repressão de Maduro após as últimas eleições", explica NatGeo Espanha. “O reconhecimento do Comitê Norueguês chega, assim, não apenas por sua luta política, mas por sua capacidade de transformar a resistência em um projeto coletivo de esperança”.
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Vista de dentro do Museu do Nobel, instituição que fica no centro de Estocolmo, na Suécia, ao lado da Biblioteca do Nobel.
Como é escolhido o vencedor do Nobel da Paz
Como explica o artigo da NatGeo Espanha, a escolha do laureado com o prestigioso reconhecimento fica a cargo do Comitê Norueguês do Nobel, composto por cinco membros nomeados pelo Parlamento da Noruega. “Este prêmio é entregue todos os anos como um dos últimos da temporada, restando apenas o Nobel de Economia, que será anunciado na próxima segunda-feira (13)”.
O Prêmio Nobel da Paz já foi concedido 106 vezes a 143 laureados entre 1901 e 2025, informa o site oficial da instituição. Foram 112 indivíduos reconhecidos e 31 organizações, entre elas o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, que já recebeu o Prêmio Nobel da Paz três vezes (em 1917, 1944 e 1963), e o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados reconhecido com o Nobel duas vezes (em 1954 e 1981).
María Corina Machado é a sétima personalidade da América Latina a receber um Nobel da Paz, e a segunda mulher nascida na região a ser lembrada para este posto.
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Os outros premiados latino-americanos foram Carlos Saavedra Lamas (escritor e ex-ministro de Relações Exteriores da Argentina), em 1936; Adolfo Pérez Esquivel (arquiteto, escultor e ativista de direitos humanos argentino), em 1980; Alfonso García Robles (ex-secretário das Relações Exteriores do México), em 1982; Óscar Arias Sánchez (líder político da Costa Rica), em 1987; Rigoberta Menchú Tum (ativista pelos direitos humanos, especialmente a favor dos povos indígena da Guatemala), em 1992; além de Juan Manuel Santos (economista e ex-presidente da Colômbia), em 2016. O Brasil ainda não conta com nenhum nome vencedor do Nobel da Paz até o momento.
Vale ressaltar que na edição deste ano foram recebidas 338 candidaturas, mas a lista dos indicados é mantida em segredo por 50 anos, de forma a proteger os concorrentes que, usualmente são “ativistas ambientais, defensores dos povos indígenas, movimentos feministas e organizações humanitárias que atuam em contextos de conflito ou repressão”, completa a versão espanhola de National Geographic.
