Ela passou fome, foi a primeira mulher a ganhar o Nobel e é considerada a mãe da física moderna

Esta cientista recebeu o Nobel em duas áreas diferentes da ciência e suas contribuições continuam a salvar vidas até hoje.

Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 15 de set. de 2023, 08:00 BRT

Marie Curie fue la única mujer presente en la quinta Conferencia Internacional Solvay sobre Electrones y Fotones, realizada en octubre de 1927. En la foto, ella está en la primera fila, de izquierda a derecha. En el evento, destacados físicos de todo el mundo se reunieron para discutir la recién formulada teoría cuántica. 17 de los 29 participantes fueron o llegaron a ser premios Nobel – incluso Curie, que al largo de su carrera ganó dos premios en áreas distintas.

Foto de Benjamin Couprie Institut International de Physique Solvay, Bruselas, Bélgica. Dominio público a través de Wikimedia Commons

Maria Salomea Skłodowska (1867-1934), mais conhecida como Marie Curie, foi uma física e química polonesa naturalizada francesa que marcou um ponto de virada na ciência graças ao seu trabalho sobre radioatividade. 

Por suas contribuições nessas duas áreas, Marie Curie recebeu o Prêmio Nobel duas vezes.

Qual foi o primeiro trabalho de Marie Curie?

Quando criança, Maria Skłodowskaera era conhecida por sua memória prodigiosa e, aos 16 anos, recebeu uma medalha de ouro pelo desempenho no ensino médio. 

Devido a problemas financeiros em casa, Curie começou a trabalhar como professora e, ao mesmo tempo, participava clandestinamente em uma universidade, lecionando em polonês para as trabalhadoras, como revela a Encyclopædia Britannica, plataforma do Reino Unido de dados voltada para educação e pesquisa.

Aos 18 anos de idade, Marie aceitou o cargo de governanta. Graças à renda que ganhou com esse trabalho, conseguiu financiar os estudos de medicina de sua irmã, Bronisława, em Paris.

Em 1891, ela viajou para a capital francesa, onde conheceu físicos renomados, como Jean Perrin e Charles Maurain. Lá também acompanhou as aulas de cientistas como Paul Appell, Gabriel Lippmann e Edmond Bouty na Sorbonne, uma importante universidade da França. 

Naquela época, a cientista trabalhava até tarde da noite em seu sótão de estudante e se alimentava apenas de pão, manteiga e chá, como conta a Britannica.

Em 1893, conquistou o primeiro lugar no curso de ciências físicas. A partir de então, começou a trabalhar no laboratório de pesquisa de Lippmann e, em 1894, ficou em segundo lugar no curso de ciências matemáticas. 

O que Marie Curie descobriu?

Em 1895, a cientista se casou com Pierre Curie, físico e químico francês com quem teve duas filhas: Irène, nascida em 1897, e Ève, que veio ao mundo em 1904. Juntos, o casal realizou pesquisas de importância mundial. 

Motivada pela recente descoberta de Antoine Henri Becquerel, que demonstrou que os sais de urânio emitem raios de natureza desconhecida sem a necessidade de serem expostos à luz, Marie Curie constatou que os compostos formados pelo elemento tório também emitem raios espontaneamente. 

Esse fenômeno foi chamado de radioatividade, como explica a Comissão Nacional de Pesquisa Científica e Tecnológica do Chile (Conict).

"Como a radioatividade gerada por algumas amostras era mais forte do que o esperado, Marie e Pierre suspeitaram que havia outra substância radioativa mais poderosa do que o urânio e o tório", diz a comissão chilena.

Depois disso, em 1898, os dois cientistas anunciaram publicamente que haviam descoberto o polônio, um elemento químico que batizaram com o nome da terra natal de Marie. Meses depois, eles relataram uma nova descoberta: o elemento rádio.

Em 25 de junho de 1903, Marie Curie defendeu sua tese de doutorado sobre substâncias radioativas na Universidade Sorbonne, em Paris, tornando-se assim a primeira mulher na França a receber o título de doutora. A imagem mostra a capa da tese: Recherches sur les Junctions radioactives (Pesquisa em Substâncias Radioativas). 

Foto de Domínio público Wikimedia Commons

A física recebeu seu doutorado em ciências em junho de 1903 e, graças à descoberta dos elementos radioativos, recebeu o Prêmio Nobel de Física ao lado do marido. Marie Curie tornou-se, assim, a primeira mulher na história a receber esse reconhecimento mundial.

morte de Pierre Curie em 1906 foi um golpe para a pesquisadora polonesa, mas também um ponto decisivo em sua carreira, diz a Britannica. A partir de então, ela se dedicou com toda a sua energia a completar, por conta própria,  o trabalho científico que ambos haviam desenvolvido até então.

Em 13 de maio de 1906, foi nomeada professora, tornando-se a primeira mulher a lecionar na Sorbonne. Quatro anos depois, em 1910, seu tratado fundamental sobre radioatividade foi publicado. 

Mais tarde, em 1911, ela recebeu o segundo Nobel de Química por sua pesquisa sobre o rádio. Assim, Marie Curie tornou-se a primeira pessoa a ganhar o prêmio em dois campos diferentes.

Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a física se dedicou a desenvolver o uso da radiografia com a ajuda de sua filha, Irène. Em 1918, ela fundou o Radium Institute, que viria a se tornar um centro universal de física e química nuclear.

Além disso, relata a ONU Mulheres (entidade das Nações Unidas para o empoderamento das mulheres), Marie Curie inventou unidades móveis de raios-x que ajudaram mais de um milhão de soldados feridos durante a Primeira Guerra Mundial.

A cientista polonesa morreu em 1934, aos 66 anos, de uma doença relacionada à exposição à radiação, diz o órgão internacional. No entanto, seu legado segue vivo.

De acordo com a ONU Mulheres, as contribuições de Curie sobre a radioatividade lançaram as bases da ciência nuclear moderna, desde os raios-x até a radioterapia para o tratamento do câncer. Suas descobertas continuam a salvar vidas até hoje.

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