Como os eclipses solares afetam a atmosfera da Terra – e até a vida cotidiana?

Um eclipse solar anular chama a atenção dos observadores na América do Sul em 2 de outubro. Mas fenômenos impressionantes como este também causam efeitos na atmosfera da Terra, afetando satélites, por exemplo.

Nesta fotografia tirada do ônibus espacial, em outubro de 1984, podem ser vistas as diferentes camadas de aerossol que cercam o planeta Terra. Conforme explica a Nasa, o vermelho brilhante é a atmosfera, a sobreposição entre o vermelho e o azul é a estratosfera e a camada azul é a ionosfera.

Foto de NASA
Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 1 de out. de 2024, 20:10 BRT

Os eclipses solares ocorrem quando o Sol, a Lua e a Terra se alinham completamente ou em parte – projetando uma sombra sobre o planeta que bloqueia a luz solar em algumas áreas. Quando esses fenômenos ocorrem, os cientistas aproveitam a oportunidade para estudar como eles afetam a atmosfera superior da Terra, tal como explica a Nasa (a agência espacial dos Estados Unidos).

De acordo com a agência espacial, há várias maneiras pelas quais os eclipses afetam a estrutura e a dinâmica da ionosfera, a atmosfera superior da Terra. Eles podem, por exemplo, gerar mudanças de temperatura e causar mudanças de ionização, as quais resultam em interrupções nas ondas de rádio e nos sistemas de navegação, por exemplo. 

Na imagem, um radiotelescópio usado para estudar a ionosfera está localizado em um campo de neve, no estado norte-americano do Alasca. De acordo com a Nasa, a diminuição da densidade de elétrons na ionosfera que ocorre durante um eclipse solar pode afetar a propagação de ondas de rádio e até a navegação dos GPS.

Foto de W. ROBERT MOORE

Os eclipses solares podem causar mudanças de temperatura e ionização na atmosfera

Quando o Sol fica “escondido” atrás da Lua durante um eclipseradiação solar diminui, causando um resfriamento da atmosfera superior, a ionosfera. Isso pode afetar a estrutura de temperatura desta área da atmosfera, com a possibilidade de gerar mudanças nas densidades e altitudes da ionosfera, explica a Nasa.

Além de temperaturas mais baixas, a menor radiação solar sobre a ionosfera causa uma diminuição na ionização – um processo no qual um átomo ou uma molécula se tornam carregados quando ganham ou perdem elétrons. 

“Essa diminuição na ionização pode levar também a uma diminuição temporária na densidade de elétrons na ionosfera”, continua a fonte.

(Você pode se interessar por: Os 5 desastres e acidentes em voos espaciais mais marcantes da história)

Comunicações por rádio e navegação GPS também podem sofrer com os eclipses solares

Os fatores acima, ou seja, o resfriamento e a redução da ionização durante um eclipse, podem causar uma diminuição na densidade de elétrons na ionosfera, explica a agência espacial. Em termos simples, isso significa impactos na “propagação de ondas de rádio, especialmente na faixa de alta frequência, que depende da reflexão ionosférica para a comunicação de longa distância”.

Além disso, as mudanças repentinas nas condições ionosféricas durante um eclipse podem desencadear a formação de anomalias ionosféricas (como buracos ou depleções ionosféricas) que podem interromper os sinais de rádio e os sistemas de navegação GPS, observa a Nasa.

Como as condições ionosféricas alteradas podem prejudicar a forma como as ondas de rádio se propagam através da ionosfera, na Terra isso pode causar desvanecimento, absorção e refração do sinal, afetando os sistemas de comunicação por ondas curtas e por satélite.

A Nasa esclarece que, embora esses efeitos possam ser perceptíveis, eles são temporários e geralmente ocorrem apenas na região do eclipse. Portanto, “a ionosfera geralmente volta ao normal quando o eclipse termina e os níveis de radiação solar retornam ao usual”.

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