
Os monumentos antigos que incas, maias e egípcios construíram para prever o equinócio
Perfil completo da Grande Esfinge, com as pirâmides de Miquerinos e Quéfren ao fundo, no Egito. Durante os equinócios, esta escultura monumental “recebe” o Sol nascente.
Por definição, um equinócio “marca o momento exato em que o centro do Sol cruza o plano da Linha do Equador do nosso planeta”, como detalha a Nasa (a agência espacial dos Estados Unidos). Isso significa que, neste momento, os observadores localizados nesta região do planeta observam o Sol exatamente acima de suas cabeças no horário do meio-dia.
Por outro lado, durante os equinócios os polos norte e sul da Terra recebem luz solar simultaneamente, pois neste momento a maior estrela do Sistema Solar brilha igualmente nos dois hemisférios.
O fenômeno do equinócio ocorre duas vezes por ano – em março e setembro. Em 2025, ele já ocorreu em 20 de março e agora se dará novamente em 22 de setembro marcando o início da primavera no hemisfério sul e do outono no hemisfério norte.
Conforme destaca a agência espacial em seu site, muitos observadores antigos percebiam os equinócios e até construíram monumentos dedicados a eventos astronômicos. De Machu Picchu, no Peru, passando por Egito e México, aqui estão alguns desses lugares.
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A Pedra Intihuatana é um relógio solar em Machu Picchu cujo nome significa “onde se amarra o sol”, no idioma quíchua. Suas quatro faces apontam para os pontos cardeais e a pedra que se encontra acima não gera sombra durante o equinócio.
1. Intihuatana, em Machu Picchu, possui um relógio solar que marca os equinócios
Um dos monumentos mais destacados de Machu Picchu é o Intihuatana, um relógio solar inca considerado sagrado. Ele que marca o momento exato do equinócio, como explica um artigo do site Peru Travel, da Comissão de Promoção do Peru para a Exportação e o Turismo.
“Trata-se de uma estrutura de pedra esculpida em uma única peça (neste caso, feita de granito), com quase dois metros de altura e diâmetro. No topo deste monumento está um pequeno pilar quadrado, que se destaca visualmente por sua fina escultura”, descreve a fonte.
O nome Intihuatana vem do idioma quíchua (uma das línguas indígenas ameríndias da região andina), cujas palavras “inti” significa sol, enquanto “watana” simboliza amarrar. Como resultado, intihuatana significaria “onde se amarra o sol”.
Além de marcar o equinócio, este relógio solar foi projetado de forma que cada uma de suas quatro faces indicasse para os pontos cardeais. Desta forma, os incas podiam saber em que momento do dia se encontravam e o relógio marcava as épocas de plantio e colheita.
Vale lembrar que o Santuário Histórico de Machu Picchu faz parte da lista do Patrimônio Mundial da Humanidade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). De acordo com o organismo mundial, esta é provavelmente a realização arquitetônica mais impressionante do Império Inca em seu apogeu.
De acordo com um artigo da revista Smithsonian, do Instituto Smithsonian dos Estados Unidos, os incas celebravam o equinócio neste local. Durante esses eventos, “quando o sol se aproxima do seu zênite [ou seja, seu apogeu] no céu peruano, a sombra de uma pequena laje de granito em Machu Picchu desaparece ao meio-dia”.

Um artigo da revista Smithsonian conta que o Sol projeta uma sombra ondulante, semelhante a uma cobra, que desce pela escadaria da face norte da pirâmide de Chichen Itzá, no México, cada vez que ocorre um equinócio.
2. Chichen Itzá, a pirâmide maia no México, e sua sombra em forma de serpente durante os equinócios
Chichén Itzá foi, em sua época, um dos centros mais importantes da civilização maia. Também faz parte do Patrimônio Mundial e é considerada uma das 7 maravilhas do mundo moderno.
Atualmente, este sítio arqueológico maia é um dos destinos mais visitados do México e é especialmente interessante conhecê-lo durante a mudança das estações do ano.
Isso porque é nestas ocasiões que acontece um jogo de luz e sombra entre o Sol e as estruturas da Pirâmide de Chichén Itzá (também conhecida como O Castelo ou Templo de Kukulcán), marcando, assim, o início das estações. É o que explica o “The Old Farmer’s Almanac” (considerada a publicação mais antiga dos Estados Unidos, já que surgiu em 1792, e trata de assuntos como calendários de plantio, dados astronômicos, entre outros).
“Em cada equinócio, o Sol projeta uma sombra ondulante, semelhante a uma cobra, que desce pela escadaria da face norte da pirâmide”, explica a revista Smithsonian. “A sombra parece se conectar com as cabeças de cobra localizadas na base do monumento, o que indica que esse foi um efeito muito intencional dos arquitetos maias”.
3. A Grande Esfinge, no Egito, alinha-se com o Sol durante os equinócios
Saindo da América Latina e partindo para um dos lugares do mundo mais repletos de mistério, outro monumento que se conecta com os equinócios é a famosa esfinge construída nos arredores do Cairo, a capital egípcia.
São vários os monumentos do Egito que se alinham para homenagear o Sol e as estrelas em cada equinócio, afirma o artigo da Smithsonian. No caso da Grande Pirâmide, por exemplo – também conhecida como Pirâmide de Quéops ou Pirâmide de Gizé – acredita-se que exista dentro dela “um eixo que se elevava em direção ao céu e apontava diretamente para a estrela Alpha Draconis justamente à meia-noite do equinócio de outono”, continua o Smithsonian.
Já a Grande Esfinge de Gizé, por sua vez, é uma escultura monumental voltada para o leste, “recebe” o Sol nascente durante os equinócios, aponta a fonte estadunidense.
Quem se posicionar em frente a ela durante o pôr-do-sol, na época dos equinócios, verá que à medida que o Sol se aproxima do horizonte é possível “ver a estrela pousar” diretamente sobre o ombro direito da esfinge. “Deste ângulo, o Sol também se posiciona do monumento, no canto sul da Pirâmide de Quéfren”, completa o “The Old Farmers’ Almanac”.
A Grande Esfinge faz parte da Necrópole de Mênfis – e também integra a Lista do Patrimônio Mundial da Unesco, o qual abrange os primeiros complexos monumentais de pedra da história egípcia, além de tumbas reais e mais de trinta e oito pirâmides (incluindo as três principais).
