
Existe um outro Polo Norte? Descubra este lugar gelado e quase inacessível da Terra
Uma expedição sai da Estação de Gelo Barneo, que fica a caminho do Polo Norte geográfico.
Há mais de 100 anos um local no extremo Ártico intriga pesquisadores de várias áreas – de geógrafos a geólogos, exploradores e navegadores. Trata-se de um ponto de inacessibilidade no norte do planeta Terra que vai além do conhecido Polo Norte.
O russo Aleksandr Kolchak, quando era um jovem oficial da marinha de seu país, nos anos 1910, calculou o paradeiro do lugar mais remoto de todo o vasto Ártico. Trata-se de um local tão distante e difícil de ser alcançado que é um “polo de inacessibilidade” e se tornou um desafio irresistível para gerações de aventureiros, conforme conta um artigo da revista “Smithsonian” (instituição educacional e de pesquisa administrada pelo governo dos Estados Unidos).
Saiba mais sobre esse local que é considerado um outro Polo Norte, bem mais remoto no Ártico e que, de acordo com pesquisas mais recentes, é um ponto magnético em constante movimento na Terra.

Ao fundo é possível ver o navio Polar Sun passando por um iceberg formado por deslizamentos de gelo glacial no Oceano Ártico, nos mares da Groenlândia, próximo ao Polo Norte geográfico e magnético.
Onde fica o “outro Polo Norte” da Terra?
O Polo Norte conhecido pela maioria das pessoas e citado em diversos livros e reportagens, é o Polo Norte geográfico, que está localizado na extremidade norte do eixo da Terra, no Oceano Ártico, a cerca de 725 km ao norte da Groenlândia, como define a Encyclopædia Britannica (plataforma de conhecimento do Reino Unido).
Porém, há um “outro Polo Norte”, que é na verdade o Polo Norte magnético, local para o qual as bússolas magnéticas apontam e que fica a mais de 450 km do Polo Norte geográfico.

Uma imagem do Google Earth que apresenta a região do Círculo Polar Ártico, onde está fica o Polo Norte magnético (sempre em movimento) e o Polo Norte geográfico.
É preciso ter cuidado porque há ainda uma cidade no estado norte-americano do Alasca que se chama North Pole, mas ela não fica próxima de nenhum dos polos do Ártico do planeta – e não deve ser confundida com eles.
O Polo Norte magnético é o grande desafio dos estudiosos há mais de um século, sendo um ponto de inacessibilidade da Terra (como é o Ponto Nemo, ao Sul do globo), por ser remoto, extremamente gelado e também sempre mutável. De acordo com a Britannica, no início do século 21, ele ficava ao norte das Ilhas Rainha Elizabeth, no extremo norte do Canadá, porém está migrando constantemente no sentido noroeste.
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Na foto histórica, vemos membros da Expedição Polar Ziegler (1903-1905) que realizavam observações teodolíticas no gelo da Baía de Teplitz, na Ilha de Rudolfo, nos mares ao norte da Rússia. O navio de expedição "America" é visível à direita. Essa fotografia foi publicada no livro “Fighting the Polar Ice” de Anthony Fiala, mostrando algumas das primeiras expedições realizadas para observar o gelo flutuante para longitude e para declinação magnética do Polo Norte magnético.
A mudança constante do Polo Norte magnético
Diferentemente do Polo Norte geográfico, que marca um local fixo no planeta, a posição do Polo Norte magnético é determinada pelo campo magnético da Terra, que está em constante movimento.
O campo magnético real da Terra é gerado pelo movimento de fluidos dentro do núcleo do planeta. Esse movimento – que é afetado pela rotação da Terra – configura um gerador elétrico natural que sustenta o campo magnético do planeta, como explica a revista científica “Scientific American”.
Nas últimas décadas, o movimento magnético no Norte tem sido sem precedentes, e acelerou drasticamente. E em uma reviravolta mais recente, ele desacelerou de forma rápida, embora os cientistas não consigam explicar a causa subjacente do comportamento incomum do campo magnético, conforme relatado em estudos do National Oceanic and Atmospheric Administration (Noaa) – o departamento de estudos oceânicos e atmosféricos dos Estados Unidos.
Os cientistas do Noaa divulgaram no final de 2024 um novo modelo de rastreamento da posição do Polo Norte magnético, revelando que o Polo Norte magnético está agora mais próximo da Sibéria do que há cinco anos, e continua a se deslocar em direção à Rússia.
Para preservar a precisão das medições de GPS em todo o planeta, a cada cinco anos os pesquisadores do Noaa em parceria com as equipes do British Geological Survey (BGS), o British Geological Survey, revisam o campo magnético da Terra, redefinindo a posição oficial do Polo Norte magnético e introduzindo novas previsões para os próximos cinco anos de desvio.
