Inri Cristo, o homem que se considera Jesus reencarnado

Rei dos memes, Inri e seus discípulos foram fotografados para a National Geographic em sua igreja em Brasília.

Por Shaena Montanari
fotos de Jonas Bendiksen
Publicado 8 de nov. de 2017, 20:35 BRST, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
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Perto de Brasília, os seguidores de Inri – Iesus Nazarenus Rex Iudaeorum, ou Jesus de Nazaré, rei dos judeus – empurram seu messias em um pedestal móvel. Uma dúzia de discípulos – a maioria mulheres – vive em tempo integral com o celibatário de 69 anos em um terreno murado, protegido por arame farpado e cerca elétrica. A revelação de que Inri era a reencarnação do altíssimo veio em 1979.
Foto de Jonas Bendiksen

Em 1979, enquanto jejuava, Alvaro Theiss chegou à conclusão de que era Jesus Cristo renascido. Ele recebeu uma mensagem divina na forma de uma voz em sua cabeça. Nos dias que se seguiram, abandonou o nome antigo e passou a se referir como "Inri Cristo", uma homenagem à inscrição "Iesus Nazarenus Rex Iudaeorum” feita pelo governador Pôncio Pilatos na cruz onde Jesus morreu.

Inri vive com 12 de seus discípulos – três homens e nove mulheres – em um complexo cercado de arame farpado e cerca elétrica na cidade satélite do Gama, 35 quilômetros distante do Eixo Monumental de Brasília, cidade que ele chama de Nova Jerusalém.

Leia também: Cinco homens que dizem ser o Messias

Ele contou a história de sua vida e seus ensinamentos ao fotógrafo Jonas Bendiksen, que visitou o complexo sede de sua igreja, a Suprema Ordem Universal da Santíssima Trindade (Soust). A história, e os perfis de outros quatro homens que se consideram messias, estão na edição de setembro da revista National Geographic.

Os discípulos de Inri estão sempre vestidos com roupas azuis da cor do céu. Eles receberam novos nomes, todos começando com a letra "A". A mais nova, Alara, foi trazida para Nova Jerusalém por seus pais ainda quando criança. Vinte e cinco anos depois, virou sua assistente pessoal, encarregada de separar roupas e ligar o iPad.

Ele disse a Jonas que é celibatário desde a revelação de 1979 e que canaliza sua energia sexual para se comunicar com Deus. Segundo ele, todos que vivem em sua igreja são celibatos.

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    Inri Cristo celebra uma missa do topo da casa de vigia que, às vezes, é usada como púlpito. 
    Foto de Jonas Bendiksen

    Para espelhar a relação com o Jesus original, nascido em Nazaré, Inri fala publicamente sobre sua vida passada, há 2 mil anos. Mas muito mudou desde os dias dos evangelhos. Ele ama a tecnologia e reinterpreta os últimos versículos da Bíblia à luz das invenções modernas.

    Por exemplo, em Apocalipse 1, versículo 7, quando Jesus promete "vir com as nuvens", Theiss interpreta que ele é livre para viajar pelo mundo de avião. A passagem continua e diz: "Todos os olhos vão ver" o retorno do Messias, o que Inri entende como uma missão para divulgar sua mensagem na televisão e na internet.

    Ele prega com frequência por YouTube e por Facebook Live, onde tem mais de 330 mil seguidores. Seus discípulos editam os vídeos no complexo em Nova Jerusalém.

    Mas, em tempos de redes sociais, um messias precisa lidar com muito mais críticos, resenhas e comentários anônimos do que Jesus, quando vivo, enfrentou. O status de "figura pública" no Facebook, permite que Inri Cristo seja avaliado pelas massas como se fosse um restaurante ou um músico – e a nota final é baixa: 3.3 de 5 estrelas. Quem dá a avaliação máxima parece gostar da mensagem e do carisma. Quanto aos críticos que lhe dão apenas uma estrela, no entanto, costumam acusá-lo de ser o falso profeta mencionado no Novo Testamento. Como uma mulher escreveu em janeiro deste ano: "Exclua esta página e se arrependa!"

    Inri no quarto de hotel onde teve a primeira revelação de que a Nova Jerusalém deveria ser fundada em Brasília.
    Foto de Jonas Bendiksen

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