Fotos revelam a gravidade do derramamento de petróleo no Nordeste

Em resposta à paralisia das autoridades, voluntários correram às praias para tentar conter os danos causados pelo derramamento. Entre eles, alguns fotógrafos cujas imagens revelam uma parte da tragédia.

Por Marcio Pimenta
Publicado 28 de out. de 2019, 18:32 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT

“O restante do Brasil não está percebendo a dimensão do problema. Nós, nordestinos, fomos esquecidos”. Foi com esse grito de socorro que uma procuradora da República, que atua em uma força tarefa no caso do vazamento de óleo na costa do Nordeste, chamou atenção para o último desastre ambiental de 2019.

O Nordeste é uma região fascinante. E às portas do verão, diversos brasileiros e estrangeiros planejam expedições pelas suas belas praias. Turistas enchem as redes sociais com fotografias de selfies, passeios de jangada, mergulhos em piscinas naturais, brindes com champanhe na areia da praia, pôr do Sol. Compartilham as fotos e saboreiam a deliciosa culinária ricamente baseada em frutos do mar – camarões, lagostas, caranguejos, polvos, ostras, pescados e sururu. A vida perfeita que todos nós merecemos, mas que apenas alguns podem ter.

Para tanta ostentação, há por trás uma enorme indústria voltada ao turismo e que gera milhões de empregos. Pessoas que sustentam suas famílias dependendo de algo que lhes foi dado, mas que não possuem controle: os recursos naturais. Então, o que podem fazer é preservar o meio ambiente para que as belezas naturais sigam atraindo os turistas – e que esses tragam mais amigos no próximo verão para garantir o ganha pão.

Quando o imenso vazamento de óleo, de origem ainda não confirmada, surgiu no Atlântico e começou a chegar no litoral do Nordeste há quase dois meses, os brasileiros ainda estavam sedados tentando se recuperar dos incêndios na Amazônia, que expôs o novo governo a um vexame internacional. Uma nova tragédia ambiental em um intervalo de poucos dias parecia seguir um roteiro de ficção apocalíptico.

Mas no mundo real, bem longe do virtual, à medida em que os dias foram passando, a crise se agravou. Em resposta à paralisia do governo – mais interessado em fomentar batalhas ideológicas – a população decidiu tomar a frente e mitigar, ela mesma, os danos causados pelo óleo, ainda que isso implicasse em riscos direto à própria saúde. O governo, enquanto isso, preferiu seguir a fórmula de apontar inimigos imaginários e criar teorias conspiratórias contra ONGs – o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, insinuou, sem qualquer prova, que o Greenpeace teria derramado o óleo na costa brasileira, o que mais parece uma cortina de fumaça para acobertar o verdadeiro problema. Ele próprio desmontou a estrutura para ações previstas no Plano Nacional de Contingência. Só reagiu mais de 40 dias depois após o início da tragédia e ainda parece não saber o que fazer.

E sim, a imprensa nacional também demorou a reagir. Entradas rápidas nos telejornais, breves notas na imprensa escrita e fotos de tartaruguinhas manchadas de óleo mostravam muito pouco. Precisava-se do olhar de quem vivia o trauma de perto. Fotógrafos nordestinos, profissionais e amadores, se uniram para mostrar a tragédia.

Marcio Pimenta é fotógrafo colaborador da National Geographic. Conheça seu trabalho no Instagram.

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