Enormes pegadas de dinossauro descobertas em ilha escocesa

As marcas jogam luz na vida dos dinossauros do Jurássico Médio, período que nos legou poucos fósseis.

Por Michael Greshko
Publicado 5 de abr. de 2018, 12:42 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
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Um novo sítio arqueológico descoberto na Ilha de Skye, na Escócia, contém cerca de 50 pegadas de dinossauros, muitas delas pertencentes a dinossauros de pescoço longo chamados saurópodes. Essas pegadas preservam os contornos dos dedos dos pés do animal – e até traça seu calcanhar carnudo.
Foto de Steve Brusatte, National Geographic Creative

MAIS DE 60 milhões de anos atrás, dinossauros de pescoço comprido chamados saurópodes se moviam pesadamente pelas antigas lagoas que pontilhavam o que é hoje a Grã-Bretanha. Agora, dezenas de pegadas foram encontradas no litoral da remota Ilha de Sky, na Escócia.

Do alto das escarpas litorâneas de Skye, você pode confundir as imensas pegadas com as piscinas de marés – mas, à segunda vista, você perceberia que as piscinas têm traços de dedos dos pés e calcanhares carnudos de dinossauros.

“Essas pegadas ficaram meio que escondidas da vista de todos durante anos”, diz o paleontólogo da Universidade do Sul da Califórnia Michael Habib, que não estava envolvido com a descoberta. “Isso revela como os saurópodes são muito maiores que qualquer coisa e como nós, paleontólogos, raramente procuramos algo desse tamanho, em princípio.”

Em meio aos vestígios, a equipe também encontrou pegadas diferentes de três dedos deixadas por terópodes, provavelmente primos mais antigos do Tyrannosaurus rex do período Cretáceo.

O conjunto completo das pegadas, revelado no periódico Scottish Journal of Geology em 2 de abril, fornece um raro vislumbre do Jurássico Médio, período que vai de 164 a 174 milhões de anos atrás e que até agora forneceu poucos fósseis de dinossauros de qualquer tipo. A mais recente descoberta ajuda a consolidar a Ilha de Skye como uma região chave para trazer entendimento a essa era pouco compreendida.

“O Jurássico Médio foi um período muito importante: foi quando as primeiras aves tomaram o céu, os primeiros tiranossauros evoluíram [e] os primeiros saurópodes realmente colossais surgiram”, diz o co-autor do estudo e bolsista da National Geographic Steve Brusatte, paleontólogo da Universidade de Edimburgo.

“Skye é um dos poucos lugares onde você pode encontrar esses fósseis.”

Água, água em toda parte

Em abril de 2016, os pesquisadores Davide Foffa e Hong-Yu Yi encontraram, por acaso, as novas pegadas em um local chamado Rubha nam Brathairean ou Ponto dos Irmãos. Em 2017, Brusatte e seu aluno Paige dePolo voltaram a mapear o sítio e interpretar suas marcas em trabalho de campo financiado pela National Geographic Society.

Para alguns, a palavra “trabalho de campo” pode invocar uma imagem de Indiana Jones atuando no deserto. Mas, em Skye, estar no campo envolve chuva e ventos frios que sacudem os drones que os pesquisadores usam para mapear a região. As marés altas também inundam regularmente as pegadas costeiras.

“Eu tinha um relógio na minha mochila e sempre verificava hora. Agora é quando a água deve subir – ah, aí está”, diz DePolo, principal autor do estudo e pesquisador visitante do Museu do Estado de Nevada em Las Vegas. “Você se acostuma com isso”.

Para explorar as marcas durante as marés baixas, DePolo inventou o que ela chama de intervalômetro: duas câmeras montadas em uma haste portátil. Assim como nossos dois olhos nos permite perceber a profundidade das coisas, as duas câmeras permitiram que dePolo e um colega mapeassem as trilhas de marcas em 3D enquanto andavam.

Saurópodes de sucesso

Assim como o único outro sítio conhecido de pegadas de saurópodes de Skye, as pegadas recém-descobertas foram feitas em sedimentos finos de laguna. Com base nessas semelhanças, DePolo e Brusatte dizem que os saurópodes em Skye – e talvez em outros lugares – perambulavam regularmente em águas rasas costeiras.

De certa forma, a descoberta traz à compreensão dos cientistas o ciclo completo dos saurópodes. No início dos anos 1900, paleontólogos entendiam incorretamente os dinossauros de pescoço comprido como lentos brutamontes confinados a pântanos, com seus corpos pesados boiando na água. Com base nas evidências acumuladas desde então, parece que os gigantes caminhavam em terra firme e alcançavam a distribuição global. Ossos e pegadas de saurópodes foram encontrados em todos os sete continentes – incluindo a Antártida.

"Não que água fosse o único lugar onde eles poderiam viver", diz Brusatte. “Em vez disso, estamos agora dizendo que eles eram tão dinâmicos e tão enérgicos – e tão bem-sucedidos – que provavelmente estavam explorando quaisquer ambientes que pudessem.”

Mais pegadas provavelmente surgirão em Skye. A equipe de Brusatte já identificou outras possíveis trilhas de pegadas e DePolo dará continuidade aos estudos quando voltar a Edimburgo no próximo outono para cursar o Ph.D.

“Essa é a aventura, certo?”, ela diz.

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