Dentada poderosa: mordida do T. rex poderia esmagar um carro. Saiba como

O majestoso dinossauro era um desses animais que se desenvolveu da forma ideal, relatam paleontólogos.

Por John Pickrell
Publicado 3 de out. de 2019, 20:15 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
Um crânio mecânico de T. rex quebra um osso como parte de um estudo de sua poderosa mordida. Apesar de sua aparência articulada, paleontólogos agora acreditam que o dinossauro deveria ter um crânio rígido para conseguir realizar seus golpes esmagadores.

A mordida esmagadora de um Tyrannosaurus rex conseguiria esmagar um carro, aplicando até seis toneladas de pressão nas suas vítimas indefesas. Mas embora diversas linhas de evidências suportem essa estimativa para a tremenda força da mordida do dinossauro, iniciou-se um debate sobre como ele conseguiria fazer isso com o que parecia ser um crânio de articulação frouxa.

A resposta é que ele não conseguiria, de acordo com um novo modelo de todos os pontos de estresse e tensão que se moviam pelo crânio do T. rex enquanto ele abocanhava algo. Os resultados, apresentados na revista The Anatomical Record, mostram que os ossos do crânio do T. rex deveriam ser fixos e rígidos para que o animal tivesse uma mordida tão temível.

“O T. rex é um desses animais que se desenvolveu de forma ideal”, diz o coautor do estudo Casey Holliday, paleontólogo na Escola de Medicina da Universidade do Missouri, nos EUA. “Ele tem músculos gigantes na mandíbula, e é muito eficiente em pegar toda essa força muscular e aplicá-la na sua presa devido ao seu crânio rígido.”

Ilustração exibe o temido T. rex despedaçando sua presa.
Foto de Brian Engh

Sem espaço para chacoalhar

A ideia de que algumas articulações entre alguns dos ossos do crânio do T. rex poderiam ser móveis era bem disseminada, diz Holliday. Isso é baseado, em parte, na aparência dos fósseis e, em parte, no fato de que alguns parentes vivos dos dinossauros, incluindo papagaios e cobras, apresentam crânios flexíveis com ossos que se movem. Répteis em particular exibem uma série de ossos que ligam sua caixa craniana aos seus palatos e, então, às suas mandíbulas inferiores.

“Isso é muito diferente dos crânios dos mamíferos, como o nosso, no qual há apenas duas partes: a parte que abriga o cérebro e a mandíbula”, diz Holliday.

No entanto, a ideia de que o T. rex também tinha um crânio flexível apresentava um problema matemático.

“Quando temos algo gigantesco, como o crânio T. rex, medindo 1,8 metro de comprimento e 1,2 metro de largura, e com uma mordida enormemente potente... Se houver flexibilidade nesse sistema, haverá muito mais falhas”, diz Holliday.

“Você quer pegar toda a força dos músculos e aplicá-la na presa através dos dentes, e não a fazer vazar por um monte de articulações frouxas.”

Para testar a ideia, Holliday e seu ex-aluno de pós-graduação, Ian Cost, agora professor assistente na Albright College, em Reading, Pensilvânia, criaram modelos digitais dos crânios do T. rex com palatos capazes de serem flexionados para os lados, como os lagartos, ou palatos capazes de se moverem para cima e para baixo, como os papagaios-cinzentos. Os pesquisadores, então, criaram um modelo para a biomecânica desses crânios em ação.

A equipe constatou que o carnívoro seria capaz de aplicar pressão da forma mais eficiente quando as articulações em seu crânio superior se mantivessem quase totalmente imóveis, embora um pouco de flexibilidade ajudaria o crânio a resistir à incrível força nele aplicada.

“A face e o crânio do T. rex não eram capazes de se mover. Isso corrobora a nossa conclusão de que os ossos da boca [palato] não se moviam quando o T. rex mordia sua presa”, diz Cost. Isso significa que a espécie conseguia usar toda a força dos seus músculos da mandíbula melhor que seus antecessores ou parentes com palatos móveis.

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Peso pesado

“Os resultados apresentados neste estudo, o qual foi realizado com uma tremenda atenção ao detalhe, não apenas demonstraram que o crânio do T. rex poderia resistir a uma enorme força de mordida, mas exatamente como fazia isso”, diz Laura Porro, especialista em biomecânica de fósseis na University College London. Porro adiciona que o trabalho ajudará pesquisadores a determinarem a flexibilidade dos crânios de outros animais fósseis.

Eric Snively, paleobiólogo na Universidade Estadual de Oklahoma, em Tulsa, que também já estudou as mecânicas da alimentação do T. rex, diz que a pesquisa “ajuda a responder como o T. rex conseguia ter a mordida mais forte de todos os animais terrestres.”

Os tiranossauros são atípicos, ele argumenta, uma vez que seus dentes são mais fortes na frente da boca, diferente de predadores como o crocodilo, o qual tem seus dentes trituradores na parte de trás.

“Seus focinhos eram fundidos aos ossos cruzados no dorso do nariz, mas, até este estudo mais recente, nós não compreendíamos como o restante do crânio funcionava”, diz ele.

“Estamos formando uma imagem completa da anatomia do seu crânio, o que é ótimo para descobrir como a mordida do T. rex tinha força suficiente para erguer várias caminhonetes.”

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