Por que o Dia Internacional do Orgulho LGBTQ+ é comemorado em 28 de junho?

A data faz referência a um evento ocorrido no final da década de 1960, em Nova York, quando um grupo de pessoas queer enfrentou a repressão e a violência policial por seus direitos.

Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 28 de jun. de 2023, 10:06 BRT
Participantes da Marcha das Mulheres carregam bandeiras do orgulho gay e outros estandartes, Gdansk, Polônia.

Participantes da Marcha das Mulheres carregam bandeiras do orgulho gay e outros estandartes, Gdansk, Polônia.

Foto de Justyna Mielnikiewicz

Dia Internacional do Orgulho acontece todo 28 de junho e é comemorado todos os anos após os chamados Distúrbios de Stonewall (ou Revolta de Stonewall), nos Estados Unidos, uma revolta considerada um marco para a comunidade LGBTQ+ no mundo todo.

O que foi a Revolta de Stonewall?

A Revolta de Stonewall é o nome dado aos protestos que começaram em 28 de junho de 1969, quando um grupo de policiais invadiu o bar Stonewall Inn, no bairro de Greenwich Village, em Nova York, como explica o artigo "Nosso Stonewall", publicado na revista "A 50 anos de Stonewall, a revolta continua".

Segundo o documento, o enfrentamento foi causado por uma batida policial na qual os agentes da polícia prenderam pessoas transgênerasdrag queensdrag kings presentes no local acusados de travestismo, que naquela época era ilegal em Nova York.

Isso despertou a raiva e a rebeldia das pessoas presentes, que reagiram à invasão. A hostilidade entre os envolvidos aumentou até chegar à agressão física e ao levante da comunidade queer. O distúrbio não durou apenas uma noite, mas se estendeu pelos próximos quatro dias, conforme relata o artigo.

"Esse evento é considerado o início do movimento de liberação gay e um marco histórico para os movimentos de dissidência sexual", afirma o documento.

Por que a revolta de Stonewall marcou um antes e um depois na luta por direitos dos LGBTQ+?

Embora tenham acontecido conflitos anteriores, esse evento entrou para a história por suas características particulares, afirma Facundo Saxe, autor de "Nosso Stonewall", e pesquisador do Centro Interdisciplinar de Pesquisas de Gênero da Faculdade de Humanidades da Universidade Nacional de La Plata (Unlp) e cientista do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas da Argentina (Conicet), em entrevista à National Geographic.

O especialista afirma que o que aconteceu em Nova York foi simultâneo a outros distúrbios e revoluções contraculturais no resto do mundo (como o Maio de 1968 na França, por exemplo), e movimentaram a década de 1960 em  diversos países.

Em relação à noite de 28 de junho, o pesquisador do Conicet diz que a rebelião "despertou um fim de semana de conflitos contra a autoridade policial, quando as pessoas tomaram as ruas. Essa ocupação do espaço público abriu uma década de marchas e mobilizações que seriam diferentes do que havia ocorrido anteriormente. Foi como se tivesse acendido a chama de uma geração que queria viver de outra forma".

O papel de Stonewall foi o de "primeiro tijolo", que deu início a "um processo de luta cultural contra a repressão e a violência", afirma Víctor Madrigal-Borloz, especialista independente sobre a proteção contra a violência e a discriminação por motivos de orientação sexual e identidade de gênero designado pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.

A partir desses enfrentamentos, "o conceito de orgulho começou a ressoar com força, porque aquilo que você foi ensinado a esconder, reprimir, disciplinar, a não mostrar, apareceu publicamente", conclui Saxe.

Por que as marchas do orgulho são realizadas em diferentes datas na América Latina?

Além do Dia Internacional do Orgulho, existem outras datas relevantes para a comunidade LGBTQ+. Por exemplo, no dia 17 de maio se comemora o Dia Internacional Contra a Homofobia, a Transfobia e a Bifobia em memória à data de 1990 quando a homossexualidade deixou de ser considerada como um transtorno mental pela Assembleia Mundial da Saúde da ONU. 

Marcha do Orgulho na Cidade Autônoma de Buenos Aires, Argentina.

Foto de FEDERACIÓN ARGENTINA LGBT+

Fora as datas mundiais, em alguns países da América Latina, por exemplo, as mobilizações acontecem em momentos diferentes do ano para celebrar o orgulho. Por exemplo, no Brasil, a comunidade marcha durante o mês de junho, enquanto que na vizinha Argentina, essa reunião acontece em novembro. Isso se deve ao fato de que em 1º de novembro de 1967 foi fundado no país o coletivo "Nuestro Mundo", um dos primeiros da América Latina na luta pelos direitos homossexuais. 

Para Madrigal-Borloz, independentemente do momento escolhido no ano, esses dias permitem refletir sobre o estado atual pelo qual passa essa parcela da população. "Há outras datas, mas acredito que o importante é lembrar que elas nos permitem fazer uma pausa no caminho para refletir e homenagear aqueles que, como resultado dessa violência e discriminação, não estão mais conosco”, diz o especialista independente. 

“Eles não estão porque foram mortos ou viveram vidas de dor e marginalização devido a condições essencialmente humanas, como orientação sexual e diversidade de gênero”, completa. 

Paradas do Orgulho LGBTQ+ na América Latina

Em 2023, as maiores cidades da América Latina recebem milhares de pessoas para os desfiles, paradas e ações em comemoração ao Dia do Orgulho. 

A maior delas acontece no Brasil, em São Paulo, e este ano será celebrada em 11 de junho. A Parada do Orgulho LGBTQ+ paulista é considerada a maior do mundo, tendo sido registrada no "Livro dos Recordes" ("Guinness Book") como tal em 2022, quando reuniu 2,5 milhões de participantes. 

No México, haverá marchas em diversas partes do país durante todo o mês de junho. A mobilização na Cidade do México, capital do país, acontecerá no sábado, dia 24, em torno do monumento Ángel de la Independencia.

Já em Bogotá, na Colômbia, a mobilização ocorrerá no domingo, 2 de julho, e partirá da Praça do Conselho de Bogotá seguindo em direção ao Parque Simón Bolívar.

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