Qual foi a guerra mais sangrenta da história latino-americana?

Aconteceu no sul do continente e envolveu o Paraguai contra o Brasil, Uruguai e Argentina.

Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 9 de jun. de 2023, 09:40 BRT
Batalha de Campo Grande, óleo sobre tela (1871). Obra do artista brasileiro Pedro Américo.

Batalha de Campo Grande, óleo sobre tela (1871). Obra do artista brasileiro Pedro Américo.

Foto de Reprodução

Entre os anos de 1864 e 1870, ocorreu na América Latina a Guerra da Tríplice Aliança, conhecida como o conflito mais sangrento e prolongado da história da região, de acordo com o Museu Nacional Casa do Acordo, um complexo histórico e cultural vinculado ao Ministério da Cultura da Argentina.

O que foi a Guerra da Tríplice Aliança?

Também conhecida como Guerra do Paraguai, Guerra Grande ou Guerra Guasú, o conflito envolveu os membros da Tríplice Aliança – conjunto composto pela Argentina, Brasil e Uruguai – contra o Paraguai.

O conflito teve origem em 1863, quando um grupo de liberais derrubou o governo federal uruguaio. A ação foi comandada pelo general Venâncio Flores, político uruguaio, que contou com o apoio do governo brasileiro, relata o Museu.

Diante da incursão brasileira no Uruguai, o então presidente do Paraguai, Francisco Solano López, interveio em defesa do governo deposto e declarou guerra ao Brasil, acrescenta a instituição argentina.

De acordo com um artigo publicado em 2011 pela Secretaria Nacional de Cultura do Paraguai, a decisão de López foi motivada pelo temor de que a intervenção militar brasileira fosse o primeiro passo para uma ocupação definitiva do Uruguai. Isso, por sua vez, romperia o equilíbrio da região do Rio da Prata e colocaria em perigo a independência do Paraguai.

Por sua vez, a Argentina (então governada por Bartolomé Mitre) havia se declarado neutra, mas acabou declarando guerra ao Paraguai em 1865. No mesmo ano, o país, o Brasil e o novo governo uruguaio assinaram o Tratado da Tríplice Aliança, no qual estabeleceram os objetivos da guerra e se comprometeram a não encerrar o conflito até derrubar o governo paraguaio.

Uma reportagem especial da Agência Senado sobre o conflito, intitulada “150 anos depois, guerra ainda é ferida aberta no Paraguai”, cita que López obteve vitórias no início, mas logo começou a sofrer derrotas e foi obrigado a convocar para a guerra até mesmo crianças e idosos.

A guerra terminou em 1870, na batalha de Cerro Corá, 454 quilômetros a nordeste de Assunção, na qual morreu o presidente paraguaio Francisco Solano López. No entanto, as tropas permaneceram no local por mais alguns anos, indica o Ministério da Cultura argentino.

De acordo com a secretaria de cultura paraguaia, as tropas brasileiras ocuparam o país até 1876, e as argentinas até 1879. Como derrotado, o Paraguai cedeu à Argentina o território do Chaco, compreendido entre os rios Pilcomayo e Bermejo, e para o Brasil, o território compreendido entre os rios Branco e Apa, hoje localizados no Mato Grosso do Sul. 

(Veja também: 7 lugares históricos da América Latina que você deve visitar pelo menos uma vez)

Por que a Guerra da Tríplice Aliança é considerada a mais sangrenta?

De acordo com o ministério argentino, o conflito se tornou uma guerra de extermínio do povo paraguaio e resultou em um colapso demográfico de 60% a 69% da população do país.

Dados compartilhados pela secretaria de cultura paraguaia indicam que a população estimada do país no início do conflito era de 500 mil habitantes, sendo reduzida pela metade em 1870.

Além das perdas humanas, a agricultura e a pecuária paraguaias também foram afetadas. O gado bovino, estimado em mais de 2 milhões de cabeças no início do conflito, não chegava a 15 mil em 1870.

Ao mesmo tempo, complementa o organismo paraguaio, "o país precisava importar itens básicos (como feijão ou batatas) porque não produzia nada; também não tinha como pagar as importações, pois não havia moeda nacional, apenas moedas estrangeiras circulavam. As infraestruturas e sistemas de comunicação, como a ferrovia, foram destruídos".

Até hoje, cita a reportagem da Agência Senado, o Paraguai não conseguiu se

recuperar completamente de toda a destruição.

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