
Talento e drama: os 4 fatos sobre Maria Callas, uma das maiores cantoras de ópera da história
Retrato de Maria Callas com o também cantor de ópera Mirto Picchi feita em Milão, em 1957.
Se estivesse viva, a soprano nova-iorquina Maria Callas já teria passado dos 100 anos de idade. Mas não é exagero dizer que, mesmo com sua ausência, poucos nomes da ópera conseguiram o feito de serem considerados tão icônicos e influentes neste universo como a cantora.
Nascida em 2 de dezembro de 1923, em Manhattan, Callas é filha de imigrantes gregos; mais adiante em sua carreira, trocou o sobrenome Kalogeropoulos dos pais por Callas, a fim de perseguir a carreira de cantora, como conta um artigo da Encyclopedia Britannica (uma plataforma de conhecimento e ensino baseada no Reino Unido).
Desde a infância, Maria Callas experimentou acontecimentos dramáticos e o reconhecimento de seu talento quase que em igual medida. Para conhecer melhor a trajetória de um dos símbolos da ópera mundial, National Geographic separou quatro fatos marcantes que fazem dela uma personalidade única. Acompanhe.

A foto registra Maria Callas recebendo aplausos após se apresentar na sala de concerto Concertgebouw, em Amsterdã, em 11 de julho de 1959.
A soprano teve uma infância difícil
“Maria foi marcada pelos caprichos de uma mãe ditatorial e opressora que controlava rigidamente sua agenda e a humilhava constantemente”. Assim detalha um artigo de National Geographic Espanha sobre a história da música dedicado à cantora.
Essa relação conturbada existia praticamente desde o nascimento de Callas, que também sofria – ao lado da irmã – com as idas e vindas da relação dos pais, Evangelia e George Kalogeropoulos, conta a Encyclopedia Britannica sobre ela.
Em 1937, porém, Evangelia se distanciou de vez do marido levando as filhas para Atenas, na Grécia. Foi lá que Maria – que já demonstrava talento vocal – estudou no Conservatório Nacional e, mais tarde, no Conservatório de Atenas, continua a Britannica.
Sobre esse seu período de juventude, Maria Callas já declarou que sofria também com a preferência de sua mãe pela irmã. Em uma entrevista para a revista norte-americana “Time”, em 1956, Callas chegou a dizer: “Minha irmã era magra, bonita e simpática, e minha mãe sempre a preferiu. Eu era “o patinho feio”, gorda, desajeitada e impopular. É uma coisa cruel fazer uma criança se sentir feia e indesejada”.


Da esquerda para a direita, figurinos usados por Maria Callas. O primeiro é da ópera "Norma", de 1960, no antigo teatro de Epidaurus, na Grécia. A seguir, uma peruca usada por Callas para a ópera lírica Medea de Cherubini, também em Epidaurus, no ano de 1961. Mais um figurino para "Norma", de 1960. Tudo parte da coleção do Museu Maria Callas, em Atenas.
Em 2023, um museu dedicado a preservar objetos pessoais de Maria Callas foi aberto em Atenas, na Grécia, por ocasião de seu centésimo aniversário.
Maria Callas ficou conhecida como “A Divina”: por que ela recebeu esse nome?
Apesar da carreira ter sido relativamente breve, Callas surpreendeu de imediato por seu talento quando começou a cantar e acabou recebendo o apelido de “A Divina”. Ela também trabalhou com nomes renomados como o maestro e compositor estadunidense Leonard Bernstein; e os cineastas italianos Luchino Visconti, Franco Zeffirelli e Pier Paolo Pasolini.
Sua carreira como soprano começou oficialmente em agosto de 1947, quando Callas apresentou a ópera “La Gioconda” em Verona, na Itália. Imediatamente aclamada, seguiu para cantar também em Veneza, Turim e Florença, conta a Britannica.
Já em 1949, continua a plataforma de conhecimento, Maria Callas se apresentou nas cidades de Roma, Buenos Aires e Nápoles e, em 1950, na Cidade do México. Essa turnê ajudou a consagrar Callas como artista para receber a designação de “A Divina”, diz a fonte.
Um artigo do site da rede britânica BBC explica que a designação foi dada por se considerar que Maria Callas reunia “um brilhantismo técnico, paixão e estilo expressivo” quando subia ao palco. Era praticamente impossível imitá-la, já que ela combinava “uma voz poderosa e dramática a um forte senso teatral”, afirma a Britannica.
Maria Callas: vida pessoal conturbada e a quase perda da voz
A partir da metade da década de 1950, quando já havia se tornado conhecida mundialmente, Callas passou a sofrer com o assédio constante da imprensa em relação à sua vida pessoal, continua a Britannica.
Polêmicas como a rivalidade profissional com a soprano italiana Renata Tebaldi, sua vida noturna boêmia e uma mudança de estilo e de peso (Callas perdeu 35 quilos em apenas um ano) levaram a artista a um quadro de estresse e ansiedade, enquanto era rotulada de temperamental e geniosa pela mídia, explica o artigo de NatGeo Espanha.
Como resultado, Maria Callas viu sua voz quase desaparecer e precisou rever a carreira: “No final da década de 1950, Callas começou a ter problemas vocais, principalmente uma irregularidade nos registros mais altos. Seja qual for a causa, na década de 1960 ela começou a reduzir suas apresentações”, diz a plataforma inglesa.

O Beco Maria Callas, localizado no 16º arrondissement, em Paris: uma homenagem da cidade para onde a soprano se retirou e viveu os últimos anos de sua vida.
A ligação com Paris: como Maria Callas morreu?
A artista escolheu a capital francesa como seu “lar” após passar por tempestuosos relacionamentos amorosos, os quais afetaram sua carreira. As relações com o empresário italiano Giovanni Battista Meneghini e com o magnata e milionário grego Aristóteles Onassis foram as mais notórias.
Credita-se ao rompimento traumático da relação com Onassis (que iniciava um casamento com Jacqueline Kennedy, viúva do presidente norte-americano John Kennedy), a deterioração de sua saúde física e mental. “Como resultado, a soprano se estabeleceu em Paris, onde viveu em absoluta solidão”, conta o artigo de NatGeo Espanha.
Foi em Paris que, no dia 16 de setembro de 1977, Maria Callas sofreu um ataque cardíaco e morreu. Ainda assim, continua até a atualidade como uma das principais figuras da música do século 20.
