Morre o Papa Francisco aos 88 anos: pontífice é considerado “o Papa do povo”
Francisco serviu como Papa desde março de 2013, quando foi eleito após a renúncia de Bento 16. O pontífice foi o primeiro de origem latino-americana e definitivamente deixou sua marca entre os cristãos.

Uma foto de perfil em preto e branco do Papa Francisco, dos ombros para cima.
O Papa Francisco faleceu no Vaticano em 21 de abril, depois de liderar os fiéis católicos desde março de 2013. Sua eleição como papa foi caracterizada por novidades: ele foi o primeiro homem de fora da Europa a se tornar papa em mais de 1.200 anos, o primeiro pontífice supremo da América do Sul e o primeiro membro dos jesuítas a presidir como bispo de Roma.
Como chefe da Santa Sé, Francisco abriu muitos novos caminhos, e sua liderança representou uma mudança significativa no próprio cargo, concentrando-se em preencher a lacuna cada vez maior entre a administração de elite da Igreja Católica e seu rebanho. Ele também foi pioneiro em novas abordagens para tradições e práticas católicas de longa data.
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Visto em quarto lugar a partir da esquerda na terceira fileira, o jovem Jorge Bergoglio frequentou a escola primária em Buenos Aires.
Qual foi o caminho do Papa Francisco rumo ao sacerdócio
A educação, o treinamento e a experiência prática de Francisco estabeleceram a base para sua trajetória na hierarquia da igreja. Nascido Jorge Mario Bergoglio em 17 de dezembro de 1936, em Buenos Aires, Argentina, o futuro pontífice era um técnico químico treinado.
Quando jovem, ele foi acometido por uma doença pulmonar com risco de vida que o levou a uma remoção parcial de um pulmão. Mas foi depois que Bergoglio se confessou, quando ainda era estudante do Ensino Médio, que ele recebeu o chamado para servir a Deus.
Ordenado formalmente como sacerdote católico em 1969, Bergoglio estudou teologia em sua terra natal, a Argentina, antes de fazer treinamento espiritual na Espanha.
De volta à Argentina, fez seu voto final à ordem dos jesuítas em 22 de abril de 1973 e, logo depois, tornou-se superior provincial da Companhia de Jesus. Durante as décadas de 1980 e 1990, Bergoglio atuou como reitor de sua alma mater, Faculdades de Filosofia e Teologia de San Miguel, também na capital argentina.
Depois, viajou para o exterior para continuar sua própria educação e ocupou vários cargos na igreja institucional. Em 1998, tornou-se arcebispo de Buenos Aires e foi nomeado cardeal pelo Papa João Paulo 2º em 2001.
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Jorge Mario Bergoglio como um jovem sacerdote.
Papa Francisco, um defensor da solidariedade
Ao longo de sua carreira, Bergoglio enfatizou a justiça social, o envolvimento comunitário e a solidariedade entre cristãos e não-cristãos. Ele rejeitou qualquer coisa que se assemelhasse à extravagância – por exemplo, optando por transporte público e moradias modestas em vez dos apartamentos mais elaborados habitados por seus antecessores. Seu trabalho incansável nos bairros mais pobres de Buenos Aires lhe rendeu até mesmo o apelido de “bispo da favela”.
Em 2001, Bergoglio foi lançado aos holofotes globais após o Sínodo dos Bispos, quando assumiu o cargo de relator geral. Nessa posição, Bergoglio foi encarregado de fazer o discurso principal e supervisionar os textos escritos sobre o resultado do encontro, que muitas vezes serve de guia para assuntos da Igreja.

Este é o quarto austero onde o Papa Francisco viveu enquanto estudava para o sacerdócio em San Miguel, Buenos Aires, Argentina.
Bergoglio demonstrou habilidade e graça nos procedimentos após os ataques de 11 de setembro – tanto que acabou levando a conversas sobre sua elevação ao papado após a morte do Papa João Paulo 2º em 2005. Mas foi somente oito anos depois, quando o Papa Bento 16 renunciou, que em 13 de março de 2013, o Colégio de Cardeais elegeu Bergoglio como o 266º papa da Igreja Católica Romana.
Bergoglio assumiu a cadeira papal aos 76 anos de idade, escolhendo Francisco como seu nome pontifício, em homenagem a São Francisco de Assis. Mais tarde, Bergoglio explicou que, quando os votos do conclave foram contados, sua mente se voltou para o santo do século 13: “Para mim, ele é o homem da pobreza, o homem da paz, o homem que ama e protege a criação.”
As missivas, os comunicados e os decretos oficiais do Papa Francisco demonstraram seu desejo de modernizar a Igreja e reformular um Vaticano marcado por escândalos.
Suas quatro encíclicas (cartas sobre os ensinamentos da igreja dirigidas a todos os bispos) delinearam seu foco na fé e na salvação, na relação entre o meio ambiente e a religião, na necessidade de cooperação entre todos os seres humanos do mundo e em um apelo para redescobrir a importância do coração. Francisco logo se tornou um “astro do rock” para muitos, seguido por milhões de pessoas on-line e saudado em eventos por centenas de milhares de fiéis, reunidos em multidões apertadas e ansiosas por selfies.

Jorge Mario Bergoglio foi batizado quando bebê na Igreja de San Carlos e Maria Auxiliadora em Buenos Aires.
Francisco deu ênfase ao respeito e abordou temas polêmicos
Dentro do próprio Vaticano, o Papa Francisco trabalhou para diversificar o Colégio de Cardeais em um esforço para se afastar de um corpo composto principalmente por europeus. No entanto, Francisco não ficou imune a controvérsias nem a críticas, principalmente por ter sido envolvido no escândalo de abuso sexual em andamento na Igreja.
Ele ganhou manchetes de elogios e divisões por seus comentários sobre homossexualidade e uniões entre pessoas do mesmo sexo, a prática da barriga de aluguel, seu papel na elevação das mulheres dentro da Igreja e sua posição menos rígida sobre divórcio e contracepção, entre outros tópicos.
Durante todo o seu papado, o Papa Francisco enfatizou o respeito pelos leigos e procurou capacitar as pessoas comuns em todos os lugares, simplificando as mensagens da igreja. Ele se esforçou para trazer a compaixão e a reconciliação para o primeiro plano das prioridades da Igreja Católica e acreditava na discussão aberta para promover o pensamento espiritual e clerical.
Francisco será lembrado não apenas por reformular a instituição como um todo, mas também por sua dedicação inabalável à fé e à comunidade católica e por seu olhar sem precedentes para o futuro em um mundo em constante mudança.
O sucessor do Papa Francisco, o 267º chefe da Santa Sé, será votado pelo Colégio de Cardeais em um conclave a ser realizado no período de interregno papal.
