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Conclave: como um novo papa é eleito na igreja católica?

Quem tem direito ao voto? O que significam os sinais de fumaça? Aqui está o que você precisa saber sobre a sucessão papal na tradição da igreja católica.

O Papa Francisco (atual papa em exercício) foi eleito após cinco votos no conclave papal em 13 de março de 2013. O conclave papal remonta ao século 13, embora o papado em si remonte à época de Jesus Cristo.

Foto de Peter Macdiarmid, Getty Images
Por Melissa Sartore
Publicado 22 de jan. de 2025, 15:00 BRT

Após a renúncia do Papa Bento 16 em 2013, foram necessárias duas longas semanas para que os fiéis da Igreja Católica Apostólica Romana recebessem uma resposta – quem seria o próximo representante de Deus na Terra?

Em 13 de março de 2013, as multidões na Praça de São Pedro, no Vaticano, soltaram um grito de alegria: viram uma nuvem de fumaça branca subir ao céu a partir do telhado da Capela Sistina. Os membros da mídia correram para informar sobre a decisão e a notícia se espalhou pelo mundo. Era oficial: um novo papa havia sido escolhido de acordo com a votação oficial para eleger um papa no Vaticano, processo conhecido como conclave.

Essa fumaça branca era o resultado de cédulas queimadas de uma votação bem-sucedida entre os membros do Colégio de Cardeais. Foi o ato final que selou o intrincado processo de seleção papal que, supostamente, remonta à época de Jesus Cristo.

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Após a morte do papa João Paulo 2º, os cardeais participaram de uma missa final em 18 de abril de 2005, antes do início do conclave.

Foto de L`Osservatore Romano-Pool, Getty Images

Quais são as origens do papado?


O papa era originalmente o bispo de Roma, um cargo ocupado pela primeira vez por São Pedro (um dos 12 discípulos de Jesus), de acordo com a Igreja Católica Apostólica Romana. A teoria petrina afirma que a autoridade dada a Pedro por Cristo (quando ele assumiu o cargo em 30 d.C.) foi subsequentemente transmitida a cada papa desde sua posse. 

Pedro era considerado um papa, um termo latino usado pelos cristãos por respeito filial. Na época, o mesmo título era usado por estimados religiosos em toda a cristandade. A exclusividade da palavra papa não foi reivindicada pelo bispo de Roma até o século 6. A primazia papal, o conceito de que o papa é o líder máximo da igreja, tornou-se inextricavelmente ligada ao papa em Roma, elevando o bispo da cidade acima de todos os outros bispos.

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    Reunidos para escolher o sucessor do Papa Bento 16, 115 cardeais entraram na Basílica de São Pedro, no Vaticano, para a última missa (antes do conclave papal) em 12 de março de 2013.

    Foto de Alessio Mamo, Redux

    Como chegamos ao processo atual de sucessão papal na Igreja Católica Romana? 


    A opinião popular, tanto do clero quanto dos fiéis, foi usada para eleger papas católicos até o século 11. Obviamente, raramente havia um consenso. Isso levou a eleições disputadas e a antípodas – indivíduos com reivindicações substanciais, embora falsas, à cadeira papal.

    papa Nicolau 2º emitiu um decreto em 1059 articulando o processo pelo qual os papas seriam eleitos daqui para frente, delineando o papel dos cardeais bispos como eleitores. O próprio Nicolau 2º assumiu a posição entre dois antípodas, mostrando o quanto a sucessão do papa era controversa. O decreto de 1059 diminuiu a influência da aristocracia romana e do baixo clero e lançou as bases para o Colégio de Cardeais, formalmente estabelecido em 1150.

    Os critérios para os candidatos, as regras de votação e a necessidade de sequestrar os eleitores foram formalizados, apenas para serem alterados e ajustados à medida que as falhas do sistema se tornavam claras.

    necessidade de uma maioria de dois terços de votos começou em 1179. O número de cardeais passou de não mais que 30 durante o final da Idade Média para 70 em 1586. Mais de quatro séculos depois, o Papa Paulo 6º definiu o número máximo de cardeais votantes para 120 em 1975

    O limite de idade atual para cardeais votantes foi estabelecido em 80 anos de idade em 1970. A cada papa, o número de cardeais aumenta – hoje, há 222 cardeais com 120 elegíveis para votar. Até o final do ano, mais oito não poderão votar, pois comemoram seu 80º aniversário. 

    (Você pode se interessar também: Quais são as religiões mais antigas do mundo?)

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    Antes do conclave de 2003, mesas e cadeiras são colocadas na Capela Sistina (Vaticano), diante da obra “O Juízo Final”, de Michelangelo.

    Foto de Eric Vandeville, Vatican Pool, Getty Images

    Como o papa é escolhido atualmente?


    Os cardeais são todos eleitores do próximo papa e, tecnicamente, todos eles também são candidatos. Quando os cardeais chegam a Roma, cada um deles recebe uma igreja local “titular” para supervisionar e celebrar missas durante sua estadia. É também um meio pelo qual os cardeais tornam seus rostos e nomes conhecidos pelo mundo.

    Semelhante a uma parada final de campanha de eleição para um político, o domingo antes de um conclave cria “uma cena estranha”, de acordo com o autor e especialista papal John Thavis. Thavis explicou em 2013 que os concorrentes papais são “muito cuidadosos para não dizer nada que pareça estar fazendo campanha”.

    Depois que o Colégio de Cardeais se reúne oficialmente, eles são trancados na Capela Sistina, no Vaticano, até que um novo papa seja escolhido (salvo circunstâncias extraordinárias). Eles fazem um juramento para manter a integridade do conclave – o sigilo é de extrema importância e somente alguns assistentes têm permissão para ter contato com os cardeais votantes.

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    À esquerda: No alto:

    Fumaça preta sai da chaminé no telhado da Capela Sistina, indicando que o colégio de cardeais não conseguiu eleger um novo papa em 13 de março de 2013.

    Foto de Dan Kitwood, Getty Images
    À direita: Acima:

    A fumaça branca indicou que um novo papa foi escolhido em 13 de março de 2013: o argentino Jorge Bergoglio.

    Foto de Peter Macdiarmid, Getty Images

    A preparação das cédulas (chamada de “pré-escrutínio”) envolve a distribuição, o preenchimento e a designação de coletores e contadores de cédulas. O voto (“escrutínio”) é feito em segredo. Durante o “pós-escrutínio”, os votos são tabulados, reafirmados e depois queimados

    Uma votação inicial ocorre no primeiro dia. Se ninguém for eleito, é realizada uma votação máxima de quatro votos para cada dia subsequente do conclave, sendo que cada grupo de cédulas malsucedidas é queimado em seguida. Se três dias de votação não resultarem em um novo papa, os membros do conclave tiram um dia inteiro para oração e contemplação. Se esse ciclo de quatro dias se repetir mais sete vezes, é realizado um segundo turno entre os dois candidatos que receberam mais apoio.

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    Uma enorme multidão reunida na Praça de São Pedro assiste ao novo papa, o argentino Jorge Mario Bergoglio, aparecer em uma sacada na Basílica de São Pedro em 13 de março de 2013.

    Foto de ANDREAS SOLARO, AFP, Getty Images

    queima de cédulas, ou fumataé a pista do público sobre o que de fato ocorreu dentro dos limites da Capela Sistina durante o conclave, pois a fumaça da queima é vista por todos. Para que a fumaça possa ser vista, um fogão e uma chaminé temporários são instalados na Capela Sistina antes do início do conclave. 

    Não se sabe ao certo quando a prática de queimar cédulas começou, mas a fumaça branca como sinal de um novo papa só existe desde o final do século 19 ou início do século 20. Uma cédula malsucedida, quando queimada, emite fumaça preta. 

    Até 2005, o Vaticano adicionava materiais naturais como palha úmida (para o branco) e piche (para o preto) às cédulas. Foi somente em 2013 que o Vaticano revelou os produtos químicos adotados em 2005 para esse fim: uma mistura de clorato de potássio, lactose e resina de coníferas para o branco, e perclorato de potássio, antraceno e enxofre para o preto. 

    Quatro plumas de fumaça preta foram vistas em 2013 antes que a fumaça branca finalmente aparecesse. Poucas horas antes de a fumaça branca sair do Vaticano, uma gaivota branca solitária empoleirou-se no topo da chaminé. Os observadores consideraram esse fato como um sinal de esperança de que a espera por um novo papa estava quase no fim. Eles estavam certos. O cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio (o atual Papa Francisco) havia sido eleito para o cargo por seus pares.  

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