Em casa e no trabalho: como você pode reduzir sua pegada de carbono

Reduzir a emissão individual de gases de efeito estufa depende de escolhas do dia a dia, afirmam especialistas.

Centro de Reciclagem de Recursos Minato de Tóquio.

Foto de David Guttenfelder
Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 25 de out. de 2022, 10:09 BRT, Atualizado 27 de out. de 2022, 12:14 BRT

Assim como deixar pegadas ao andar na areia, a pegada de carbono se refere ao fato de que todos os seres humanos deixam marcas no meio ambiente. Esse impacto é medido ao se calcular o total de emissões e absorções de gases de efeito estufa na atmosfera. 

“Todos temos uma pegada de carbono”, diz Sebastián Galbusera, engenheiro industrial especializado em mitigação de mudanças climáticas

Segundo ele, que atua no Projeto de Meio Ambiente da Associação Argentina de Consórcios Regionais de Experimentação Agrícola (Aacrea), a pegada pode ser negativa quando as atividades das pessoas emitem mais gases do que absorvem, ou positiva, quando acontece o oposto. 

Pegada de carbono: quanto poluímos?

Mas não há como escapar de ter uma pegada. “Só por estarmos vivos geramos um impacto no nosso entorno”, diz Daniela Gómez de la Maza, bióloga mexicana, co-fundadora e diretora do aplicativo Widu, ferramenta que mede a pegada de carbono individual e oferece ações e soluções para reduzi-la. 

Estimativas da  Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês), no mundo uma pessoa emite, em média, 9.34 toneladas de CO² por ano. 

As atividades que mais somam para essa pontuação, segundo a plataforma da UNFCCC, são a escolha dos meios de transporte, consumo de energia e hábitos de consumo. 

Porque reduzir a pegada de carbono

Para Maza, os esforços individuais para reduzir a pegada de carbono fazem a diferença porque simples hábitos de consumo podem influenciar no meio ambiente. “Não se trata apenas de reduzir nossa pegada de carbono pessoal, mas de viver de forma mais consciente com o planeta. Temos um poder incrível de nos reunir em movimentos sociais e mudar o sistema”, acredita a bióloga. 

Em concordância com Maza, Galbusera afirma que “se mudarmos a demanda, podemos influenciar toda a cadeia em direção a caminhos mais ecológicos."

A National Geographic consultou os especialistas e trouxe algumas dicas que são eficazes para diminuir seu impacto ambiental em casa e durante sua jornada de trabalho.  

1. Economizar energia

De acordo com os especialistas, tomar medidas para reduzir o consumo de energia é um dos meios mais eficazes para a diminuição da pegada de carbono pessoal. Segundo Maza, das emissões globais, 73% são equivalentes à geração de energia. 

Por isso, ações que variam desde desligar a luz ao sair de uma sala, desconectar dispositivos eletrônicos que você não está usando e trocar as lâmpadas incandescentes por LED são algumas das dicas. 

A bióloga também menciona que, se possível, é recomendado usar fontes de energia mais limpas, como a energia solar. “Instalar painéis solares ou aquecedores solares de água são boas medidas.”

2. Prefira usar meios de transporte limpos

Outra medida entre as mais eficazes para reduzir a pegada de carbono é usar meios de transportes considerados mais limpos em comparação a veículos individuais (carros) movidos à gasolina ou biocombustíveis. 

“O uso de transportes coletivos ou meios de deslocamento que sejam de emissão zero, como bicicletas ou caminhadas, são preferíveis”, indica Galbusera. 

Carros elétricos também ajudam a diminuir a pegada de carbono. Mas, considerando o gasto energético e a produção deste tipo de veículo, Maza não os considera como boas opções. 

“Um carro elétrico segue tendo um alto impacto ambiental por conta das baterias de lítio que precisam para funcionar e são muito difíceis de reciclar”, diz. 

3. Recicle

Reciclar parte do lixo pode diminuir as emissões de gases de efeito estufa causados pelo descarte incorreto de resíduos. “Ao se decomporem, diversos materiais emitem carbono. Também há o fato de que alguns objetos que usamos no dia a dia demoram anos para se decompor e causam outros danos ao meio ambiente .”

De acordo com Maza, embalagens de plástico e resíduos perigosos como baterias e lâmpadas, produtos químicos, fraldas e absorventes são alguns dos objetos que mais impactam na pegada de carbono se reciclados. 

Ainda em relação à reciclagem, o reaproveitamento de resíduos orgânicos é uma grande medida para reduzir as emissões de carbono. “Lixo orgânico, como restos de alimentos, liberam gases como o metano, que é um gás de efeito estufa muito forte”, explica Galbusera. 

Se reciclados, por meio de compostagem, o lixo orgânico “gera um grande impacto positivo, devolvendo nutrientes ao solo e auxiliando no combate à desertificação e às mudanças climáticas”, afirma o engenheiro.

4. Reduza 

“Reciclar ajuda muito, mas não ter o que reciclar ajuda ainda mais”, destaca Daniela de la Maza. Para ela, o melhor cenário para reduzir a pegada de carbono pessoal é diminuir o consumo de certos produtos, o que geraria menos lixo.

“O plástico, por exemplo, mesmo quando reciclado se decompõem em partículas menores, como microplásticos, que causam muitos danos ao meio ambiente e até à saúde das pessoas”, alerta a bióloga. 

Galbusera complementa a recomendação afirmando que ao reduzir o consumo de produtos contaminantes (como plásticos de uso único), também se limita sua produção. 

“Deixar de fazer uma garrafa plástica, por exemplo, deixaria de emitir muito mais carbono do que reciclá-la depois de usada”, diz o especialista em mudanças climáticas.

(Veja também: Nat Geo Podcast | Episódio 3: Mais vida, menos lixo)

5. Consuma de comércios locais e conscientes

“Quando consumimos qualquer produto ou serviço, estamos emitindo carbono. Ou seja, qualquer escolha sobre o que vamos comer ou vestir impacta no cálculo da pegada de carbono”, indica de la Maza. 

Escolher consumir de comércios locais que prezam pela sustentabilidade e economia local ajuda a promover práticas mais sustentáveis ao longo da cadeia de produção. 

“Ter mais consciência no consumo de produtos, ou seja, conhecer o custo ambiental para a fabricação de certo bem de consumo, faz com que o consumidor possa escolher e exigir comprar de lugares que sejam mais amigos do ambiente”, afirma Galbusera. 

6. Conheça sua pegada de carbono

Se você quer saber mais sobre qual é a sua pegada de carbono individual, a National Geographic, por meio da campanha #OQueVocêFazImporta, disponibiliza a calculadora de pegada de carbono. A ONU, por meio do UNFCCC, também tem uma.

A ferramenta estima suas emissões domésticas com base em dados específicos do país em que você mora e a partir de informações sobre seu uso de energia em casa, como você se desloca e viaja e questões do seu estilo de vida, como qual a sua dieta e hábitos de consumo.

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