O arquiteto chinês Kongjian Yu é o criador do conceito de cidades-esponja, que parte do ponto ...

O “pai” das cidades-esponja: os 4 dados surpreendentes sobre Kongjian Yu, o arquiteto chinês que morreu no Pantanal

O renomado arquiteto e paisagista Kongjian Yu revolucionou diversas cidades chinesas ao abraçar o meio ambiente em suas construções, virando referência em obras resilientes diante da mudança climática.

O arquiteto chinês Kongjian Yu é o criador do conceito de cidades-esponja, que parte do ponto de que as construções devem ser “sensível à água”. Yu não era adepto do uso de cimento em suas obras e se posicionava contra a canalização de rios, bem como do asfaltamento indiscriminado de vias. Aqui, uma das obras da agência do arquiteto – o parque Sanya Mangrove, na ilha de Hainan, no sul da China.

Foto de Kongjian Yu/Turenscape/Agência Fapesp e Divulgação/Turenscape
Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 24 de set. de 2025, 14:20 BRT

Um trágico acidente aéreo no último dia 23 de setembro, na região rural da cidade de Aquidauana, na parte do Pantanal localizada no estado do Mato Grosso do Sulvitimou o conceituado arquiteto chinês Kongjian Yu, aos 62 anos, mundialmente conhecido por ser o criador do conceito de cidades-esponja. Kongjian Yu estava no Brasil para participar da Bienal de Arquitetura, em São Paulo, onde palestrou em 19 de setembro. 

Na viagem para conhecer o Pantanal brasileiro, Yu também estava acompanhado pelo cineasta Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz e pelo diretor de cinema Rubens Crispim Jr., que estavam realizando um documentário sobre o arquiteto. Também estava ainda o piloto Marcelo Pereira de Barros, proprietário do avião. Todos morreram após o impacto da aeronave com o solo, em uma fazenda da região, como reportam os principais veículos de imprensa do Brasil. 

A seguir, conheça cinco fatos surpreendentes sobre a trajetória de Kongjian Yu e porque seu trabalho vem sendo tão importante em tempos de eventos climáticos extremosmudança do clima

Uma das passarelas suspensas do parque Jinhua Yanweizhou, na cidade de Jinhua, no leste da China.

Uma das passarelas suspensas do parque Jinhua Yanweizhou, na cidade de Jinhua, no leste da China. 

Foto de Divulgação Turenscape

Quem é Kongjian Yu, o criador das cidades-esponja

Kongjian Yu é dono de um currículo impressionante: era professor e reitor da Faculdade de Arquitetura e Paisagismo da Universidade de Pequim; Doutor em Design pela Harvard Graduate School of Design; membro da Sociedade Americana de Arquitetos Paisagistas; doutor Honoris Causa em Paisagem e Meio Ambiente pela Universidade Sapienza de Roma, Itália; e doutor Honoris Causa em Arquitetura Paisagística, Universidade Norueguesa de Ciências da Vida, na Noruega. 

Ele também era o fundador e principal arquiteto da Turenscape, a agência de design por trás de algumas das obras arquitetônicas mais impressionantes dos últimos anos na China

Isso porque elas exemplificam a união entre natureza e arquitetura, algo que é o cerne do conceito de cidades-esponja – aquela que é “sensível à água”, ou seja, “possui a capacidade de deter, limpar e infiltrar águas usando soluções baseadas na natureza” –, evitando, assim, enchentes e alagamentos, como explica artigo sobre o tema publicado pelo Observatório de Inovação para Cidades Sustentáveis (OICS), uma plataforma do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, o PNUMA.

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    O arquiteto Kongjian Yu ficou famoso mundialmente por seus projetos arquitetônicos focados em sustentabilidade.

    O arquiteto Kongjian Yu ficou famoso mundialmente por seus projetos arquitetônicos focados em sustentabilidade. 

    Foto de Divulgação Turenscape

    Os 4 datos que é preciso saber sobre Kongjian Yu e suas criações 

    Nascido em 1963, o arquiteto era um crítico enfático da canalização da água, das ruas e estradas revestidas de concreto, e das barragens e diques, conforme disse em uma entrevista para o jornal espanhol “El País”. 

    Para a publicação, também comparou as cidades com as veias do corpo humano: "Elas precisam ser flexíveis para transportar melhor o líquido que contêm", explicando que nas cidades de concreto "luta-se contra a água, em vez de adaptar-se a ela". A seguir, mais dados sobre ele.

    1. Kongjian Yu assinou mais de 500 projetos “verdes”

    O arquiteto e sua equipe têm obras espalhadas em cerca de 250 cidades na China (como Beijing, Xangai e Wuhan) e no Exterior, indica o site da agência Turenscape. Foram mais de 500 projetos entre os quais se destacam o parque suspenso de Jinhua Yanweizhou, na cidade de Jinhua, no no leste da China, que se torna alagável quando há muita chuva. 

    Onde havia rios canalizados, Yu trabalhou para reconstruir as margens com pântanos, planícies de inundação, zonas úmidas e áreas de transição. Além de reduzir a velocidade do escoamento, ele criou espaço para a água se espalhar”, detalha um artigo sobre as cidades-esponja publicado pelo site científico Pesquisa Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

    2. A inspiração para os projetos de Kongjian Yu vem de sua infância em uma área rural 

    Como a página oficial de sua agência, Yu considera a arquitetura como a arte da sobrevivência”, já que entende que a natureza deve ser abraçada”, mesmo em “seus aspectos mais destrutivos”, como quando acontecem as inundações nas cidades.

    A fonte também explica que Yu baseou seus estudos e futuras criações na experiência de ter vivido em uma pequena vila chamada Dongyuno interior da China, um lugar marcado pelo trabalho na agricultura. Foi daí que retirou o que considerava ser uma “sabedoria ancestral de gestão de água e resíduos para projetar e testar uma série de soluções baseadas na natureza”. 

    A ideia de esponjas vem dessa vivência: “ele então aprimorou e padronizou essas soluções, transformando-as em módulos replicáveis de engenharia ecológica que podem ser implementados em larga escala de maneira economicamente viável, resolvendo múltiplos problemas ecológicos urbanos de forma simbiótica e holística”, completa a fonte. 

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    Vista aérea do parque Benjakitti Forest, em Bangcoc, que foi construído em apenas 18 meses e é uma das obras arquitetônicas premiadas da agência do criador das cidades-esponja. 

    Foto de Divulgação Turenscape
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    O parque Benjakitti Forest fica em Bangcoc, na Tailândia, e ficou pronto em 2022. É mais um projeto do escritório de arquitetura e paisagismo de Kongjian Yu. O local era o local de uma antiga fábrica de tabacoe agora é o maior espaço público de lazer da cidade. 

    Foto de Divulgação Turenscape

    3. O arquiteto evitava as construções de concreto, chamadas por ele de de “infraestrutura cinza”

    De acordo com o artigo da Agência Brasil, em uma de suas passagens pelo Brasil, Yu contou que a enorme presença de concreto nas cidades, especialmente na canalização de rios e na impermeabilização de grandes áreasagrava os problemas com chuvas intensas, por exemplo. 

    Ele viu isso acontecer no próprio vilarejo em que ele morava, na região de Zhejiang –  uma província costeira no leste da China a sudeste de Xangai e ao sul do Delta do Rio Yangtze. 

    Segundo Yu, sua vila sofria constantemente com inundações, algo que acabou quando ele intercedeu na arquitetura local e priorizou projetos paisagísticos com grandes áreas alagáveis e presença de vegetação nativa, “diminuindo danos a áreas habitadas", informa o texto. “A enchente passa a não ser uma inimiga”, disse o arquiteto na ocasião. 

    4. Kongjian Yu também foi pesquisador, ativista social e escreveu mais de 20 livros

    Segundo o site da agência Turenscape, Yu escreveu mais de 20 obras relacionadas ao tema de cidades-esponja e resiliência do clima. Ele também é o fundador e editor-chefe da revista internacionalmente premiada “Landscape Architecture Frontier”, uma referência sobre o tema.

    Além disso, durante sua carreira também atuou em pesquisa científica como defensor de causas sociais, acreditando, inclusive, que o Brasil poderia se tornar referência na reconstrução de cidades devastadas por tragédias ambientais, como informa um artigo da Agência Brasil (portal de notícias oficial do governo brasileiro).   

    Espero que o Brasil possa ser referência sobre como devemos construir o mundo”, disse o professor em um evento sobre sustentabilidade realizado no Rio de Janeiro, em junho de 2024.

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