
A origem da Terra: como foi a jornada cósmica que formou o planeta
Imagem do planeta Terra como uma “bola azul” capturada pelo instrumento Viirs a bordo de um satélite de observação da Terra lançado pela Nasa – o Suomi NPP.
Todos os seres vivos do planeta habitam a superfície da Terra, respiram o ar que a envolve e usufruem da água que cai pelas chuvas e está em seus rios e mares. Mas a Terra nem sempre foi um lugar acolhedor para a criação da vida e, muito menos, com a aparência que se conhece hoje em dia.
Há bilhões de anos, a poeira e os gases que formaram o nosso Sistema Solar, inclusive os planetas, existiam apenas como uma enorme nuvem. Em algum momento da história do Universo, uma “perturbação” nessa grande nuvem de poeira e gases desencadeou uma série de eventos que levaram à formação do sistema de corpos celestes como o conhecemos.
A National Geographic apresenta essa história da origem da Terra, como foi possível os cientistas descobrir esses fatos e as especulações e pesquisas acerca da “idade” da criação do planeta azul que habitamos.
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Arte feita com base da visão feita pela Nasa da jovem estrela Beta Pictoris. Esse disco de poeira e gás orbitando a estrela é produzido por colisões entre asteroides e cometas e pela evaporação desses corpos celestes. Planetas gigantes (como a Terra) podem ter se formado dessa forma, segundo as diversas pesquisas mais respeitadas.
Qual é a origem da Terra?
Conforme um artigo sobre o tema no site da National Geographic Education, cientistas acreditam que tudo começou há cerca de 4,6 bilhões de anos, quando uma perturbação na enorme nuvem de poeira e gases foi causada pela explosão e o colapso de uma estrela distante.
Esse evento teria causado ondas no Espaço que comprimiram a nuvem de poeira e ela começou a se contrair sob sua própria gravidade. À medida que se contraía, formou um grande disco giratório de gás e poeira, conhecido como nebulosa solar. Quanto mais rápido a nuvem girava, mais a poeira e os gases se concentravam no centro, fazendo com que a nebulosa girasse ainda mais rápido.
“Com o tempo, a gravidade no centro da nebulosa tornou-se tão intensa que os átomos de hidrogênio começaram a se mover mais rapidamente. Átomos de hidrogênio carregados, chamados prótons, começaram a se fundir, formando hélio e liberando enormes quantidades de energia. Isso levou à formação do Sol, a estrela que é o centro do nosso Sistema Solar”, explica a fonte de educação da NatGeo.
A formação do Sol consumiu mais de 99% da matéria da nebulosa. De acordo com a Encyclopædia Britannica (plataforma de conhecimento do Reino Unido), o material restante seguiu girando, formando fragmentos maiores e, eventualmente, planetesimais – que são os blocos que originam a construção dos planetas.
A Terra se formou justamente a partir de uma mistura de planetesimais rochosos e metálicos, explica a Britannica. À medida que esses corpos se fundiam, eles cresciam e sua atração gravitacional aumentava, permitindo-lhes atrair ainda mais material, em um processo contínuo de milhares de anos e diferentes fases, até que a Terra atingiu seu tamanho atual.
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Acima, uma ilustração que reproduz como teria sido a formação da Lua da Terra.
Como foi o processo de formação da Terra?
De acordo com a Britannica, à medida que a Terra crescia, ela passou por um processo chamado diferenciação, em que se aquecia devido à decomposição de isótopos radioativos, energia gravitacional e impactos de outros corpos celestes.
Esse imenso calor fez com que o planeta ainda em formação derretesse parcialmente, permitindo que elementos mais pesados, como ferro e níquel, afundassem em direção ao centro, formando o núcleo da Terra. “Enquanto isso, os elementos mais leves subiram à superfície, criando a crosta terrestre. Essa separação de materiais foi crucial para moldar a estrutura interna da Terra e preparar o terreno para o desenvolvimento de sua atmosfera e dos oceanos”, afirma a fonte inglesa.
A National Geographic Education complementa afirmando que esse processo de formação da Terra teve três etapas diferentes, sendo a primeira fase conhecida como acreção – quando as partículas dentro do Sistema Solar colidiram entre si e se uniram, dando início ao que seria a Terra posteriormente.
Na etapa seguinte, um outro protoplaneta teria colidido com a Terra ainda muito jovem. Acredita-se que essa colisão tenha ocorrido há cerca de 4,5 bilhões de anos e pode ter resultado na formação da Lua, o satélite terrestre.
“Experimentos sugerem que quase 30% da água dos asteróides pode ter permanecido na Terra.”
Já a fase final do desenvolvimento foi marcada pelo bombardeio do planeta com asteróides e meteoritos, como corrobora a Britannica. Os cientistas acreditam que os asteróides que colidiram com a Terra, continham uma quantidade significativa de água e, como eles atingiram a superfície da Terra em alta velocidade, se fragmentavam e derretiam. Experimentos sugerem que quase 30% da água dos asteróides pode ter permanecido na Terra.
“O bombardeio de asteróides e meteoritos também ajudou a moldar a superfície da Terra, criando bacias e crateras. Com o tempo, a atividade vulcânica e os movimentos tectônicos solidificaram ainda mais a paisagem, levando à formação de continentes e outras características geológicas da Terra”, afirma a Britannica.
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O “Big Bertha” é uma amostra de rocha lunar que contém minerais que sugerem que deve ter se formado na Terra há cerca de 4 bilhões de anos. Ela foi coletada na estação C1 durante a missão da Nasa Apollo 14 à Lua, em 1971.
Como os cientistas chegaram a essa teoria da origem da Terra?
Um artigo sobre a formação da Terra no site da Universidade de Chicago (Estados Unidos) explica que a chave dessa história são os meteoritos. “Os meteoritos trazem muitos tipos diferentes de materiais de todo o Sistema Solar para a Terra, onde os cientistas podem estudá-los. Esses materiais e pedaços de asteróides e planetesimais foram deixados para trás no processo de formação dos planetas”.
Com base nos elementos radioativos como urânio e háfnio que ficam presos dentro dos minerais que compõem esses objetos quando eles se formam, os cientistas planetários puderam estudar ao longo dos anos determinar a idade aproximada da Terra e seu tempo de formação.
Usando essas medições e simulações da física das colisões de poeira e planetesimais, cientistas planetários e astrônomos estabeleceram que o processo de transformação de poeira em protoplaneta leva dezenas de milhões de anos. “Mas a fase final da formação dos planetas em nosso Sistema Solar pode ter levado muito mais tempo — até cerca de 100 milhões de anos”, explica o artigo da Universidade de Chicago.
