O que são eventos climáticos extremos e por que eles são tão perigosos?
Uma soma de fatores, que incluem a ação humana e a devastação do meio ambiente, estão envolvidos na ocorrência cada vez maior de desastres naturais.
As enchentes que atingiram mais de 300 cidades no estado do Rio Grande do Sul, no Brasil, no final de abril e começo do mês de maio de 2024, são um dos exemplos mais recentes, na América Latina, de eventos climáticos extremos e seus gigantescos impactos na sociedade.
Ondas de calor, inundações, furacões: muitas são as manifestações da natureza quando o assunto é o clima do planeta, mas nas últimas décadas, o efeito das mudanças climáticas transformou fenômenos meteorológicos em experiências extremas, com grande impacto nas sociedades e maior recorrência.
“Popularmente conhecido como ‘desastre natural’, um evento climático ou meteorológico extremo resulta de uma séria interrupção no funcionamento normal de uma comunidade, afetando seu cotidiano”, detalha um documento do Observatório de Clima e Saúde da FioCruz (instituição de pesquisa científica do governo federal brasileiro). As enchentes e inundações ocorridas no fim de abril e começo de maio deste ano, no estado do Rio Grande do Sul, se encaixam nesse conceito, e são consideradas uma das maiores catástrofes climáticas do Brasil na história.
Já um artigo sobre o tema da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), explica que os eventos climáticos extremos “causam perdas materiais, humanas, animais, danos ao meio ambiente e risco à saúde”. Por isso, são tão perigosos e precisam de medidas preventivas e estudos socioambientais para diminuir seus impactos.
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A Marinha chilena mobilizado apoio às comunidades afetadas pelos incêndios florestais no país em fevereiro de 2024.
Quais são os principais eventos climáticos extremos?
Ainda segundo os dados da Faculdade de Saúde Pública da USP, existem seis tipos principais de eventos climáticos extremos. São eles:
- Estiagem e seca;
- Incêndios florestais;
- Ondas de calor e de frio;
- Inundações e enchentes;
- Deslizamentos de terra;
- Ciclones, tornados e vendavais.
Esses acontecimentos também têm o potencial de causar perdas agrícolas, desabastecimento e contaminação de água, cortes de luz e proliferação de doenças, detalha a fonte.
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Voluntários ajudando a limpar os destroços causados por tornados na cidade de Ohatchee, no Alabama, Estados Unidos.
Como são classificados os eventos climáticos extremos
O Observatório de Clima e Saúde da FioCruz detalha que a forma como se originam os eventos climáticos e meteorológicos extremos interfere em sua classificação. Segundo a fonte, eles podem ter:
- Origem hidrológica, no caso de inundações bruscas e graduais, alagamentos, enchentes, deslizamentos;
- Origem geológica ou geofísica, quando referentes a processos erosivos, de movimentação de massa e deslizamentos resultantes de processos geológicos ou fenômenos geofísicos;
- Origem meteorológica, quando se tratam de raios, ciclones tropicais e extratropicais, tornados e vendavais;
- Origem climatológica, que se refere a estiagem e seca; queimadas e incêndios florestais; chuvas de granizo, geadas e ondas de frio e de calor.
Com o aumento da temperatura global, mais ocorrências climáticas extremas devem ser verificadas no mundo. O ano de 2023 já foi considerado o mais quente da história do planeta, segundo dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM). A entidade ressaltou também que 2023 “foi um ano de riscos climáticos recordes na América Latina e no Caribe”.
O OMM afirmou ainda, em relatório publicado em 8 de maio de 2024, que “a América Latina e do Caribe é cercada pelos oceanos Pacífico e Atlântico e o clima na região é, em grande parte, influenciado pelas temperaturas predominantes da superfície do mar e interferências na interação entre a atmosfera e o oceano, como o El Niño”.
Só no Brasil, por exemplo, foram registrados 12 eventos climáticos extremos em 2023, sendo nove deles “considerados incomuns e dois sem precedentes”. “Cinco ondas de calor, três chuvas intensas, uma onda de frio, uma inundação, uma seca e um ciclone extratropical foram reportados para a OMM”, diz o site da instituição.