Fotos: Novo coronavírus obrigou o Irã a fazer uma pausa dramática
A morte de um pai, moradores de um prédio cantando juntos, o telefonema de uma desconhecida: fotógrafa documenta o estado de vida suspenso no país.
Publicado 26 de mar. de 2020, 10:34 BRT

Exatamente um ano após a morte do pai da autora, Behrooz, ela e a irmã foram colocar flores no túmulo. Elas haviam planejado uma grande cerimônia com convidados e comida, mas tiveram que cancelá-la quando o surto de coronavírus se espalhou pelo Irã. O cemitério, normalmente muito movimentado durante o ano novo iraniano, parecia estranho e abandonado. “Tentei pensar em meu pai, mas havia muitas distrações”, escreve Newsha Tavakolian.
Foto de Newsha Tavakolian, National GeographicOs iranianos estão usando luvas de látex para se proteger contra o vírus. Mas elas são difíceis de descartar, pois podem estar contaminadas e, às vezes, acabam na rua.
No complexo de apartamentos “Ekbatan”, no oeste de Teerã, os moradores chegam às suas janelas às 20h para dançar e cantar. Milhares de pessoas estão em quarentena no amplo edifício.
Uma captura de tela de um programa de televisão mostra a luta contra o coronavírus. A TV na casa da mãe da autora está sempre ligada, alternando entre mensagens felizes de ano novo e atualizações sobre o vírus. Ela espera boas notícias, mas raramente as recebe.
Cansada de ficar dentro de casa, a irmã da autora veste uma máscara facial para jogar badminton com as amigas.
Produtos para a higienização das mãos e sprays desinfetantes agora fazem parte do conjunto normal de coisas que os iranianos carregam o tempo todo.
Um caminho atrás do prédio de apartamentos da autora em Teerã. Embora o vírus tenha esvaziado as ruas, ela continua caminhando pela cidade e fotografando.
Gatos de rua ao redor do prédio da autora recebem mais atenção, pois os moradores da vizinhança estão cumprindo quarentena.
Uma mulher solitária retorna ao prédio da autora depois de ir ao supermercado.
O ano novo iraniano é comemorado no primeiro dia da primavera em todo o país. Normalmente, a estilista de 33 anos Ida Afshar vende todo seu estoque de blusas e casacos antes do evento. Este ano, devido aos temores em torno da Covid-19, ela vendeu muito pouco.
Kamran Arashnia, músico de 34 anos, está em quarentena há mais de um mês. Quando os amigos vêm visitá-lo, ele aplica um spray com solução desinfetante neles.
Em vez do aperto de mão ou do abraço, uma nova saudação tomou conta do Irã: a batida de pés.
A mãe da autora, Jila, passa boa parte do tempo na mesa da cozinha olhando para fora ou assistindo TV.
A mãe da autora, Jila, em frente à janela do quarto apreciando a árvore que floresce no jardim. “Isso a deixa feliz”, escreve Tavakolian, “mesmo que por um instante”.
As horas em que ficou presa em seu apartamento inspiram a autora a brincar com luz e fotografia.
Milhões de habitantes de Teerã estão presos no interior de suas casas durante a pandemia de coronavírus. Os hospitais estão tão cheios que até mesmo pacientes infectados são enviados para casa para se recuperar.
Um playground normalmente ocupado no complexo de apartamentos da autora está obsoleto.
A chave reserva do apartamento de uma vizinha é usada quando seus gatos e cães precisam ser alimentados enquanto ela viaja a trabalho.
O ministro da saúde do Irã anuncia o número de mortos e infectados todos os dias na televisão estatal. “Como fotógrafa, sempre quero conhecer a história por trás dos números”, diz Tavakolian, “mas desta vez é simplesmente impossível”.
Entregadores de supermercado não são mais permitidos no prédio. Em vez disso, o porteiro leva as entregas aos idosos com muito medo de descer,
Antes do coronavírus, este famoso restaurante estava sempre movimentado e nunca havia um lugar disponível. Agora está vazio.
Olhando para fora da varanda, um dia nublado embaça a visão da fotógrafa.
