O ano de 2020 não acabou – mas essas fotos já fizeram história
Do uso de máscaras a protestos contra a brutalidade policial, o coronavírus mudou nossas experiências diárias, mas nossos fotógrafos continuam fazendo seus registros.

Um homem que se intitula “Royal G” se posiciona na frente de policiais segurando uma bandeira dos Estados Unidos em 31 de maio de 2020, durante um protesto no Brooklyn, Nova York, pela morte de George Floyd. “Fui agredido pela polícia dentro e fora da prisão”, afirma. “Tenho uma filha de cinco anos que se chama Jayde. O que quer que eu faça hoje pode ajudá-la um dia, quando for a vez dela. Quero que ela se orgulhe quando ler sobre esse protesto e saber que o pai dela participou.”
Jerry Lovett solta um pombo depois do funeral do irmão, Chester Lovett, que morreu de complicações causadas pela covid-19 no Hospital Sinai-Grace, em Detroit. Pai de dez filhos, os membros da família de Chester Lovett tiveram que se alternar durante a cerimônia realizada na casa funerária Wilson-Akins.
No outono, os pinguins-imperadores começam sua jornada de cerca de 10 quilômetros do oceano até o local de reprodução da baía de Atka, na Terra da Rainha Maud, na Antártida. O clima cada vez mais quente está descongelando o gelo marinho necessário para o acasalamento.
A extinção da borboleta azul da espécie Glaucopsyche xerces de 2,5 centímetros de largura, vista pela última vez pelas dunas de São Francisco há quase 80 anos, pode ter sido um prenúncio do que os cientistas temem que possa se tornar uma extinção global de insetos. Este espécime foi coletado no lago Merced, na Califórnia, em 30 de março de 1909 e fotografado na Academia de Ciências da Califórnia, em São Francisco.
Último dia das provas finais na escola de ensino médio Zarghona High School, em Kabul, uma das maiores escolas de meninas do país, com mais de 8,5 mil alunas e 230 professoras. “Estamos assustadas”, disse a diretora Nasreen Noorzai, preocupada que o Talibã possa recuperar o poder e proibir a educação para meninas.
Carros exibidos em grande estilo no estacionamento do Cadillac Ranch RV Park em Amarillo, no Texas. O automóvel é símbolo dos Estados Unidos há mais de um século. Mas agora com os mais de um bilhão de veículos em todo o mundo acelerando as mudanças climáticas, os motores de combustão interna estão sendo colocados à prova. Nesta noite chuvosa os carros parecem suspensos.
Com novos ossos surgem novos modelos: Guzun Ion da DI.MA. Dino Makers, uma agência de esculturas parar museus em Fossalta di Piave, na Itália, modela uma versão atualizada da cauda de uma escultura de Spinosaurus em tamanho real. O novo fóssil recém-descoberto de uma cauda mudou o que os cientistas sabiam sobre o grande predador, que está fazendo história por ser o primeiro caso conhecido de dinossauro que nadava.
Uma chama laranja e brilhante do foguete SpaceX Falcon 9 parece traçar uma linha por entre as nuvens nesta foto com 40 segundos de exposição tirada no Centro Espacial Kennedy, em Merritt Island, na Flórida.
Luke Zenda, de 19 anos, passando o bocal do aspirador em sua bochecha no lava-jato Rising Tide em Margate, na Flórida. Empresas familiares que ajudam adultos autistas a encontrar trabalho são cada vez mais comuns.
Pacientes ambulatoriais sendo testados para a covid-19 em um hospital particular em Seul, na Coreia do Sul. Os locais de realização dos testes são montados como cabines telefônicas para impedir o contato entre pacientes e a equipe médica. O teste consiste na coleta de amostras do nariz e da boca e dura menos de um minuto — o resultado do teste fica pronto entre quatro e seis horas. O hospital realizou o teste em 2,7 mil pacientes e identificou quatro casos confirmados entre 10 de março e 22 de abril de 2020.
Rose Morton colocando uma máscara antes de entrar no hospital de Baltimore, em Maryland, onde trabalha como enfermeira. Todas as pessoas que entram no hospital são obrigadas a utilizar a máscara o tempo todo. Morton, que também é fotógrafa e recebe uma bolsa da National Geographic Explorer, relata suas experiências diárias na linha de frente da pandemia do coronavírus.
Ruth Kavana, mãe solo de quatro filhos, se olha no espelho dentro de sua casa em uma moradia informal de Kibera em Nairóbi, Quênia. Quando o coronavírus surgiu no Quênia, ela fechou por um mês seu estabelecimento onde vendia ovos, batatas fritas e smokies, um petisco popular de linguiça.
Daniel Owino, músico conhecido como Futwax, e seu filho de quatro anos, Julian Austin, tocando sua última canção: “Have you sanitized (Você lavou as mãos)?”. Depois de saber do caos que a covid-19 estava causando na Europa, Futwax, que também vive em uma moradia informal de Kibera, acredita que sua música pode ajudar as pessoas. “É meu dever garantir que todos saibam o que está acontecendo e que façam o que puderem para tentar se proteger. Temos de ser a nossa própria solução”, afirma.
Listen Dube, 37 anos, ora ajoelhado nas margens do rio Jukskei no distrito de Alexandra, Joanesburgo, África do Sul. “Há um poder em rezar sozinho e se conectar com a natureza”, diz ele. Preocupado com a propagação do vírus na periferia densamente povoada onde mora, ele não se importa em não poder rezar com sua congregação na African Holy Ghost Zion Church. “É mais importante evitar propagar o corona”, diz ele. “Estou rezando pela cura.”
São 15h35 do dia 29 de abril de 2020 e Kim Bonsignore está sentindo uma intensa contração durante o trabalho de parto com o apoio de sua doula na cidade de Nova York. Sativa, de dois anos, corre para o pai, Al, e a avó, Louise, enquanto a mãe grita de dor.
As chamadas de vídeo pareciam uma solução elegante para o trabalho à distância, mas sobrecarregam a mente. Alguns chamam até de “fadiga de Zoom”. A explosão sem precedentes das chamadas de vídeo em resposta à pandemia lançou um experimento não-oficial em comunicações remotas.
As Três Graças (1812-1817) de Antonio Canovas se abraçam em uma rotunda vazia na Galleria d’Italia de Milão. Essa fotografia foi feita quando os museus italianos estavam fechados devido às medidas de bloqueio no fim de abril e início de maio deste ano.
Uma mulher sentada à sombra de um muro no pátio de um centro de acolhida islâmico em Amã, Jordânia, em 28 de abril de 2020, aguardando assistência prestada pela Unicef às comunidades vulneráveis afetadas pela pandemia do coronavírus. O fotógrafo Moises Saman escreve sobre sua experiência: “Quando o segundo mês do toque de recolher começou, os sons que se ouvia nos mercados e oficinas de rua praticamente sumiram, e com eles se foi o sustento da população mais vulnerável que depende do salário diário para alimentar suas famílias.”
Ao ver o quanto sua filha, Catalina, sentia falta dos amigos durante o isolamento, Alessandra Sanguinetti a levou para visitá-los em Santa Rosa, Califórnia. “Aqui, ela está violando as regras e tocando sua melhor amiga Avery com as pontas dos dedos”, diz Sanguinetti.
Vida em família durante a pandemia em Nesoddtangeen, Noruega, onde todas as creches estão fechadas durante o surto de coronavírus.
Um garoto da periferia de Joanesburgo, na África do Sul, encontra beleza nas flores em volta de uma cerca de arame farpado. “Natureza é um conceito complicado quando se trata de Joanesburgo”, diz o fotógrafo Lindokuhle Sobekwa, explicando que as pessoas que moram nas periferias muitas vezes não têm espaço suficiente para um jardim. “Durante a minha infância, sempre brotavam algumas flores perto de um depósito de lixo. Costumávamos colhê-las para brincar.”
Na manhã da formatura do ensino médio, Anaste Berry e sua irmã gêmea, Zakiria Berry, ambas com 18 anos, se arrumam em casa. Seu último ano na escola St. Francis High em Milwaukee, Wisconsin, terminou repentinamente no dia 13 de março de 2020. Naquela manhã, elas ficaram dormindo até tarde e faltaram nas aulas. Semanas depois perceberam que aquele tinha sido seu último dia do ensino médio. Na foto, Zakiria ajeita o chapéu de Anaste antes de saírem para a celebração. As gêmeas passaram a quarentena trabalhando no Walmart, assistindo Netflix e conversando com os amigos. Como moram com a avó, redobraram os cuidados para evitar riscos.
Uma manifestante sendo socorrida no estacionamento de uma loja de departamentos depois de ter sido atingida por uma bala de borracha na região do olhos durante as manifestações contra a morte de George Floyd em Mineápolis, Minnesota.
Maria Modlin, conhecida também como Yaya, de 55 anos, marcha com um grupo de manifestantes do Lincoln Memorial em direção ao parque Lafayette em Washington, D.C. “Estou muito feliz por estar viva neste momento e poder participar desse grande movimento. Nós somos o povo. Eles não são o povo. Agora é a nossa vez. É a nossa vez”, afirma sobre o movimento que surgiu após a morte de George Floyd.
Philomena Wankenge, membro do grupo Freedom Fighters DC, fala para uma multidão no Lincoln Memorial durante os protestos contra a brutalidade policial e a violência racial em Washington, D.C. “Não pedimos uma rua com nosso nome, o que pedimos é a redução dos recursos disponíveis para a polícia”, diz Wankenge. “Não subestime os jovens porque somos uma força a ser respeitada.”
