No rastro dos caçadores de onça

Com os investimentos chineses na Bolívia, as onças-pintadas estão ameaçadas pela crescente procura pelos seus dentes e crânio.

Por Rachael Bale
fotos de Christian Rodriguez
Publicado 28 de nov. de 2017, 16:10 BRST, Atualizado 5 de nov. de 2020, 03:22 BRT
equipe luta contra caça de onças-pintadas
O Parque Nacional Madidi, na Bolívia, tem uma população de centenas de onças. O diretor do parque Marcos Uzquiano – à esquerda, sem boné – e os guardas notaram um aumento no interesse de compradores chineses por dentes do felino.
Foto de Christian Rodriguez

Esta reportagem é da edição de Dezembro 2017 da revista National Geographic, publicada pela ContentStuff. Garanta já seu exemplar!

A chuva torrencial durante a noite havia transtornado as águas esverdeadas do Rio Quendeque, e as nuvens ameaçam se romper outra vez a qualquer momento. Ainda bem que temos um barco bom, dentro do qual eu acompanho a patrulha de guardas-florestais do Parque Nacional Madidi, na Bolívia, que está atrás de pistas para a solução de um problema cada vez pior na floresta.

O Madidi, um pouco menor que o estado de Sergipe, é um tesouro natural, abrigando mais de 11% das espécies de ave do planeta e 200 espécies de mamífero. O parque é um lugar mágico, mesmo na estação das chuvas, quando é fácil afundar até a cintura em lamaçais profundos e os insetos parecem decididos a nos devorar vivos. As araracangas fazem acrobacias no ar, enxames de mariposas verde-azuladas cobrem as poças de lama, e as árvores gigantes que se erguem majestosas são de tal modo viçosas que bloqueiam a luz do sol.

O tráfico não se restringe à Bolívia. Em uma vila perto de Iquitos, no Peru, moradores vendem a pele das onças. E contam que, uma vez por ano, alguém de uma empresa chinesa instalada ali perto vem comprar os caninos do animal.
Foto de Steve Winter

O parque também abriga uma população de onças-pintadas, o felídeo malhado que, aos poucos, foi perdendo os seus habitats na mata em função do avanço de pastagens e plantações, além de, muitas vezes, serem alvo de disparos por pessoas (ainda que os jaguares raramente ataquem os seres humanos) que acham que elas vão matar o seu gado (o que, de fato, fazem vez por outra). Agora, as onças se defrontam com uma nova ameaça: a caça clandestina.

Em nenhum outro local essa ameaça é mais evidente do que na Bolívia, onde os funcionários dos Correios já confiscaram centenas de dentes de onça-pintada que estavam sendo contrabandeadas para a China. Em dois processos distintos, chineses estão sendo julgados por acusações associadas ao tráfico. Nas pequenas cidades do norte boliviano, é comum ouvir nas rádios locais a voz de homens com sotaque chinês se oferecendo para comprar partes de onças-pintadas.

A caça às onças, assim como a compra, a venda e até mesmo a posse de partes do animal, é atividade ilegal na Bolívia. Igualmente ilegal é o comércio internacional de partes do felino. No entanto, na Bolívia, muitas vezes, é fácil para os contraventores escaparem sem punição. O controle por parte das autoridades é precário, e o preço alcançado pelos dentes é alto – chegando a 200 dólares por dente. “Para as pessoas, é uma forma de ganhar dinheiro”, comenta o biólogo Nuno Negrões Soares, de uma organização conservacionista boliviana. “Elas sabem que as consequências não vão ser muito graves.”

Confira a reportagem completa na edição de Dezembro de 2017 da revista National Geographic, publicada pela ContentStuff. Garanta já o seu exemplar!

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