Criados em laboratório, embriões de rinocerontes são esperança para a espécie à beira da extinção

Empresa italiana de biotecnologia criou embriões viáveis de rinocerontes através da fertilização in-vitro – mas alguns especialistas estão céticos sobre sua eficácia.

Publicado 12 de jul. de 2018, 11:09 BRT
Rinocerontes-brancos-do-norte estão quase extintos, mas cientistas criaram embrião híbrido para tentar salvá-los

Cientistas deram um grande passo para salvar os rinocerontes-brancos do norte por meio dos primeiros embriões de proveta do mundo.

Geneticistas criaram embriões viáveis utilizando fertilização in-vitro, ou FIV, a partir do esperma congelado de rinocerontes-brancos do norte e óvulos de uma subespécie, o rinoceronte-branco do sul. Esse avanço, anunciado em 4 de julho na revista Nature Communications, dá esperança ao futuro do mamífero mais ameaçado do mundo, dizem os especialistas.

Graças à caça desenfreada e à perda de seu habitat, o rinoceronte-branco do norte desapareceu das regiões sul e central da África. Conservacionistas fizeram inúmeras tentativas de reprodução em cativeiro, mas não obtiveram sucesso na maioria das vezes.

A subespécie foi declarada oficialmente extinta em março após a morte por velhice do último macho, chamado Sudan. Apenas outros dois permanecem vivos, e ambos são fêmeas inférteis vivendo em cativeiro. Quando Sudan morreu, a sobrevivência da espécie ficou dependente da capacidade dos humanos de criar rinocerontes através de meios não-naturais. (Conheça os heróis que protegem os últimos rinocerontes brancos.)

Nas últimas três décadas, cientistas coletaram esperma e óvulos de vários rinocerontes-brancos do norte, incluindo Sudan. No início de 2018, cientistas da AVANTEA, uma empresa italiana de biotecnologia especializada em fertilização de gado, usou o esperma de Sudan para fertilizar óvulos de rinocerontes-brancos do sul em cativeiro.

“Nossos resultados são sólidos, reprodutíveis e muito promissores,” disse Thomas Hildebrandt, chefe de gerenciamento de reprodução no Instituto Leibniz de Pesquisa em  Zoologia e Vida Selvagem, em Berlin.

Sudan, o último rinoceronte-branco do norte macho, morreu
O Sudan, o último macho branco de rinoceronte deixado no mundo, morreu. Ele foi sacrificado depois de sofrer uma infecção grave na perna, juntamente a uma doença relacionada à idade, desde o ano passado. Sua morte deixa a subespécie com apenas dois indivíduos remanescentes, e criticamente mais perto da extinção. Duas fêmeas idosas, Fatu e Najin, permanecem na tutela protegida de Ol Pejeta, no Quênia. Os números de rinocerontes têm diminuído por décadas devido à perda de habitat e à caça furtiva.

Hildebrandt disse que os embriões “tem grandes chances de progredir para uma gravidez uma vez implantados em uma fêmea,” que seria de rinoceronte-branco do sul criada em cativeiro. Essa subespécie é considerada ameaçada pela União Internacional para Conservação da Natureza.

Os embriões permanecerão congelados criogenicamente até que Hildebrant e seus colegas descubram como implantá-los corretamente.

Podemos produzir um puro-sangue?

Hildebrandt também acha que essa técnica pode ser usada para criar um rinoceronte-branco do norte geneticamente puro, sem o DNA do rinoceronte-branco do sul.

“Estamos nos preparando para ir ao Quênia coletar ovócitos das duas últimas fêmeas para tentar produzir um rinoceronte-branco do norte puro,” disse Hildebrandt.

Embora haja a possibilidade de criar alguns rinocerontes-brancos do norte puros usando essa técnica, criar uma população autossustentável seria difícil, especialistas alertam.

O número existente de rinocerontes-brancos do norte e a quantidade limitada de material genético disponível para os cientistas “provavelmente não seja suficiente para manter uma diversidade genética,” avisa Nucharin Songsasen, pesquisadora bióloga no Centro de Sobrevivência de Espécies do Instituto Smithsonian de Biologia da Conservação.

Songasen, que não está envolvida no estudo, disse estar animada pois biólogos da conservação, como ela, agora tem “uma nova ferramenta para salvar espécies em extinção.”

Entretanto, isso não significa que a tecnologia possa trazer de volta espécies tão próximas a extinção, ela diz. Em populações tão pequenas, cruzamentos consanguíneos são inevitáveis, o que a longo prazo causaria o desaparecimento da subespécie.

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