5 novas espécies de salamandras gigantes identificadas, e todas estão em perigo

Novo estudo mostra que há mais espécies de salamandras gigantes chinesas do que se pensava, mas a maioria delas pode ser extinta num futuro próximo.

Publicado 4 de jun. de 2018, 13:46 BRT, Atualizado 4 de jun. de 2018, 18:22 BRT
Identificadas 5 novas espécies de salamandras gigantes – todas em risco de extinção

A salamandra gigante chinesa não pode ser definida como “bonitinha”. Com quase um metro e oitenta centímetros de comprimento e pesando cerca de 65 quilos, essas criaturas flácidas são os maiores anfíbios do mundo. Seus olhos redondos e sem pálpebras espreitam de amplas e achatadas cabeças com focinhos obtusos, e seus corpos com cor de lama têm membros curtos e longas caudas. A pele viscosa da espécie também não é agradável para acariciar.

Com essas características, os anfíbios com certeza não são tão carismáticos quanto os pandas e outros mamíferos fofos, mas são tão cruciais para um ecossistema saudável como eles. Em dois estudos publicados recentemente, cientistas descobriram que, em vez de uma espécie – como se pensava anteriormente –, existem cerca de meia dúzia de espécies de salamandra gigante chinesa.

“Não ficamos surpresos ao encontrar duas ou três [espécies],” diz Bob Murphy, curador sênior de herpetologia do Centro de Biodiversidade e Conservação Biológica do Museu Royal de Ontário, e autor correspondente em um dos artigos. “[Mas] ficamos surpresos com tamanha diversidade que encontramos. Pelo menos cinco, e podem ser até oito espécies. Foi um grande choque”.

No entanto, os humanos já podem ter levado algumas dessas espécies à extinção. Em seu habitat endêmico de riachos de montanhas rochosas e lagos na China, as salamandras criticamente em perigo estão ameaçadas pela caça ilegal e por intervenção humana.

“A questão maior, eu acho, é tentar mudar ideias de que a conservação precisa acontecer para esses animais icônicos,” diz Murphy.

As salamandras gigantes chinesas são raras na natureza, mas são criadas em fazendas para serem vendidas como comida de luxo. Uma salamandra de 2 quilos pode custar até US$1,5 mil em alguns mercados e são preparadas em sopas, ensopados e outros pratos.

Tradicionalmente, o Ministério da Agricultura da China pediu aos agricultores que libertem uma parte de suas salamandras na natureza em uma tentativa de conservação. Na última década mais de 72 mil foram soltas.

Mas essa técnica de conservação é falha, dizem os especialistas. Quando os agricultores soltam salamandras criadas em cativeiro, os animais não são geneticamente rastreados ou examinados para detectar doenças. Eles podem se reproduzir com outras salamandras na natureza e a prole resultante pode ter muita variação genética. Essa diversidade pode ser prejudicial para a espécie.

“O sistema começa a falhar e, em seguida, temos taxas de desenvolvimento mais baixas e um monte de salamandras deficientes que podem resultar em uma perda da população,” diz Murphy. “Se juntarmos tudo isso, as salamandras estarão perdidas.”

Os estudos que estimularam essa revelação começaram há mais de duas décadas com financiamento da National Geographic Society. Eles fracassaram, mas foram reativados em 2007, quando os pesquisadores voltaram com novas tecnologias, diz Murphy. Armados com ferramentas mais avançadas para análise genética, eles descobriram que havia pelo menos cinco espécies de salamandra gigante chinesa, mas podem ser até oito.

“Em 1992, as coisas eram muito diferentes na China, então era difícil entrar em campo sem permissões,” diz Murphy. “Não tínhamos muitas amostras e as técnicas genéticas, pelos padrões de hoje, eram bem primitivas.”

Adiante

Murphy diz que, se essa técnica de conservação de liberar salamandras não rastreadas na natureza continuar, a diversidade pode se transformar em uma única espécie de salamandra chinesa gigante dentro de 10 a 20 anos.

“Essas salamandras são monstruosas”, diz ele. “Um animal tão grande desempenha um papel importante nos ecossistemas e não sabemos o que afetará se ele for removido”.

Murphy diz que a conservação pode começar com a educação de crianças em idade escolar sobre a importância de salvar espécies como a salamandra gigante chinesa. É difícil mudar a mentalidade dos adultos, ele acrescenta, mas ensinar às crianças a importância da conservação desde cedo pode ter impactos duradouros.

“Não são tão fofos [como os pandas]”, Murphy diz, “mas precisam de muita proteção para impedir a caça ilegal”.

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