Fiéis voltam às ruas de Belém para o Círio de Nazaré

Reportagem acompanhou as homenagens a N. Sra. na capital do Pará. Apesar da programação oficial reduzida devido à pandemia, centenas de milhares de devotos retornaram às ruas em 2021.

Por Ana Mendes
Publicado 12 de out. de 2021, 11:13 BRT, Atualizado 13 de out. de 2021, 15:06 BRT
Fiéis voltam às ruas de Belém para o Círio de Nazaré

De Belém, Pará | Mesmo com restrições impostas pela pandemia, as ruas de Belém, no Pará, lotaram no último final de semana (8, 9 e 10/10). Os fiéis de Nossa Senhora de Nazaré saíram em massa para homenagear a santa e cumprir os rituais de devoção que acontecem durante todo outubro. “Desde que começou essa pandemia não foi fácil para ninguém”, conta a devota Brenda Vitória de Oliveira Carvalho. “Então eu decidi vir de joelhos porque eu sou muito grata a Deus por tudo.”

Assim como Brenda, várias pessoas caminham anualmente cerca de quatro quilômetros, entre a Basílica e a Igreja da Sé, agradecendo à santa e pagando promessas. Normalmente a imagem peregrina acompanha os devotos, mas, pelo segundo ano consecutivo, ela não saiu às ruas em procissão. Os fiéis sim – a Cruz Vermelha estima que 500 mil pessoas estiveram no centro de Belém em 10 de outubro. Número cinco vezes maior que o ano passado.

“Vai Luan, não desiste, falta pouco”, gritam os amigos de Luan Henrique Bastos de Carvalho, que prometeu à santa ir de joelhos da Basílica até o mercado Ver-o-Peso. A dor de Luan durante o trajeto é visível. Aos gritos de incentivo dos amigos, Luan acena negativamente com a cabeça enquanto um bombeiro lhe auxilia, carregando o fiel pelo braço. “Quem não tem pecado que atire a primeira pedra. Nós somos pecadores, o que importa é a sua fé”, afirma Gustavo, morador do mercado que explica o simbolismo da cor branca, roupa de quase todos que estão pelas ruas na data. “A imagem [da santa] foi encontrada em uma Samaumeira rodeada por lírios.” A escultura de Nossa Senhora de Nazaré foi encontrada em um igarapé no final do século 18. A procissão, uma das maiores do mundo, acontece desde então.

O Círio é o Natal dos paraenses. Diversas festas acorrem ao mesmo tempo – celebrações sagradas e profanas que festejam a santa. “Estranho, eu sei, juntar o santo e o pecador num mesmo céu, puro e profano, dor e riso, livre e réu”, canta Fafá de Belém, interpretando uma das músicas símbolo da festa, escrita pelo padre Fábio de Melo.

Mas é que Nazinha, um dos nomes da mãe de Jesus, é também “mãe de todos; não é só do católico, do espirita, do umbandista; eu conheço evangélicos que tem fé nela”, conta Ya Gedeunsú, mãe do Terreiro T.E.U.C.Y, que todos os anos presta homenagens à santa tocando tambores às margens da BR-316, em Ananindeua, onde Nossa Senhora de Nazaré passa em romaria rodoviária entre as cidades de Marituba e Belém.

Este ano, a santa realmente não transitou como de costume. A imagem fez apenas um translado rápido de quatro horas pelas ruas e sobrevoou os céus de helicóptero. Nada comparável às 12 procissões da qual ela participa tradicionalmente e do domingo de Círio, onde ela é puxada por cordas e romeiros pelas principais ruas de Belém.

“O que fica perpetuando sobre Maria é o que realmente vale a pena”, diz Ya Gedeunsú, “ela é um caminho de amor.”

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