Conheça os bichos reais do filme “Mogli: O Menino Lobo”

Ao menos um animal retratado na adorada produção da Disney está extinto. Conheça mais curiosidades sobre os amigos e vilões da selva de Mogli.

Por Rachel Nuwer
Publicado 27 de set. de 2020, 08:00 BRT, Atualizado 5 de nov. de 2020, 01:56 BRT
No longa-metragem animado da Disney de 1967, o urso Balu adorava frutas, mel e formigas.

No longa-metragem animado da Disney de 1967, o urso Balu adorava frutas, mel e formigas.

Foto de AF Archvie, Alamy

O Disney+ estreia no Brasil em 17 de novembro e traz até você Disney, Pixar, Marvel, Star Wars e National Geographic, tudo em um só lugar.

 

A história de Mogli, um menino que vivia entre animais em uma floresta na Índia, continua tão cativante e interessante quanto na época em que foi incluída por Rudyard Kipling na obra O Livro da Selva, uma série de fábulas curtas publicadas em 1894. As aventuras de Mogli foram recontadas inúmeras vezes em filmes de animação, programas de televisão, peças de teatro e em um filme parcialmente live-action da Disney.

O conto universal que fala de amizade, sensação de pertencimento e comunidade foi eternizado, ao contrário da situação dos animais retratados por Kipling. O autor já estava preocupado com o impacto humano sobre a natureza, mesmo tendo escrito o livro no século passado, e muitos dos animais retratados por ele agora estão ameaçados de extinção. Leia a seguir sobre as versões reais da turma de Mogli: O Menino Lobo.

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    Panteras-negras são variações escuras de leopardos com manchas.

    Foto de Michael Nichols, Nat Geo Image Collection

    Baguera

    Panteras-negras como Baguera não são uma espécie específica, simplesmente apresentam variações de cor de leopardos encontrados na Ásia e na África e das onças-pintadas encontradas na América do Sul. Kipling reconhece isso ao descrever Baguera como “negro feito nanquim e com suas pintas de pantera visíveis apenas quando a luz batia de um jeito especial em seu pelo, que parecia seda molhada”.

    Leopardos têm a maior área de distribuição de qualquer felino selvagem do mundo, mas também são os mais perseguidos. É provável que o motivo disso seja a capacidade de adaptação dos leopardos à vida em habitats bem diferentes do ideal, como perto de cidades, onde há maior chance de contato com pessoas. Também são caçados para serem exportados para uso na medicina tradicional chinesa.

    “Há um número cada vez maior de leopardos mortos e mantidos em cativeiro — a tal ponto de se tornar um problema,” afirma Alan Rabinowitz, Presidente da Panthera, organização global de conservação de felinos selvagens.

    Ele e outros especialistas monitoram as populações de leopardos para verificar se é necessário alterar o status de conservação do felino definido pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) de “quase ameaçado” para “vulnerável”.

    Balu pode ter sido inspirado em ursos-beiçudos, como este animal resgatado.

    Foto de <p> Neha Vasant Diddee, Nat Geo Image Collection</p> <p>&nbsp;</p>

    Balu

    A verdadeira identidade do “urso marrom sonolento” de Kipling é de certa forma um mistério: a descrição física de Balu no livro sugere que ele seja um urso-beiçudo, mas sua dieta de nozes e mel não condiz com a predileção dessa espécie por insetos. O nome Balu, que significa simplesmente “urso” em hindustâni, não fornece pistas adicionais.

    “A questão é que O Livro da Selva é uma obra de ficção e todos os personagens de Kipling são uma mistura de criaturas imaginárias e animais reais, por isso é impossível identificar a espécie ao certo”, afirma Kaori Nagai, pesquisadora das obras de Kipling da Universidade de Kent. Kipling estudou documentos de naturalistas do século 19 ao criar a obra e uma de suas fontes foi um texto de história natural de 1884 que relata que o urso-beiçudo comum indiano é “essencialmente vegetariano”. Como ursos-beiçudos costumam dormir bastante durante o dia e podem ser encontrados em toda a Índia, a maioria dos especialistas concorda que Balu provavelmente se encaixa nessa definição. E a animação da Disney de 1967 mostra Balu ensinando Mogli a comer formigas.

    Ursos-beiçudos, encontrados apenas no Paquistão, no Sri Lanka e na Índia, atualmente estão classificados como “vulneráveis” pela UICN, mas “possuem uma ampla área de distribuição e estão seguros na Índia em termos de conservação, embora estejam sofrendo certa pressão devido ao comércio de suas vesículas biliares”, afirma Ullas Karanth, diretor do programa da Índia da ONG Wildlife Conservation Society. As populações de ursos também são abundantes em várias reservas na Índia, acrescenta ele, “onde estão bastante acostumados a se alimentar de cupins — além de serem grandes apreciadores de mel.”

    Os tigres-de-bengala atualmente são a espécie mais em risco dos animais retratados no conto de Kipling.

    Foto de Steve Winter, Nat Geo Image Collection

    Shere Khan

    O inimigo da selva de Mogli, o tigre-de-bengala Shere Khan, é o mais ameaçado entre os personagens de Kipling. Segundo novas estimativas, restam cerca de 3,9 mil tigres na natureza em todo o mundo — dos quais aproximadamente metade vive na Índia. É um aumento significativo em relação a 2010, quando se estimava existirem 3,2 mil tigres. Mas nem todos estão convencidos de que o aumento represente de fato uma recuperação dos grandes felinos, pois novos dados publicados pela UICN revelam uma redução de 40% na área de ocorrência mundial de tigres em relação a 2010.

    “Muitos comemoraram esse aumento populacional como um enorme sucesso na conservação de tigres”, conta Rabinowitz. “Na realidade, a contagem da população de tigres é que foi um sucesso.” Ele atribui o aparente aumento populacional a melhores estratégias e tecnologias de recenseamento.

    Na Índia, país que mais investe em estimativas populacionais e proteção de tigres, a notícia tem um lado positivo e outro negativo. Há uma contínua redução no habitat dos tigres em diversas regiões devido à urbanização e à caça ilegal desenfreada em certos locais. Mas parte dos grandes felinos circula por reservas rigorosamente protegidas e as populações de outras regiões estão atualmente estáveis ou em crescimento. Rabinowitz afirma que, em geral, “a Índia está no rumo certo, sendo o país que mais contribui para a conservação de tigres selvagens.”

    Os lobos atualmente estão prosperando na Índia.

    Foto de Joël Sartore, Photoark, Nat Geo Image Collection

    Akela e Raksha

    Os pais caninos adotivos de Mogli são lobos indianos, ou seja, são simplesmente lobos que vive na Índia. “O lobo, da espécie Canis lupus, é circumpolar, portanto está distribuído por todo o mundo”, afirma David Mech, pesquisador e cientista sênior do Serviço Geológico dos Estados Unidos. “O lobo da Índia é a mesma espécie de Minnesota, Canadá ou de qualquer outro local.”

    Classificados como espécie “menos preocupante” pela UICN, os lobos estão em situação confortável na Índia, onde vivem distribuídos por áreas mais rurais do país. O que certamente não fazem, entretanto, é criar bebês humanos. “Não há evidência de que nenhuma criança já tenha sido alguma vez criada por lobos”, afirma Mech.

    A píton-indiana não peçonhenta está ameaçada devido à destruição de seu habitat e ao comércio de animais de estimação.

    Foto de Michael & Patricia Fogden, Minden

    Kaa

    A eloquente Kaa é uma píton-indiana, uma serpente não peçonhenta que pode ter até 6,4 metros de comprimento. Atropelamentos por carros representam a maior ameaça às pítons-indianas, seguidos pela destruição de habitats e abates propositais por moradores.

    “As pessoas matam pítons por medo porque as confundem com cobras peçonhentas”, explica M. Bubesh Guptha, biólogo de animais silvestres da Floresta Pitchandikulam, no sul da Índia. As cobras também estão sempre em alta demanda no comércio internacional de animais de estimação. Por ora, as pítons-indianas estão listadas como “quase ameaçadas” e a Índia implantou programas de reprodução em cativeiro e centros de reabilitação para essas cobras, além de proibir seu comércio.

    Este modelo de museu mostra o possível aspecto do primata Gigantopithecus.

    Foto de Zuma, Alamy

    Rei Louie

    O Rei Louie sempre foi uma incógnita cinematográfica. O personagem não estava no livro de Kipling, mas a inclusão de um orangotango rei do iê iê iê, que se balança pelos cipós no longa-metragem animado da Disney de 1967, foi um sucesso instantâneo. Mas havia uma incoerência: orangotangos não vivem na Índia. Os grandes símios ameaçados de extinção são encontrados apenas nas florestas tropicais de Bornéu e Sumatra e estão em declínio.

    Em vez de perpetuar uma falácia geográfica, a equipe responsável pelo novo filme da Disney optou por uma solução criativa: uma que lhes permitiria ter seu rei símio em uma localização também correta. O atual Rei Louie é um Gigantopithecus, gênero de primatas enormes que já viveu em florestas no sul da China, sudeste da Ásia e Índia.

    Especialistas sabem pouco sobre o aspecto real dessas criaturas porque encontraram apenas ossos da mandíbula e o esmalte de coroas dentárias. Por ora, tudo o que se sabe ao certo é que o Gigantopithecus se encaixa dentro da árvore genealógica dos símios asiáticos e que provavelmente era muito semelhante a um orangotango moderno — embora em uma versão de 2,7 metros de altura.

    A datação do último espécime fóssil encontrado de Gigantopithecus indica uma idade de cerca de 400 mil anos, embora Russell L. Ciochon, paleoantropólogo da Universidade de Iowa, esteja atualmente investigando cavernas em busca de evidências de uma população mais recente. Apesar da incompatibilidade temporal, Ciochon aprova a inclusão do Gigantopithecus no novo filme.

    “Estudo o Giganto há muito tempo e agora descobri que é um astro do cinema”, brinca ele. “Com exceção dos dinossauros, não é todo dia que se vê criaturas extintas no cinema.”

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